A reta final da etapa de filiações e trocas de partidos para aqueles que vão disputar as eleições municipais de 2020 fez surgir novas caras entre os pré-candidatos a prefeitos das cidades que compõem a Grande Vitória. No início deste mês, no dia 4, encerrou-se o prazo para que os políticos que querem participar do pleito se filiassem às legendas que querem ter nas urnas.
E como já ocorreu em outros anos, nesses últimos dias apareceram novos nomes, enquanto outros, que já eram dados como certos pelos partidos, desistiram ou acabaram rifados. Capitão Assumção saiu do outrora bolsonarista PSL e foi para o Patriota. Alexandre Xambinho, ex-integrante da Rede de Audifax, está no PL de Magno Malta. E esses são apenas alguns exemplos que mexem com o tabuleiro de Vitória e Serra, respectivamente.
Embora a definição segura seja somente aquela feita no período das convenções partidárias, previstas para julho, os movimentos desta época do ano já podem indicar o caminho por onde cada sigla deve seguir, afirmam os políticos.
Uma sigla que sofreu várias mudanças de planos foi o PSL, com a recente alteração no diretório, com a saída de Carlos Manato e a entrada de Alexandre Quintino na presidência. Isso fez com que algumas candidaturas até então cotadas mudassem.
Em Vila Velha, onde o PSL falava em uma candidatura do deputado Danilo Bahiense, houve mudanças. Como o deputado tem manifestado interesse em sair da sigla, por conta da nova direção, o partido agora trabalha com o nome de Amarildo Lovato, que já foi seu presidente.
Em Vitória, cogitava-se o nome de Capitão Assumção, que migrou para o Patriota e pode disputar por esse partido. Até então o Patriota falava em lançar o ex-juiz e advogado aposentado Doutor Pinheiro, que, insatisfeito com a repentina substituição, inclusive saiu do partido.
Na Capital, um dos planos do PSL agora é compor a chapa de vice de Fabrício Gandini (Cidadania), com Nathan Medeiros.
Para Cariacica, Subtenente Assis deixou o PSL, e no lugar dele entra o do vereador Joel da Costa como pré-candidato a prefeito. "Esta é uma candidatura certa. Nos demais municípios, a preocupação é em fortalecer a majoritária, trabalhando, talvez, com um nome de vice, quando não for possível um de prefeito. Vamos verificar quem vai ter densidade política. Já na Serra, como houve um desmonte total do partido, priorizamos montar uma chapa para vereador", relatou Quintino.
Agora, o Subtenente Assis é pré-candidato em Cariacica por uma nova sigla, o PRTB.
Em Vitória, partidos grandes e que tradicionalmente disputam, como o MDB e o PSDB, ainda não fecharam um pré-candidato e, por enquanto, estão com a situação encaminhada somente em Vila Velha. O MDB trabalhava com a ideia de uma chapa com o ex-secretário de Estado de Segurança Pública André Garcia (MDB) para Vitória, mas a possibilidade deixou de existir, já que ele manteve o título em Vila Velha. No município canela-verde, há o nome do deputado Hércules Silveira (MDB).
A condução desse processo de candidaturas da sigla também está enfrentando a dificuldade de não haver um diretório estadual, já que o partido está sob intervenção da Executiva nacional. Hoje, o responsável pelo MDB do Espírito Santo é o prefeito de Duque de Caxias (RJ), Washington Reis, que está em recuperação após ter sido infectado pelo novo coronavírus.
Segundo a ex-deputada Luzia Toledo, a pandemia também atrasou um pouco este trabalho, já que está difícil realizar reuniões com outros partidos, ou com os filiados. Por enquanto, o MDB tem tentado viabilizar as candidaturas próprias e ainda considera cedo para alianças. "Temos a candidatura do Hércules consolidada, e vamos mapeando município por município, para ver as possibilidades que temos. Por enquanto, não temos visto grandes movimentos", explicou.
