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Barroso diz que ditadura e mensalão demonizaram política e fala em atrair mais jovens

Barroso diz que ditadura e mensalão demonizaram política e fala em atrair mais jovens

Presidente do TSE disse que objetivo do Tribunal após as eleições é atrair mais jovens para a vida política, caminho que foi demonizado durante a Ditadura Militar e após escândalos de corrupção

Publicado em 4 de dezembro de 2020 às 19:18

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A apresentadora Daniela Abreu mediou a palestra com o presidente do TSE Luis Roberto Barroso
A apresentadora Daniela Abreu mediou a palestra com o presidente do TSE Luís Roberto Barroso. (Carlos Alberto Silva)

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, apontou que o período em que o Brasil viveu sob o regime militar e os recentes casos de corrupção como o "mensalão" e o "petrolão" foram determinantes para "demonizar a participação política entre os mais jovens". Em uma palestra para o Vitória Summit, evento realizado pela Rede Gazeta na tarde desta sexta-feira (4), Barroso afirmou que o TSE vai investir nos próximos meses em campanhas para atrair "jovens de bem" para a política.

"Eu penso que o regime militar e aspectos negativos da política revelados em operações e fenômenos como o mensalão e o petrolão afastaram as pessoas da política como sendo um espaço para o qual os jovens de bem não deveriam ir para mudar o mundo. Os jovens de bem precisam considerar a alternativa de ir para a política", falou o ministro.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) argumentou que gerações que queriam mudar o mundo após a Ditadura Militar foram incentivadas a se afastar da vida política e procuraram uma carreira no Judiciário. No entanto, para Barroso, a "judicialização não é um caminho para mudar o mundo".

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O que aconteceu no Brasil, em uma ou duas gerações pós-regime militar, é que os jovens idealistas não foram para a política. Boa parte deles foram para o Judiciário, para o Ministério Público, para a Polícia Federal e tentam mudar o mundo a partir de lá. Inclusive com uma ampla judicialização. A judicialização pode ser boa em algumas situações, em outras é ruim. Mas não se muda o mundo através do Poder Judiciário. Você muda o mundo com política de qualidade

Luís Roberto Barroso
Presidente do TSE e ministro do STF
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Segundo o presidente do TSE, a percepção de que é preciso trabalhar a valorização da política entre os mais jovens é um dos próximos desafios do Tribunal após as eleições. Ele disse que é preciso "recrutar jovens íntegros, idealistas, patriotas, comprometidos com o interesse público e trazê-los para a vida pública".

"Os padrões éticos das novas gerações são mais elevados do que o de gerações anteriores. Acho que está melhorando. Acho que é a transformação do Brasil, estamos empurrando para a margem da história uma velha ordem em que era aceitável a apropriação privada do Estado e o desvio rotineiro de dinheiro público. E há uma transformação na sociedade brasileira que deixou de aceitar o inaceitável. A sociedade mudou", afirmou.

O CUSTO DAS ELEIÇÕES E O PROCESSO DE 2020

A palestra de Barroso tinha como tema principal os desafios de comandar a execução do processo eleitoral em tempos de pandemia. Ele falou sobre a dificuldade logística de realizar o pleito com segurança e disse que um dos principais objetivos quando assumiu a presidência do TSE em maio foi contornar um movimento de cancelamento das eleições.

"Nossa primeira meta foi conter um movimento que se formava a favor do cancelamento das eleições devido à pandemia, o que provocaria a prorrogação dos mandatos dos atuais vereadores e prefeitos. As propostas eram de que se unissem as eleições deste ano com as de 2022, o que provocaria sérios problemas, incompatíveis com a democracia. A prorrogação dos mandatos era algo para ser considerado somente se não houvesse outra alternativa", lembra.

Barroso também falou sobre o posicionamento dos atuais ministros do TSE, que são favoráveis à adoção do sistema eleitoral de voto distrital misto. Para o ministro, essa é uma alternativa que além de baratear as campanhas eleitorais, aumenta a representatividade e melhora a governabilidade dos eleitos.

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Baixar o custo das campanhas deve ser uma das grandes preocupações nacionais. Qual é o problema desse sistema, que é gravíssimo? O eleitor vota em quem ele quer, mas ele elege quem ele não sabe. Porque o voto vai para o partido e os mais votados pelo partido é que obtém a vaga. Na eleição de 2018 só 5% dos deputados se elegeram com votação própria. Todos os demais se elegeram com transferência de votos promulgados a outros parlamentares. O eleitor não sabe quem ele elegeu e quem o representa

Luís Roberto Barroso
Presidente do TSE e ministro do STF
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O presidente do TSE também comentou o atraso na divulgação do resultado do primeiro turno das eleições, de 2h50. Ele disse que a Polícia Federal segue investigando as tentativas de invasão no sistema do TSE, que foi acompanhada de mensagens falsas que sugeriam alguma fraude na contagem dos votos. De acordo com Barroso, as suspeitas é de que grupos antidemocráticos tenham coordenado o ataque.

"Há uma suspeita que essa tentativa de derrubar o sistema tenha sido feita por grupos antidemocráticos que trabalham para desestabilizar a democracia brasileira, essa é uma mera suspeita, está sendo investigada pela Polícia Federal", contou.

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