O Avante retirou o apoio à candidatura de Audifax Barcelos (Rede) para governador do Espírito Santo. A sigla, que faz parte da coligação do redista, continua legalmente na aliança, mas informalmente dará apoio a Renato Casagrande (PSB).
O rompimento foi anunciado pelo presidente estadual do Avante, Marcel Carone, no final da tarde desta terça-feira (27). Ele afirmou que Audifax não cumpriu nada do que foi acordado entre os partidos.
"A única coisa que ele tem, porque a legislação não permite que sejam retirados, são os nove segundos do Avante na propaganda eleitoral. Mais nada. E não tem por questão de merecimento. Além do apoio, perdeu algo muito importante: o meu voto", disse Marcel Carone, em entrevista.
A candidatura do pastor Nelson Júnior (Avante) ao Senado está mantida. Marcel, no entanto, disse acreditar que o líder religioso acabou prejudicado nesse processo.
A aliança não havia sido construída em bases sólidas, uma vez que foi a direção nacional do Avante que, em conversa com a Rede, decidiu pelo apoio do partido à candidatura de Audifax. Marcel conta que, quando foi anunciada a parceria, o Avante estadual mantinha negociações avançadas com o União Brasil para que a legenda apoiasse o nome de Nelson Junior para o Senado.
A Rede, que está federada com o Psol, já tinha candidatura ao Senado - Gilberto Campos - e não poderia lançar outra. Mas, fechada a aliança com a direção nacional, Marcel diz que ficou acertado que Nelson Junior seria candidato avulso, porém com apoio de Audifax.
O presidente do Avante afirma que já na primeira reunião, Audifax prometeu que tudo o que tivesse para ele — estrutura, material, militância — seria dividido meio a meio com o candidato ao Senado. "Diante disso, sacramentamos o acordo", pontua.
Com o avanço da campanha, entretanto, o que foi combinado, segundo Marcel, não se cumpriu. Até mesmo o material de divulgação da candidatura de Audifax, que teria Nelson ao lado, foi produzido em pequena quantidade, insuficiente para alcançar os eleitores e impulsionar o nome do candidato ao Senado.
Marcel fala que por diversas vezes tentou conversar com Audifax, falou com membros da equipe e até com o filho do candidato, mas não obteve retorno. Só, então, decidiu retirar o apoio à candidatura ao governo e direcioná-lo a Casagrande.
"Estou há pouco tempo na política, que já me proporcionou ver algumas coisas lamentáveis. Pela credibilidade da minha família, pela relação construída ao longo de três gerações, não vim para fazer mais do mesmo. Já vi muita coisa triste, e o Audifax, disparado, é para mim a grande decepção até este momento em que estou inserido no processo político."
Questionado por que do apoio à reeleição do governador, Marcel lembra que já fez parte da equipe do socialista na Casa Civil, mas tinha saído para se dedicar ao projeto da candidatura de Nelson Junior. Para ele, numa analogia ao futebol, Casagrande é "o clube do coração."
Quanto à manutenção da candidatura ao Senado, apesar da falta de apoio, inclusive financeiro, Marcel a defende até o fim. "É triste porque eu não tenho dúvidas de que o Nelson é o melhor candidato a senador no Espírito Santo. E é no processo que teria a oportunidade de falar das propostas, apresentar a história de vida dele. (O que aconteceu) prejudica muito o trabalho. Agora, ele conta apenas com a boa vontade de seus multiplicadores nas redes sociais."
A Gazeta tenta contato com Nelson, que ainda não se manifestou. Marcel afirma que prefere que ele fale sobre eventual apoio a outro candidato ao governo, mas está certo de que também não vai continuar com Audifax.
A assessoria da campanha de Audifax disse que, por enquanto, ele não vai se posicionar sobre o assunto.
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