A Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou a exclusão de uma empresa de turismo capixaba, com sede em Cariacica, da lista de empresas e pessoas suspeitas de financiar o fretamento de ônibus para os atos golpistas que resultaram na destruição dos prédios públicos na Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, em Brasília. Foi pedido ainda a liberação dos bens que haviam sido bloqueados.
Em 12 de janeiro a Justiça Federal havia aceitou o pedido inicial da AGU e bloqueou R$ 6,5 milhões em bens de 52 pessoas e sete empresas. A quantia bloqueada tem como objetivo reparar danos causados pela depredação de patrimônio público em caso de posterior condenação.
Entre elas estava a Squad Viagens e Turismo, empresa pertencente ao grupo Águia Branca e que é especializada em locação de ônibus para eventos e pacotes de viagens. Na ocasião, a Squad e o Grupo Águia Branca negaram qualquer financiamento e explicaram que foram contratadas para prestar o serviço.
Em documento encaminhado para a 8ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, a AGU informou que a Squad apresentou documentos revelando ter sido intermediária dos serviços de fretamento e que não teve envolvimento no financiamento ou participação nos atos de vandalismo. O ônibus foi fretado pelo empresário Valfrido Chieppe Dias.
No documento é dito: “Informa a empresa Squad que o Sistema de Autorização de Viagens – SISAUT permite seja informado somente um solicitante, por isso constou apenas o seu nome como contratante, mas que o real contratante foi o Sr. Valfrido Chieppe Dias, que compareceu à sede da empresa intermediadora e efetivou a contratação do referido serviço de fretamento para o Distrito Federal, com nota fiscal especificamente emitida para aquela operação”.
Foi apresentado ainda, segundo a AGU, o contrato de fretamento do ônibus no valor de R$ 28,5 mil, com comprovante de pagamento e nota fiscal.
E destaca que não foram encontrados vínculos da empresa com o financiamento de ônibus para os atos que resultaram nos atos de destruição em Brasília.
“Por meio de diligências internas, de fato não se identificou qualquer vínculo da empresa com o indivíduo apontado como o verdadeiro responsável pelo fretamento do ônibus. Desta forma, considerando ter sido comprovado o real contratante por nota fiscal, contrato e comprovante de pagamento, a União requer a exclusão desta empresa do polo passivo”, informa o texto da AGU.
O empresário Valfrido Chieppe Dias, de Vila Velha, foi preso no dia 27 do mês passado, na terceira fase da Operação Lesa Pátria da Polícia Federal.
O veículo, contratado por intermédio da empresa Squad Viagens e Turismo, foi apreendido na capital federal após a invasão de prédios dos Três Poderes. No documento da AGU é informado que o empresário “teve participação presencial nos atos de vandalismo”.
A AGU informou ainda, no mesmo documento, que apesar de ter o mesmo sobrenome, o empresário que fretou o ônibus não tem vínculos com a direção do grupo empresarial.
“Ademais, verificou-se que o sobrenome Chieppe do real contratante é igual de vários sócios do grupo empresarial da requerente, mas a empresa respondeu à AGU que o sobrenome é mera coincidência, pois não há qualquer relação entre empresas do grupo econômico, seus sócios e o Sr. Valfrido, nem foi identificado o envolvimento de tais sócios nos atos de vandalismo”, foi dito no texto.
Por nota, a empresa Squad informa que "considera que o pedido da AGU, para retirada do nome da empresa do polo passivo das questões relativas a financiadores de atos antidemocráticos em Brasília, reestabelece a verdade. Desde o primeiro momento, a Squad se posicionou de que é uma plataforma de viagens, que foi apenas a intermediária dos serviços e que não financiou a viagem do ônibus apreendido no dia 8 de janeiro".
Acrescenta que "todas as informações relativas ao aluguel do ônibus, incluindo contrato e recibo de pagamento, foram devidamente remetidos às autoridades competentes, o que culminou agora com o pedido da AGU de retirada do nome da Squad desta questão e liberação dos ativos bloqueados".
E encerra informando ainda que a "Squad é uma empresa idônea, de soluções de logística para viagens e eventos, que também realiza fretamento de ônibus para turismo".
O ônibus fretado levou 45 passageiros. É um veículo Mercedes Paradiso, com placa QRD0J86, do Rio de Janeiro (RJ), registrado pela Viação Águia Branca. O ônibus consta na lista dos veículos apreendidos após os atos em Brasília.
A reportagem teve acesso a um vídeo feito dentro do ônibus na viagem de ida de Vila Velha para Brasília. O vídeo foi publicado nas redes sociais por Ivan Lúcio Passos, um bolsonarista que esteve nos atos no Distrito Federal e era presença frequente no acampamento golpista montado em frente ao 38º Batalhão de Infantaria do Exército, na Prainha.
Nas imagens, é possível ver os passageiros no interior do ônibus cantando o Hino Nacional; a data 07/01/23, ou seja, um dia antes dos ataques em Brasília; e os dizeres "Brasília terá uma nova história".
Além do ônibus fretado pela Squad, um outro foi apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Sete Lagoas (MG), ao voltar de Brasília. Esse outro tem placa de Montanha (ES) e pertence à empresa Bredoff Transporte Turismo.
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