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Promoção de servidores do Judiciário do ES vai ficar mais difícil

Promoção de servidores do Judiciário do ES vai ficar mais difícil

Alterações, recomendadas pelo CNJ, devem resultar em economia de R$ 19 milhões somente em 2020 ao TJES

Publicado em 30 de abril de 2020 às 16:40

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Em mais uma sessão virtual, a Assembleia Legislativa do Espírito Santo aprovou o projeto de lei que altera o plano de cargos e salários dos servidores do Poder Judiciário. A proposta foi aprovada na tarde desta quinta-feira (30) com 23 votos a favor, 5 contra e uma ausência.

Sessão virtual da Assembleia Legislativa do Espírito Santo em meio à pandemia de coronavírus
Sessão virtual da Assembleia Legislativa do Espírito Santo nesta quinta-feira (30), em meio à pandemia de coronavírus. (Reprodução)

Entre os principais pontos do projeto, que foi apresentado pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), está a alteração do tempo para a promoção de servidores, que passa a acontecer de 4 em 4 anos e não mais de 2 em 2 anos. Além disso, o servidor habilitado só terá efetivamente progressão na carreira, que ocorre em 1º de julho, caso o Estado esteja em crescimento econômico capaz de absorver o impacto na folha.

Com isso, os servidores vão demorar mais tempo para serem promovidos e o avanço na carreira fica brecado em ano de estagnação econômica.

A proposta foi encaminhada pelo TJES após provocação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Falta a sanção do governador Renato Casagrande (PSB) para passar a valer.

Com as alterações, a redução dos gastos com pessoal é estimada em R$ 19 milhões em 2020, R$ 47,5 milhões em 2021, e R$ 21,5 milhões em 2022. Segundo o Tribunal, o crescimento vegetativo da folha de pagamento está em desconformidade com a realidade fiscal do Estado.

Além das promoções, a folha de pagamento aumenta ano após ano por conta dos benefícios dados a todos os servidores estaduais, como a recomposição da inflação, adicional por tempo de serviço e adicional de assiduidade. Parte dos servidores progride no ano ímpar e parte no ano par.

A revisão do plano de cargos e salários foi uma recomendação da Corregedoria do CNJ, após ter realizado uma inspeção no Estado em 2019. O Conselho avaliou que a lei vigente atualmente prevê um crescimento real de 11% dos salários a cada 2 anos, o que paralisa tanto a injeção de novos recursos humanos e despesas com pessoal, quanto a possibilidade de novo concurso, e que a medida é necessária para evitar que se ultrapasse a faixa de limite de alerta de orçamento prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Aliás, em 2015 o TJES ultrapassou os limites da LRF em gastos com pessoal e passou por uma grave crise.

A situação atual da folha do Judiciário foi definida como "estranguladíssima" pelo presidente da Assembleia, Erick Musso, durante a sessão. Ele disse que, em conversa com o presidente do Tribunal de Justiça, Ronaldo Gonçalves de Sousa, o desembargador mencionou a necessidade de redução dos custos para não ultrapassar o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Musso ainda disse que medidas como esta tem sido discutidas pelo governo estadual, mas que não afetam ainda a Assembleia, que fez o dever de casa durante as gestões.

"O governador fez uma reunião com os Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) para falar sobre esse congelamento, postergação relacionado à progressão de carreira. O sindicato dos servidores da Assembleia me ligou, querendo saber se a gente ia acompanhar esse projeto do Judiciário. Eu já tranquilizei eles. A situação do Tribunal é completamente diferente da nossa, não temos porque entrar nessa discussão agora. Nós estamos com 1.04 na folha, podemos chegar até 1.7 na Lei de Responsabilidade Fiscal. A Assembleia fez o seu dever de casa, os ex-presidentes fizeram o dever de casa", ressaltou.

O QUE DIZ O PROJETO

O projeto faz alterações no tempo e nas condições exigidos aos servidores para o avanço na carreira. Hoje, após o estágio probatório, há 4 níveis na carreira, e com as regras atuais, um analista judiciário pode alcançar o teto da carreira no período de 15 anos.

Desta forma, as promoções passariam a ocorrer a cada 4 anos (hoje são a cada 2 anos), e que haja somente 3 níveis. Outro ponto será a adoção de critérios mais rígidos para avaliar os cursos realizados que comprovem o aperfeiçoamento para a promoção.

Quanto à questão fiscal, o projeto prevê que promoções só serão autorizadas em situações de crescimento econômico. Do contrário, a promoção dos servidores na carreira estaria automaticamente vedada, independentemente da manutenção dos gastos com pessoal nos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.

VOTO DOS DEPUTADOS

25 deputados votaram favoráveis ao projeto durante a sessão, defendendo a necessidade de redução de custos do Tribunal de Justiça. Entre eles está o deputado Dary Pagung (PSB), que disse ser responsabilidade do Legislativo ajudar o Judiciário a não cair em uma crise fiscal. 

"Esse projeto foi feito em cima de um estudo do Conselho Nacional de Justiça, já foi debatido exaustivamente no Tribunal de Justiça e inclusive aprovado no pleno do TJ. Eu acredito que este é um projeto para resolver o problema fiscal do Judiciário. Não podemos, de maneira nenhuma, deixar o TJ em uma situação de limite", disse. 

Apesar de terem se manifestados conscientes da preocupação do Judiciário com a Lei de Responsabilidade Fiscal, cinco deputados votaram contra o projeto: Sergio Majeski (PSB), Iriny Lopes (PT), Capitão Assumção (Patriota), Enivaldo dos Anjos (PSD) e Torino Marques (PSL). 

O deputado Enivaldo dos Anjos (PSD) explicou o voto negativo, defendendo a necessidade de realização de um debate com os servidores do Judiciário, que são os mais impactados pelo projeto, antes de sua aprovação. "Essa discussão é inevitável, a gente tem ciência da queda da arrecadação dos Estados e que será preciso adequação. Mas asuntos assim, que trazem um impacto financeiro para servidores, não podem ser apresentados e votados dessa forma. A gente não pode decidir sem entender o assunto, discutir com os servidores e saber a posição deles diante disso. Deste jeito, fica fazendo uma imposição", declarou. 

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