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Atos golpistas: foragido do ES há 7 meses tem vida normal no Paraguai

Atos golpistas: foragido do ES há 7 meses tem vida normal no Paraguai

Max Pitangui, que tem mandado de prisão expedido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, teve pedido de asilo político provisório aceito pelo país vizinho

Publicado em 24 de julho de 2023 às 12:10

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Foragido da Polícia Federal há sete meses, o radialista capixaba Maxcione Pitangui (PTB) leva uma  vida normal no Paraguai, onde pediu asilo político. Ele tem um mandado de prisão em aberto desde 15 de dezembro do ano passado por suspeita de promover atos antidemocráticos no Espírito Santo, por integrar milícia digital e por ataques a ministros do Supremos Tribunal Federal (STF).

Nesta segunda-feira (24), Pitangui postou nas redes sociais um vídeo em um supermercado no país vizinho. Sorrindo para a câmera, ele se mostrou aliviado em "estar livre".

"Nem acredito que eu estou no supermercado sete meses depois de ficar preso, escondido por causa da ditadura brasileira. É bom ser livre, né?", disse.

Em seguida, fez outros vídeos comparando o preço de produtos como suco, carne e shampoo em guarani (moeda do Paraguai) e em real.

Em 14 de julho, o advogado de Pitangui, Marcelo Brasileiro, compartilhou nas redes sociais um documento de autorização provisória de asilo no país vizinho emitido em nome do radialista. A autenticidade do documento foi confirmada pela Polícia Federal ao jornal O Globo.

Max Pitangui obteve asilo provisório no Paraguai
Max Pitangui obteve asilo provisório no Max Pitangui obteve asilo provisório no Paraguai. (Reprodução/ Instagram)

A autorização é datada de 6 de julho. Nela, consta que Pitangui tem, naquele país, status de refugiado e que o pedido para a concessão do asilo definitivo será avaliado em até 90 dias pela Comissão Nacional de Apátridas e Refugiados (Conare) do Paraguai. Até lá, ele tem direito de morar e trabalhar, além de usufruir de serviços básicos como saúde e educação. 

No Instagram, Pitangui já se identifica como "exilado político". Na mesma rede social, o advogado Marcelo Brasileiro escreveu: "Como Advogado do Senhor Maxcione, fico feliz e aliviado ao saber que agora, ele e sua família estão a salvo da tirania instalada no Ministério Público e no Judiciário".

A Gazeta tenta contato com o advogado.

Em vídeo, Max Pitangui comemora
Em vídeo, Max Pitangui comemora "estar livre" no Paraguai. (Reprodução/ Instagram)

Megaoperação

Candidato a deputado estadual em 2022 e não eleito, Pitangui foi um dos alvos da megaoperação da Polícia Federal em oito Estados, incluindo o Espírito Santo, e no Distrito Federal contra atos antidemocráticos, cumprindo mandados de prisão e de busca e apreensão.

No Estado, foram presos o vereador de Vitória Armandinho Fontoura (Podemos) e o proprietário do site Folha do ES, Jackson Rangel. No mesmo dia, os deputados Capitão Assumção (PL) e Carlos Von (DC) receberam tornozeleira eletrônica.

Dias depois também foi detido o pastor Fabiano de Oliveira, que se escondeu no acampamento bolsonarista instalado em frente ao 38º BI, na Prainha, em Vila Velha. Acabou sendo preso em operação da PF.

Vídeos em redes sociais

No mesmo dia em que a Polícia Federal realizava as prisões e cumpria os mandados de prisão e de busca e apreensão, em 15 de dezembro do ano passado, Max gravou vídeo e compartilhou em suas redes sociais.

Nas imagens, ele afirma saber que estava sendo procurado. Pelo mandado de prisão, os suspeitos foram proibidos de usar suas redes sociais e de dar entrevistas, sob pena de R$ 30 mil em caso de descumprimento.

Motivos da prisão

As investigações do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) apontam Max Pitangui como uma das lideranças dos “movimentos criminosos e antidemocráticos que atacam o sistema eleitoral”.

“Indivíduo tem reiterada e continuamente se manifestado de forma abusiva, não só questionando (sem provas) a lisura do pleito eleitoral, mas também incitando a abolição do próprio Estado Democrático de Direito mediante intervenção militar e/ou tomada violenta de poder, representando verdadeira liderança dos movimentos antidemocráticos (assim reconhecidos pela e. Suprema Corte na ADPF 519) nesta unidade da federação”, diz o relatório do MPES.

Ofensas ao ministro do Supremo também são atribuídas a Max Pitangui. Em uma mensagem no Twitter, ele os chama de "bandidos de capa preta” e diz que, se o ex-deputado federal Roberto Jefferson tivesse “abrido fogo (sic)” contra o STF, “a maioria dos brasileiros estaria feliz da vida”.

Além dos pedidos de prisão, o ministro Alexandre de Moraes determinou busca e apreensão em um endereço relacionado a Max em Laranjeiras, na Serra, e em um veículo.

Também foi determinada a quebra de sigilo telefônico, dos arquivos armazenados na nuvem (inclusive registros de deslocamentos de Uber), conteúdos de contas de e-mail e o bloqueio das páginas de Facebook, Instagram, Twitter e Youtube relacionados a Max e ao movimento Soberanos da Pátria. Também deveria ser bloqueado o canal de Telegram do Soberanos da Pátria.

O que diz o radialista

Max Pitangui (PTB) disse ao g1 ES, em dezembro do ano passado, no dia da operação, que agentes federais estiveram na casa da mãe dele, no bairro Laranjeiras Velha, e na casa dele, em Lagoa de Carapebus, na Serra, na Grande Vitória, mas não o encontraram porque saiu cedo para caminhar. Max Pitangui disse que considera a ação equivocada.

"Essa ação é um erro. Nunca participei de atos antidemocráticos, sou contra fecharem a rua, para mim isso é uma bandidagem. Nunca fiz post influenciando ninguém. Já fiz sim, denúncias ao Conselho Nacional de Justiça e até a Polícia Federal contra a Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Espírito Santo, sobre nepotismo, altos salários e outras irregularidades. Essa é uma represália contra isso e não sobre atos que envolvam o candidato derrotado. Isso é um absurdo. A gente não pode se expressar no Brasil, não temos liberdade de imprensa e nem de expressão. Vou pedir exílio à Israel", disse Max, na época.

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