Desde a volta do deputado estadual Bruno Lamas (PSB) para a Assembleia Legislativa, em abril, após passar 14 meses como secretário do governo do Espírito Santo, o novo líder do governador Renato Casagrande (PSB) na Casa ainda não foi anunciado. Interinamente, coube ao vice-líder, Dary Pagung (PSB), assumir a função durante a pandemia do novo coronavírus. Até então, o líder era Eustáquio de Freitas (PSB). Suplente, ele teve que deixar a cadeira para dar lugar a Lamas, o titular da vaga.
Casagrande já foi, inclusive, cobrado publicamente pelo deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD) que se diz independente, mas voltou a defender o governo estadual nas sessões da Casa , no dia 17 de junho, para nomear o novo ocupante do posto ou "efetivar" Pagung nesse papel.
Enivaldo, inclusive, era líder do governo em 2019 e foi destituído do cargo no final de novembro, após a polêmica eleição da Mesa Diretora da Assembleia, que reelegeu, com mais de um ano de antecipação, Erick Musso (Republicanos) para a presidência da Casa. No episódio, a informação nos bastidores era de que faltou empenho por parte de Enivaldo para contornar a votação surpresa no Legislativo. Dias depois, após ações judiciais, o próprio Musso recuou e anulou a eleição.
Com Dary no cargo, apesar de sofrer nas sessões com enfrentamentos mais duros por parte de opositores, Casagrande não teve derrotas em votações. Todos os projetos de autoria do governo encaminhados para a Casa foram aprovados. A tarefa do líder interino, no entanto, não tem sido árdua.
Das 17 propostas apresentadas no período, nove estão relacionadas à assistência para a população durante a pandemia, como crédito para microempreendedores e autorização para usar recursos do Fundo Cidades para pagar custeio durante o período de calamidade. A aprovação desse tipo de projeto também é de interesse dos parlamentares.
Os outros projetos são, na maioria, doações de terreno para municípios, algo que dificilmente, também é reprovado pelo plenário.
Natural de Baixo Guandu, o "jeito humilde" de Pagung, como disse um parlamentar da base, tem sido crucial para costurar acordos com opositores do governo.
"Estou tentando fazer da melhor forma possível o meu papel durante a pandemia. Enquanto o governador não indica o nome, eu cumpro o meu papel e fico à disposição dele. Se ele quiser me escolher ou nomear uma nova pessoa, não terei problema nenhum com isso. É prerrogativa dele definir", afirma Dary.
Por enquanto, de acordo com parlamentares, a nomeação do novo líder está longe de ser algo com que o governo se preocupe. Com as sessões virtuais, deputados contam que o trabalho do líder também fica menos complexo. Como as falas dos deputados são feitas de maneira mais controlada, fica mais fácil conter as críticas a Casagrande.
Já em plenário, com os microfones que ficavam abertos para intervenções dos parlamentares a qualquer momento, o líder do governo é mais importante para agir como "bombeiro" contra discursos mais inflamados ou cobranças por parte de outros deputados.
Logo após a saída de Freitas da Assembleia, que em sequência assumiu um cargo de assessor especial na Casa Civil, o nome do deputado estadual Marcelo Santos (Podemos) também passou a ser ventilado para assumir o posto. Ex-líder de governo de Paulo Hartung (sem partido), antecessor de Casagrande, Marcelo também tem se aproximado do atual governador.
Além dele, Casagrande tem sido encorajado por seus aliados a nomear uma mulher para ser líder na Assembleia. O assunto chegou a ser levado ao gabinete dele. Hoje, entre os 30 parlamentares, três são mulheres: as deputadas estaduais Raquel Lessa (Pros), Iriny Lopes (PT) e Janete de Sá (PMN).
A reportagem procurou o governo estadual para falar sobre a vacância da função de líder, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Em abril, interlocutores do Palácio Anchieta afirmaram que a decisão só seria tomada por Casagrande após o período de combate ao coronavírus. Sem vacina ou remédio comprovado cientificamente para prevenção da doença, não há um prazo para o fim deste trabalho.
O líder do governo representa o Executivo na Casa e nas votações. De acordo com o regimento interno, a cada seis meses, o governador deve encaminhar um comunicado para o Legislativo revalidando a indicação ou indicando novo líder.
O deputado na função pode fazer uso da palavra em defesa da respectiva linha política, no período do Grande Expediente (final da sessão destinada a discursos); participar dos trabalhos de qualquer comissão de que não seja membro, sem direito a voto, mas podendo encaminhar ou requerer a verificação de votação; e encaminhar a votação de qualquer proposição sujeita à deliberação do plenário.
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