Em convenção na manhã deste sábado (30), a federação Rede-Psol confirmou o nome do ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos para concorrer ao governo do Espírito Santo nas Eleições 2022. Apesar de o encontro ser o momento de validar as candidaturas, o redista foi lançado sem ainda ter na composição da chapa o seu vice, nem tampouco ele decidiu a quem será dado o apoio para o Senado Federal. A definição deve sair até 15 de agosto, prazo limite para o registro dos candidatos na Justiça Eleitoral.
A vaga de candidato a senador, inclusive, expõe uma fragilidade na federação criada entre Rede e Psol que, pela nova regra, funciona como um só partido, com abrangência nacional. Embora Gilbertinho Campos (Psol) tenha sido confirmado como o candidato ao Senado e, portanto, oficialmente é o nome da federação, Audifax disse que ainda não definiu o candidato que irá apoiar.
Questionado sobre a ausência de lideranças do Psol na convenção, Audifax saiu pela tangente usando referência ao que promete ser o tom de sua campanha - o amor. "Estou muito tranquilo, muito feliz. Vamos cuidando da nossa vida, com muito respeito. Preguei o amor aqui hoje. Tudo com muito respeito ao próximo", esquivou-se.
Então, ao ser perguntado se iria buscar uma aproximação com o partido para colocar o Psol efetivamente na campanha, o candidato da federação deixou claro que não há muito espaço para avançar nessa parceria.
"A gente vai trazer a população para nossa campanha. Esse é o foco. Sempre com respeito a todos os partidos, mas também precisamos entender que essa aliança tem que ser natural e respeitar as decisões de cada um."
Na convenção, realizada no Cerimonial Grand Hall, em Vitória, dois pré-candidatos ao Senado de partidos ainda não coligados à candidatura Rede/Psol estavam na plateia e discursaram antes de Audifax. O pastor Nelson Junior, do Avante, citou uma passagem bíblica e depois, em entrevista, disse que está em conversa com o redista, mas que não fechou a negociação com candidatos ao governo de outras legendas. "É uma construção", disse ele.
Já Idalécio Carone, do Agir, foi mais enfático: garantiu que vai apoiar Audifax e, apesar de falar que não iria querer nada em troca num eventual governo, pediu para si o voto do candidato ao Palácio Anchieta. A assessoria de Audifax informou que Gilbertinho Campos também estava no evento, mas ele não discursou.
Audifax Barcelos agradeceu a presença dos dois pré-candidatos, mas não demonstrou preferência por nenhum nome. "A gente está conversando com muitas pessoas. Tivemos aqui duas sinalizações de apoio, do Avante e do Agir, e fico muito feliz. Mas a gente ainda vai definir isso juntos."
Na disputa proporcional, a federação Rede-Psol vai ter 31 candidatos a deputado estadual e 11 a federal, conforme registro feito durante a convenção.
Audifax é o único candidato a governador da Rede em todo o país. Coordenador nacional de organização do partido, Paulo Miranda participou da convenção representando a presidente da legenda, a ex-senadora Heloísa Helena, que está em campanha para deputada federal pelo Rio de Janeiro.
"Ele é um quadro muito importante do partido. Nacionalmente, a Rede está focada no rompimento da cláusula de barreira, a fazer deputados federais. No caso específico do Audifax, o partido abriu uma exceção para lançar a candidatura a governador, até porque entendemos que, além da importância dele, é uma candidatura com viabilidade real de vitória."
Miranda afirmou que todo o peso político e todos os recursos que o partido puder colocar serão disponibilizados para a candidatura de Audifax.
Em um discurso de cerca de 25 minutos, num auditório lotado de políticos e militantes partidários, Audifax Barcelos convocou os candidatos a deputados estaduais e federais a já irem para as ruas, mesmo que a campanha oficialmente só comece no dia 16 de agosto, para ouvir o que a população tem a dizer.
Ele disse que conduziu desse modo sua última administração na Prefeitura da Serra, durante a qual, segundo o redista, sempre ia às comunidades para identificar suas demandas. Agora, na pré-campanha, disse ter andado por todo o Estado com a mesma proposta e contou que foi assim, indo aos 78 municípios, que já preparou seu plano de governo.
O documento está estruturado em 18 eixos, sendo que emprego, segurança pública e saúde serão prioridades, caso seja eleito governador em outubro. A ideia, afirma Audifax, é fazer uma administração "municipalista".
Mesmo reafirmando seu discurso de "amor" e que não planeja falar mal de ninguém, Audifax fez referência a Renato Casagrande (PSB), sem citar o nome do socialista, que é candidato a reeleição. "Eu estou preparado para ser governador deste Estado. Eu sou gestor. O atual governador não é gestor."
A convenção também foi momento de emoção para Audifax. Ele contou um pouco da história da sua família e das dificuldades que enfrentou para chegar até a posição em que se encontra atualmente, num discurso com voz embargada e, por vezes, também com lágrimas. A hora em que mais se emocionou foi quando se lembrou do período crítico da sua saúde, na campanha de 2016 à prefeitura, quando houve sério risco de morte.
O Solidariedade, único partido até o momento coligado com Rede/Psol, fez sua convenção no mesmo espaço e lançou o nome de 31 candidatos a deputado estadual e 11 a deputado federal, isto é, chapa completa nas eleições proporcionais.
Questionado sobre a composição para a majoritária, como a indicação do vice, por exemplo, o presidente do partido, Douglas Pinheiro, afirmou que essa discussão está sendo realizada conjuntamente e que, neste momento, a prioridade é conquistar novas legendas para a coligação de apoio a Audifax. De todo modo, ele disse que seu nome foi colocado à disposição para compor a chapa de governo, se esta for uma decisão do redista.
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