Após ser acusado de interceptar ligações ilegalmente e desviar dinheiro público, o ex-prefeito de Vila Velha Rodney Miranda (Republicanos), atual secretário da Segurança Pública de Goiás, deve deixar o cargo. As acusações foram feitas por Jorge Caiado, primo do governador do Estado, Ronaldo Caiado (DEM), em um áudio que foi vazado.
De acordo com informações apuradas pelo jornal O Popular, de Goiás, Rodney Miranda nega as acusações. Apesar de a saída não ter sido oficializada, o secretário chegou a realizar uma reunião com a equipe para comunicar a mudança, de acordo com a publicação.
Miranda é uma figura conhecida na política capixaba. Além de dirigir a Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo, durante o governo de Paulo Hartung, já ocupou os cargos de deputado estadual, entre 2011 e 2012 e prefeito de Vila Velha, entre 2013 e 2016. Ele assumiu a segurança pública de Goiás em 2018.
O áudio, vazado na última quinta-feira (4), foi enviado por Jorge Caiado diretamente para Rodney Miranda. Nele, o primo do governador acusa Miranda de grampear telefone de aliados do governo e "pegar R$ 1 milhão" do Corpo de Bombeiros. "Você está querendo explodir o governo do Ronaldo Caiado. Eu não admito. Eu não aceito", diz Jorge na mensagem.
A Polícia Civil de Goiás instaurou dois inquéritos para apurar as acusações. Em entrevista a jornais locais, Rodney negou as acusações e chegou a dizer que não deixaria o cargo, mas, embora a saída ainda não tenha sido oficializada, o secretário se reuniu com a cúpula da secretaria para comunicar a saída, após se reunir com o governador Ronaldo Caiado. Nos bastidores, fontes ouvidas pelo jornal O Popular afirmaram que a decisão da troca é do governador.
Em 2005, Rodney Miranda esteve no centro de outra denúncia de grampo, na ocasião envolvendo a Rede Gazeta. A empresa denunciou, no início de dezembro, que uma das linhas de sua central telefônica, utilizada, inclusive, por jornalistas para entrevistar suas fontes, estava grampeada. Entre março e abril de 2005, todas as conversas mantidas por meio dessa linha foram gravadas, transcritas e anexadas ao processo que apurava as circunstâncias da morte do juiz Alexandre Martins, que havia sido assassinado dois anos antes.
Na época, a Rede Gazeta procurou Rodney Miranda para pedir explicações, e ele informou que todas as escutas telefônicas no Espírito Santo eram feitas com autorização da Justiça. Disse ainda que a linha telefônica da empresa havia entrado no pedido à Justiça por engano, pois teria sido confundida com o número de outro estabelecimento, cujo proprietário era suspeito de envolvimento no crime. Dias depois, Rodney pediu demissão da secretaria.
A reportagem tentou contato com o secretário, mas, até o momento da publicação, não houve retorno. Assim que Rodney Miranda se manifestar, a matéria será atualizada.
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