O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, apontou que o período em que o Brasil viveu sob o regime militar e os recentes casos de corrupção como o "mensalão" e o "petrolão" foram determinantes para "demonizar a participação política entre os mais jovens". Em uma palestra para o Vitória Summit, evento realizado pela Rede Gazeta na tarde desta sexta-feira (4), Barroso afirmou que o TSE vai investir nos próximos meses em campanhas para atrair "jovens de bem" para a política.
"Eu penso que o regime militar e aspectos negativos da política revelados em operações e fenômenos como o mensalão e o petrolão afastaram as pessoas da política como sendo um espaço para o qual os jovens de bem não deveriam ir para mudar o mundo. Os jovens de bem precisam considerar a alternativa de ir para a política", falou o ministro.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) argumentou que gerações que queriam mudar o mundo após a Ditadura Militar foram incentivadas a se afastar da vida política e procuraram uma carreira no Judiciário. No entanto, para Barroso, a "judicialização não é um caminho para mudar o mundo".
Segundo o presidente do TSE, a percepção de que é preciso trabalhar a valorização da política entre os mais jovens é um dos próximos desafios do Tribunal após as eleições. Ele disse que é preciso "recrutar jovens íntegros, idealistas, patriotas, comprometidos com o interesse público e trazê-los para a vida pública".
"Os padrões éticos das novas gerações são mais elevados do que o de gerações anteriores. Acho que está melhorando. Acho que é a transformação do Brasil, estamos empurrando para a margem da história uma velha ordem em que era aceitável a apropriação privada do Estado e o desvio rotineiro de dinheiro público. E há uma transformação na sociedade brasileira que deixou de aceitar o inaceitável. A sociedade mudou", afirmou.
A palestra de Barroso tinha como tema principal os desafios de comandar a execução do processo eleitoral em tempos de pandemia. Ele falou sobre a dificuldade logística de realizar o pleito com segurança e disse que um dos principais objetivos quando assumiu a presidência do TSE em maio foi contornar um movimento de cancelamento das eleições.
"Nossa primeira meta foi conter um movimento que se formava a favor do cancelamento das eleições devido à pandemia, o que provocaria a prorrogação dos mandatos dos atuais vereadores e prefeitos. As propostas eram de que se unissem as eleições deste ano com as de 2022, o que provocaria sérios problemas, incompatíveis com a democracia. A prorrogação dos mandatos era algo para ser considerado somente se não houvesse outra alternativa", lembra.
Barroso também falou sobre o posicionamento dos atuais ministros do TSE, que são favoráveis à adoção do sistema eleitoral de voto distrital misto. Para o ministro, essa é uma alternativa que além de baratear as campanhas eleitorais, aumenta a representatividade e melhora a governabilidade dos eleitos.
O presidente do TSE também comentou o atraso na divulgação do resultado do primeiro turno das eleições, de 2h50. Ele disse que a Polícia Federal segue investigando as tentativas de invasão no sistema do TSE, que foi acompanhada de mensagens falsas que sugeriam alguma fraude na contagem dos votos. De acordo com Barroso, as suspeitas é de que grupos antidemocráticos tenham coordenado o ataque.
"Há uma suspeita que essa tentativa de derrubar o sistema tenha sido feita por grupos antidemocráticos que trabalham para desestabilizar a democracia brasileira, essa é uma mera suspeita, está sendo investigada pela Polícia Federal", contou.
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