Autor de áudios em que diz querer "meter o facão" no senador Fabiano Contarato (Rede), o auditor da Prefeitura da Serra Nicodemos Venturini admitiu ao Gazeta Online nesta quarta-feira (03) que se excedeu e está disposto a pedir desculpas ao parlamentar.
"Falei 'facão' no sentido figurado", alegou. Contarato anunciou que representou criminalmente contra Venturini. "Foi um ato impensado", disse o auditor. Ele creditou tal ato a um momento de fúria. A irritação com o parlamentar, no entanto, não se dissipou totalmente. Agora, o autor dos áudios reclama de poder ser alvo de processo administrativo na prefeitura devido ao episódio.
"Viado (sic) vagabundo assim tem que entrar é na porrada", bradou, em um dos áudios que chegou até o senador. O auditor mostrou-se indignado: "Você votou contra o armamento, você é contra o Bolsonaro".
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Áudio 1
Áudio 2
Por diversas vezes, entre vários xingamentos, Venturini lançou mão de ofensas homofóbicas. "Viadão, safado. Votei em você porque eu pensei que viado... eu tenho um monte de viado... sou auditor fiscal da Prefeitura da Serra. Acho que os viados não precisam ser vagabundos que nem você", disse, ainda nos áudios que chegaram até o senador.
MOMENTO DE FÚRIA
À reportagem, o auditor relatou que gravou os áudios em um momento de fúria, quando havia acabado de ser importunado e também xingado, por um grupo de estranhos. Ele disse ainda que votou em Contarato e até fez campanha para o redista.
"Tenho dois portões em casa, com uns dez plásticos (material de campanha) do Contarato. Eu estava em casa, molhando as plantas. Três, quatro pessoas passaram num carro e disseram 'o senhor é vagabundo safado, viado igual esse cara? (Contarato). Esse cara é contra Bolsonaro, Moro, Lava Jato'".
"Eu tenho 61 anos, nunca fui chamado de viado na minha vida. Eu fiquei injuriado. Fiz esse áudio nesse momento assim. Estava com cinco pessoas em casa, passei para algumas pessoas. Se eu soubesse que isso viraria isso que virou jamais teria feito. Começou a viralizar", lamentou.
Venturini afirmou que não tem WhatsApp, então gravou os áudios no telefone de outra pessoa. E reforçou que não repassou as gravações diretamente para o parlamentar. "O telefone do Contarato eu nem tenho. Fiz campanha para ele, pedi muitos votos em Bicanga, mas ele nem sabe", pontuou.
Questionado sobre como avalia os posicionamentos do senador após a eleição, respondeu que, na verdade, também não sabia como o parlamentar tem votado: "Eu nem sabia que ele tinha votado contra as armas, nada. Esses caras (que o abordaram na frente da casa dele) é que me falaram. Eu votei em Bolsonaro, sou Bolsonaro, sou Moro, sou a favor da reforma da Previdência. Mas não quer dizer que eu fiz isso (os áudios) por causa disso".
PROCESSO ADMINISTRATIVO
O auditor está preocupado e novamente irritado com possíveis consequências para ele na Prefeitura da Serra. A prefeitura, por nota, informou que não compactua com esse tipo de atitude e vai abrir um processo administrativo contra o servidor para apurar o caso.
"Eu peço desculpa, mas tenho 30 anos de auditor fiscal. Quer me prejudicar? Quer fazer campanha em cima do meu lombo? Não estou ameaçando, mas vou dizer: quem pode mais chora menos." Questionado sobre o que queria dizer com isso, o que faria caso fosse punido administrativamente, Venturini respondeu: "Eu vou falar para ele pagar as minhas contas se eu perder o meu emprego".
"Sei que ele é homossexual, não tenho nada contra esse povo. Mas fazer campanha para ele e ele fazer uma deselegância dessa comigo?!"
A assessoria de Contarato informou que o parlamentar acionou a Polícia Legislativa do Senado, mas não solicitou escolta pessoal.
FACÃO
Voltando à questão do facão, uma ameaça direta a Contarato, Venturini ressaltou por diversas vezes na conversa com a reportagem: "Foi no sentido figurado. Eu jamais faria uma coisa dessas.Tenho uns facões, mas é porque eu tenho uma chácara".
O auditor contou também que recebeu uma ligação da Polícia Legislativa na semana passada e já contou a história toda para eles. "Eles disseram que o problema foi eu ter falado 'facão', mas eu falei que não tem nada a ver. Achei que essa história tivesse ficado para trás".
O redista não foi único parlamentar da bancada capixaba a receber ameaças. Outro estreante no Senado, Marcos do Val (PPS) também foi alvo.
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