O prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), afirma que as manobras da Câmara da Serra com o intuito de afastá-lo da prefeitura vêm sendo patrocinadas pelo crime organizado. O chefe do Executivo solicitou segurança pessoal ao governador Renato Casagrande (PSB) e acusa o presidente da Câmara Municipal, Rodrigo Caldeira, que é de seu próprio partido, de tentar dar um golpe no Poder Executivo e retirá-lo do cargo por meio da abertura de um processo de impeachment.
O prefeito afirma que por conta dos atritos com a Câmara, alguns projetos importantes para o município estão parados sem serem votados há mais de 100 dias. E ainda faz uma grave acusação: "O mesmo crime organizado que dominou o Estado nos últimos anos quer voltar ao poder através da Câmara da Serra".
Ele não detalhou de que forma o mencionado crime organizado agiria na cidade, mas diz que as informações já foram repassadas à Justiça. "Estou sendo vítima de uma tentativa de golpe do presidente da Câmara da Serra", afirmou Audifax, durante entrevista coletiva concedida na tarde desta terça-feira (02), em um hotel em Carapina, na Serra.
PEDIDOS DE CASSAÇÃO
Ao todo, oito processos de cassação contra Audifax foram abertos na Câmara. Todos foram originados de uma mesma denúncia feita por um ex-funcionário comissionado da Serra, referente a atos de improbidade administrativa que teriam sido praticados pelo prefeito em 2016.
No entanto, uma decisão cautelar da Vara da Fazenda Pública da Serra suspendeu todos os processos contra o prefeito pelo fato de a Câmara não ter seguido ritos que seriam necessários para a abertura dos procedimentos.
Segundo Audifax, tais processos foram instaurados após ele ter se negado a conceder à Câmara o poder de interferência na licitação de uma parceria público privada para a contratação de serviços de limpeza urbana da cidade, cujo valor total é de R$ 2 bilhões. O prefeito da Serra também diz ter se negado a pagar uma dívida já prescrita da prefeitura com uma empresa, cujo nome não foi revelado.
O prefeito repetiu inúmeras vezes que a intenção de Caldeira é dar um golpe para assumir a prefeitura ao retirar o prefeito e a vice-prefeita, Márcia Lamas (PSB), de seus cargos. Segundo o redista, todos os fatos já foram reportados aos órgãos de controle.
"SERÁ QUE O CRIME ORGANIZADO NÃO ESTÁ LÁ?"
Procurado pela reportagem, Rodrigo Caldeira nega todas as acusações feitas por Audifax e afirma: "Será que o crime organizado não está lá?".
Questionado sobre o fracionamento da denúncia em oito processos, ele afirma que é porque a acusação trata de oito temas diferentes e, por isso, os procedimentos foram abertos separadamente.
Os oito procedimentos instaurados foram anulados por uma liminar (decisão provisória) concedida pela Vara da Fazenda Pública da Serra, mas Caldeira afirma que novas denúncias ainda poderão ser recebidas, dando origem a novas ações. O caso também será avaliado pela Procuradoria e pode haver recurso.
B.O.
O clima de tensão entre o Executivo e o Legislativo na Serra ganhou um novo capítulo na tarde de quinta-feira (28), quando um grupo de dez vereadores - incluindo Caldeira - registrou um boletim de ocorrência no qual acusam Audifax e o vereador Fabio Duarte (PDT) de caluniá-los, atribuindo aos parlamentares fatos criminosos.
Após esse registro, o prefeito solicitou, ao governador Renato Casagrande (PSB), segurança pessoal por se sentir ameaçado, sustentando que os vereadores têm feito manobras com o objetivo de desestabilizar seu governo.
A denúncia dos vereadores tem como base um áudio que teria sido gravado durante uma reunião entre Audifax, Fabio Duarte, lideranças comunitárias e empresários. No áudio, ao qual o Gazeta Online teve acesso, Audifax diz que o grupo não tem "escrúpulos" e que tem a intenção de afastá-lo do cargo com a abertura da CPI da Saúde, criada na última semana para investigar supostos desvios de dinheiro e outros crimes na Saúde da Serra.
Além de Caldeira, fazem parte do grupo de denunciantes vereadores Pastor Ailton (PSC), Nacib Haddad (PDT), Aécio Leite (PT), Cleusa Paixão (PMN), Fabão da Habitação (PDT), Quélcia (PSC), Adilson de Novo Porto Canoa (PSL), Wellington Alemão (DEM) e Geraldinho Feu Rosa (PSB). Este último é investigado pelo Ministério Público Estadual por suposta prática de rachid na Câmara.
Nesta segunda-feira (01), por 18 votos a 3, os vereadores da Serra aprovaram a abertura de uma Comissão Processante que tem como alvo o vereador Fabio Duarte, aliado de Audifax. O pedetista será investigado por possível quebra de decoro e, se constatada a veracidade dos fatos, poderá ter o mandato cassado ao final dos próximos 60 dias.
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