As principais lideranças do PSL no Espírito Santo mudaram o tom ao comentar a possível debandada da sigla com a criação do Aliança pelo Brasil, partido em criação anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro. Quando o presidente comunicou a saída dele do PSL no último dia 12, três dos quatro deputados estaduais do partido no Estado anunciaram que deixariam a sigla "dentro da legalidade", assim como a deputada federal Soraya Manato.
No entanto, com a análise de que o Aliança pelo Brasil dificilmente terá tempo hábil para reunir assinaturas para participar das eleições em 2020, o próprio presidente do PSL no Espírito Santo, Carlos Manato, descarta abandonar o partido no próximo ano. Para ser criado, o Aliança pelo Brasil precisa reunir 500 mil assinaturas de apoiadores em quatro meses.
"Estamos aguardando o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) dizer se serão aceitas as assinaturas por meio digital. Se sim, conseguiremos disputar as eleições de 2020. Se não, se for por cadastramento em papel, não teremos condições. Na nossa visão, o TSE não vai permitir, então vamos continuar focando na eleição junto com o PSL. Aqui no Estado, o partido está pacificado e junto com Bolsonaro. Hoje, o Aliança não existe. Então, não adianta brigar por algo que é empírico, que não está concretizado. O que existe hoje é o PSL", afirmou Manato.
O ministro Og Fernandes, do TSE, é o relator da consulta sobre a possibilidade do uso de assinaturas com certificação digital para a criação de partido, a pauta deve ser levada ao plenário do Tribunal nesta terça-feira (26).
A ameaça de saída em massa do PSL se deu após as troca de farpas entre Bolsonaro e o presidente nacional do partido, Luciano Bivar. Com um alinhamento maior à ala bolsonarista, os membros do partido no Espírito Santo não descartam deixar o PSL, mas adotam um tom mais ameno, já que uma desfiliação "precipitada", poderia os impedir de disputar as eleições municipais em 2020.
No último dia 13, após reunião, Manato e os deputados estaduais Torino Marques, Capitão Assumção e Danilo Bahiense cravaram a saída do partido, afirmando apenas que aguardariam orientação jurídica. Isso porque os parlamentares só podem trocar de legenda sem perder o mandato em três situações: mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; grave discriminação política pessoal; ou durante a janela partidária (em 2022).
Se o partido receber o aval do TSE às vésperas da eleição, quem estiver na lista de apoiadores do Aliança Brasil e estiver filiado ao PSL, pode ter conflito na documentação e acabar impugnado de disputar por estar em dois partidos.
A nossa orientação é não sair de forma abrupta, pois também corremos o risco de perder o mandato. Eu continuo no partido, vamos continuar contribuindo, independentemente do tempo em que ficarmos aqui. Vamos ajudar na coleta de assinaturas e aguardar a indicação do presidente do diretório do Aliança pelo Brasil no Estado, que será feita por Bolsonaro assim que o TSE definir se aceitará ou não as assinaturas digitais, conta o deputado estadual Capitão Assumção.
Por meio de nota, o deputado Danilo Bahiense disse que acompanha as movimentações do presidente Jair Bolsonaro. "O deputado informa que acompanha as movimentações do presidente Jair Bolsonaro, mantém apoio incondicional ao chefe do Executivo nacional e que, neste momento, permanece no PSL. Todas as ações presentes e futuras do mandato são estabelecidas dentro da legalidade", informou.
Procurada, a deputada federal Soraya Manato também descarta deixar o PSL, "por ora", e diz que continuará apoiando Bolsonaro nas pautas encaminhadas à Câmara. Os deputados estaduais Torino Marques e Danilo Bahiense, que disseram que poderiam migrar para o Aliança, foram procurados para saber se manteriam o posicionamento, mas não responderam à reportagem de A Gazeta até a publicação da matéria. O deputado estadual Coronel Quintino foi o único parlamentar do PSL no Espírito Santo a afirmar que permaneceria no partido.
Para frear a debandada, na última quinta-feira (21), o deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO), mais próximo da ala bivarista do PSL, fez uma consulta ao TSE para saber se a desfiliação do partido pode ser interpretada a partir de manifestações de membros que demonstrem "interesse em criar outro partido", o que os deixaria passíveis de perder o mandato.
Foi uma consulta mal feita. Realizada em cima da perna, respondeu Manato ao ser questionado sobre a movimentação feita pelo Delegado Waldir.
O subtenente Assis, ainda na ativa na Polícia Militar do Espírito Santo, é o mais cotado a assumir o diretório capixaba do Aliança pelo Brasil e coordenar a campanha pela coleta de assinaturas. Candidato a senador pelo PSL nas últimas eleições, Assis se desfiliou assim que reassumiu seu cargo na PM, já que a legislação impede que militares na ativa possam estar filiados a partidos políticos.
"Para liderar o diretório, é preciso ter alguém que não está filiado ao PSL. Como o subtenente está desfiliado, ele vai coordenar o Aliança", contou Manato.
Apesar de desfiliado, o militar admite que tem ajudado a coordenar o PSL em Cariacica. Ele tem orientado pré-candidatos a não assinar a ficha de apoiadores do Aliança Brasil.
Quem irá decidir o comando dos diretórios é o presidente Bolsonaro, mas aqui no Estado não há divisão. O PSL é 100% alinhado com Bolsonaro, ao contrário de outros Estados, somos fiel ao presidente", disse o subtenente.
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