A procuradora-geral de Justiça do Espírito Santo e chefe do Ministério Público Estadual (MPES), Luciana Andrade, e os procuradores-gerais de São Paulo e Santa Catarina, se reuniram com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, para denunciar a participação de empresários no financiamento das manifestações antidemocráticas que começaram depois do fim das eleições, em 30 de outubro.
Segundo os representantes dos Ministérios Públicos estaduais, essas empresas fazem parte de "uma grande organização criminosa com funções predefinidas". As informações são das agências Estado e Folhapress, que acompanharam a coletiva de imprensa em Brasília na tarde desta terça-feira (8).
Segundo a procuradora-geral Luciana Andrade, há indício do envolvimento de empresários de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santos nesses movimentos antidemocráticos. No Espírito Santo, atualmente, os manifestantes estão concentrados em frente ao 38º Batalhão de Infantaria, na Prainha, em Vila Velha.
O Ministério Público do Espírito Santo informou, em nota, que a instituição está atenta aos movimentos e às listas de restrições a comerciantes com posições políticas divergentes. Foi criada uma Sala de Situação que conta com o apoio de unidades estratégicas da instituição para esse monitoramento.
A Gazeta também questionou o Ministério Público capixaba se os empresários já são alvo de investigação, quantos são, de que setores econômicos e pedindo detalhamento sobre a participação deles nos atos. No entanto, essas perguntas não foram respondidas.
O procurador-geral de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Mario Luiz Sarrubbo, disse na coletiva de imprensa em Brasília que há um movimento organizado, capitaneado por empresários, para que estas manifestações aconteçam.
Entre dados da investigação, estão ônibus de prefeituras que transportaram manifestantes, financiadores e arrecadadores que usam números de Pix. Isto é feito, segundo os procuradores, para que as pessoas possam se abastecer financeiramente nas manifestações que não aceitam o resultado das eleições de 2022 e pedem golpe de estado.
"Na nossa visão, é uma grande organização criminosa com funções pré-definidas e financiadores. Isso é de conhecimento público. Há várias mensagens com números de Pix e tudo mais para que as pessoas possam abastecer financeiramente (os atos). A partir disso, nós precisamos estabelecer quem desempenhou cada função", disse Sarrubbo.
Ele continuou: "É um financiamento que começou com o bloqueio de estradas, depois eles se movimentaram, foram para frente de quartéis e, a partir daí, estamos entendendo esse fluxo de pessoas, que podem responder na esfera criminal", disse Sarrubo.
Segundo o procurador, foi feito um cruzamento de informações entre os Estados sobre a organização dos movimentos e a preocupação maior agora é mapear o fluxo financeiro que está proporcionando os bloqueios nas estradas e rodovias.
"Nós já temos alguns nomes que ainda não podemos revelar porque estão sendo investigados, mas a ideia é que esse cruzamento possa permitir a identificação de empresários que estão patrocinando movimentos golpistas", explicou.
Ainda segundo Sarrubbo, há um caráter interestadual nesse tipo de organização pois os movimentos que acontecem nas diferentes federações são muito parecidos. Por exemplo, bloqueios nas estradas que terminam e logo em seguida são fechados outros trechos.
"A gente espera que o Brasil possa prosseguir sem golpes, sem movimentos que possam atentar contra a democracia. Somos todos favoráveis a qualquer tipo de manifestação, o que não podemos admitir, evidentemente, são atos a favor de golpes de estado, intervenção militar, ou mesmo pedir que as eleições não sejam validadas".
Os procuradores pretendem cruzar os dados das investigações com as informações disponibilizadas pelo TSE para identificar a cúpula responsável pelo financiamento das manifestações golpistas.
A chefe do MP capixaba, Luciana Andrade, explicou que os inquéritos dos MPs ainda apontaram boicotes e assédios a empresários que se recusaram a aderir às manifestações, criando embaraço à livre iniciativa do comércio.
"Além dos movimentos de bloqueios de estradas e das movimentações centralizadas em algumas cidades ou bairros, a gente tem percebido um movimento do empresariado na denominada lista de Schindler, que é uma lista de empresas cujos os consumidores não deveriam adquirir produtos e serviços", disse, afirmando que há empresários com projeção nacional nas investigações. É um embaraço à livre iniciativa de comércio, algo que a gente não via há muitos e muitos anos", disse.
Ainda segundo os procuradores, os resultados preliminares das investigações permitem descartar o envolvimento de instituições de Estado nas ações bolsonaristas.
Diversos atores políticos apontaram uma possível relação, ou conivência, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) com a obstrução de estradas e rodovias. Logo no início dos primeiros bloqueios, passaram a circular nas redes sociais registros de agentes da PRF se recusando a deter ou multar manifestantes.
* Com informações das agência Folhapress e Estado
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