O deputado estadual Capitão Assumção (Patriota) rebateu, em transmissão ao vivo nas redes sociais nesta sexta-feira (26), reportagem publicada por A Gazeta, nesta quinta (25), que mostrou uma rede estruturada de servidores de gabinete do parlamentar na Assembleia Legislativa do Espírito Santo e da deputada federal Soraya Manato (PSL), na Câmara, com atuação em grupos de WhatsApp para disseminação de ofensas, desinformações e ataques a adversários políticos.
O parlamentar xingou o repórter em diversos momentos durante a live com as palavras "filho de uma égua", "mau caráter", "vagabundo", "jornazista" e "ignorante". "Jornalista dos infernos, vai para o raio que o parta", disse no vídeo.
Em nenhum momento da transmissão, Assumção explicou sobre a participação dos servidores do gabinete dele na publicação de ofensas e desinformações nos cinco grupos de WhatsApp analisados pela reportagem desde março.
A Gazeta identificou a atuação nesse sentido de quatro assessores dele, o subcoordenador parlamentar Walter Matias, o supervisor-geral de gabinete Leônattas Carnevalle, a adjunta de gabinete Cristina Mota e a estagiária Elaine Alves da Silva.
Entre as publicações compartilhadas estão informações falsas sobre demissões em massa e toque de recolher no Estado, incitações a crimes, como colocar fogo no Palácio Anchieta, sede do governo, e ataques ao governador Renato Casagrande (PSB), ao secretário de Saúde, Nésio Fernandes, e a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Embore participe dos grupos e mantenha funcionários pagos com dinheiro público como administradores deles, Assumção não fez nenhuma ressalva sobre a conduta dos seus comissionados.
No vídeo, o deputado afirmou que os conteúdos são comentários normais. "A Globolixo inventou um modus operandi de como a gente atua. É só a gente fazer o nosso comentário normal. Isso aí virou modus operandi?"
O compartilhamento de mensagens pelos servidores é realizado de forma sincronizada com as redes sociais dos parlamentares. Os políticos publicam conteúdos nos seus perfis e nas suas páginas nas redes sociais e, minutos depois, eles são enviados nesses grupos de WhatsApp.
Assumção afirmou ainda que os grupos não são abertos. No entanto, os links para entrada nos grupos foram compartilhados nas redes sociais por apoiadores do deputado e, por isso, qualquer pessoa pode ser membro deles.
Apesar de negar ter influência nos grupos, o parlamentar citou "meu grupo" e "nossa casa" durante o vídeo.
Em trecho da transmissão, ao mencionar os questionamentos do repórter sobre as publicações, Assumção diz "meu grupo". "Ele [repórter] me dá a oportunidade de procurar no meu grupo", disse no vídeo ao vivo.
Em outro momento, comparou o grupo a um churrasco com amigos na casa dele. "Não é no Instagram, não é no Twitter e não é no Facebook. É no WhatsApp, um grupo fechado. E se fosse aberto também é um grupo nosso, onde nós temos afinidades. Quem entra lá e não tem afinidade, azar de quem entrou. Nós estamos lá para bater um papo. É como se eu tivesse na minha casa, no final de semana, convidando uns amigos para comer um churrasquinho, tomar um refrigerante, quem gosta de beber tomar uma gelada, aí entra um vizinho que eu não gosto para ir lá fofocar, ver como está a minha vida."
O deputado estadual acusou ainda o repórter de realizar uma montagem contra o supervisor-geral do gabinete dele, Leônattas Carnevalle, o que não ocorreu. Na reportagem divulgada nesta quinta, duas publicações foram atribuídas ao servidor de forma equivocada. O erro ocorreu porque o telefone de outro integrante do grupo foi salvo nos contatos da agenda do celular como se fosse de Leônattas. O texto original foi corrigido nesta sexta.
A publicação de outro membro do grupo compreendia críticas ao deputado estadual Hércules Silveira (MDB). Na live, Assumção frisou que não permite que seus servidores divulguem mensagens contrárias a outros parlamentares.
O supervisor-geral do gabinete fez, no entanto, outras publicações no grupo com teor semelhante e, inclusive, opinou em uma mensagem em que aparece um colega de Assumção no Legislativo. Ao comentar uma imagem compartilhada por outro participante do grupo, com crítica ao governador Renato Casagrande e ao deputado estadual Alexandre Quintino (PSL), por exemplo, ele enviou uma figurinha de Assumção com os dizeres "Tá liberado. Mete bala!".
Ainda no vídeo, Assumção afirmou enviará o caso para a Delegacia de Crimes Cibernéticos e que convocará o repórter para depor na CPI dos Crimes Cibernéticos, da qual é vice-presidente, na Assembleia Legislativa.
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