No caso do PSDB, para Vila Velha há o projeto da reeleição do atual prefeito Max Filho (PSDB) e de Vandinho Leite (PSDB), na Serra. Para a Capital a situação ficou em aberto. Isso porque um dos cenários vislumbrados era o de filiar o deputado estadual Lorenzo Pazolini, que acabou decidindo pelo Republicanos.
Agora, a vereadora Neuzinha de Oliveira (PSDB) colocou o nome à disposição, e há o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas, que voltou à sigla, embora a princípio não possa se candidatar por possuir uma condenação colegiada.
A decisão deve ficar para os próximos meses, segundo tucanos ouvidos pela reportagem. Ela vai levar em conta também os resultados de uma pesquisa do PSDB nacional, que vai testar a aceitação de nomes nos municípios. O que a maioria concorda é que os partidos devem lançar um ou no máximo dois candidatos nesses municípios de maior porte (acima de 200 mil eleitores), que têm 2º turno.
No cenário dos municípios da Grande Vitória, várias candidaturas de um mesmo partido dificultam o firmamento de alianças em cada município, pois essas, em geral, requerem contrapartidas em outros municípios. Um partido apoia um candidato do outro na cidade A, contanto que o outro apoie o seu na cidade B.
Após o prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), ter buscado durante meses fechar algum acordo com um possível sucessor, nos últimos dias da "janela partidária" o partido filiou o vereador Fábio Duarte, que afirma ter recebido o convite para candidatura ao Executivo.
"O convite para ser pré-candidato foi uma honra. Fui expulso do PDT, onde iniciei minha carreira política, e estive junto com o prefeito nos últimos anos. O melhor projeto é que ele tenha uma candidatura própria", comentou o parlamentar.
Entra Fábio Duarte, e sai o deputado Alexandre Xambinho, que se filiou ao PL do ex-senador Magno Malta e também é pré-candidato. A Rede também passou a trabalhar um nome para a cidade canela-verde, que agora conta com o empresário Rafael Primo como pré-candidato.
Até então, os movimentos na Serra indicavam para um apoio de Audifax a candidatura do deputado federal Amaro Neto (Republicanos), inclusive tendo sido um dos apoiadores à mudança do domicílio eleitoral do deputado para o município. A reportagem não conseguiu contato com o prefeito.
Esta chegada de Amaro Neto ao tabuleiro da Serra pode impactar a pré-candidatura de Hudson Leal, em Vila Velha, pelo mesmo motivo já citado acima, da dificuldade de um partido conseguir manter mais de duas campanhas à prefeituras da Grande Vitória. A sigla terá que conciliar a de Amaro Neto (Serra), Lorenzo Pazolini (Vitória) e Leal (Vila Velha).
Do outro lado do tabuleiro, o deputado federal e presidente do PDT, Sergio Vidigal, que também pode ser candidato, afirma que ainda há pouca coisa fechada na Grande Vitória, e que a dificuldade para realizar reuniões tem engessado as tratativas.
"Temos praticamente um mês sem conversas entre os partidos de forma oficial. Tínhamos uma convenção estadual para 4 de abril, que acabou adiada. Será definido mais adiante. Muitos colocam nomes, mas depois isso não se mantém", avaliou.
Segundo ele, em Vitória o partido ainda não tem uma proposta construída, apesar da orientação nacional de ter candidatura nas cidades que têm propaganda na TV.
Em Vila Velha, há o nome do jornalista Ferreira Neto. Em Cariacica havia Marcelo Santos, embora ele tenha entrado com ação na Justiça Eleitoral para conseguir sua desfiliação do PDT. "Não teríamos problema nenhum em ter o Marcelo como candidato do PDT, mas vamos respeitar a decisão da municipal", complementou.
O PDT filiou o atual vice-prefeito, Nilton Basílio, que saiu do PSDB e também é tido como uma das opções viáveis internamente.
Como a reportagem de A Gazeta mostrou, Marcelo Santos já está filiado ao Podemos, apesar de não ter havido ainda o julgamento da ação de desfiliação no Tribunal Regional Eleitoral.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta