O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem se encontrado com frequência, em Brasília, com o ex-senador do Espírito Santo Magno Malta (PL) e pretende colocá-lo de volta na política. No contato mais recente, no início de julho, o chefe do Executivo federal afirmou que Magno tinha que "estar na CPI", em referência à CPI da Covid, que investiga a atuação do governo durante a pandemia do novo coronavírus e já provoca desgastes para Bolsonaro.
No encontro, realizado em 8 de julho, os dois gravaram um vídeo, que foi publicado nas redes sociais do ex-senador. Nas imagens, Bolsonaro aproveitou para atacar novamente a CPI da Covid e os senadores que fazem parte da comissão, além de tecer elogios ao pastor evangélico e político do Estado.
"Ele [Magno] tem o propósito, sim, de voltar à política. A gente vai discutir isso mais tarde. Ele é uma pessoa que faz falta para mim no Senado, em Brasília. Você tinha que estar na CPI, não para me defender, mas para falar a verdade para quem está lá", disse Bolsonaro no vídeo postado nas redes sociais do ex-senador.
Em 2022, haverá eleição para uma cadeira no Senado pelo Espírito Santo, quando terminam os oito anos de mandato da senadora Rose de Freitas (MDB). Ao menos 13 políticos são cotados para a vaga até o momento.
Na recente visita de Bolsonaro ao Estado, em 11 de junho, Magno teve papel importante na montagem do roteiro e acompanhou de perto todos os passos de Bolsonaro em terras capixabas.
No mês de maio, Magno Malta estava em um culto na Igreja Plenitude do Trono de Deus, em São Paulo, e recebeu uma ligação do presidente da República. Diante dos fiéis no templo, além dos que acompanhavam o evento pelas redes sociais, o ex-senador colocou Bolsonaro no viva-voz, para que ele se comunicasse com um dos pilares de sua base eleitoral: os evangélicos. Veja o momento no vídeo abaixo.
Um dia antes do evento na igreja, o ex-senador esteve na Avenida Paulista, em uma manifestação que reuniu milhares de apoiadores do presidente. Ao microfone e em cima do trio elétrico, dizia para as pessoas continuarem nas ruas em nome da "liberdade".
A relação entre Jair Bolsonaro e Magno Malta é antiga. Antes das eleições de 2018, Magno Malta chegou a ser cotado para assumir a vaga de vice-presidente na chapa de Bolsonaro, mas declinou do convite para concorrer à reeleição ao Senado. No pleito, não obteve sucesso, ficando em 3º na disputa ao obter 611.284 votos.
As duas vagas do Estado na Casa foram preenchidas por Fabiano Contarato (Rede) e Marcos do Val (Podemos). Na eleição, o ex-senador e pastor evangélico foi um dos principais cabos eleitorais de Bolsonaro. Após o anúncio da vitória do presidente, Magno chegou a rezar de mão dadas com o aliado.
Havia a expectativa de que ele fosse indicado para o comando de algum dos ministérios do novo governo. Apesar de estar ao lado do presidente durante toda a campanha, ficou a ver navios e está sem cargo desde então. Bolsonaro respondeu que "as portas estariam abertas" para o ex-senador, mas não no primeiro escalão. "Sobre a questão de um possível ministério, não achamos adequado para ele (Magno) no momento", disse o presidente, na época.
Ainda assim, o ex-senador não deixou de defender Bolsonaro e as bandeiras do bolsonarismo ao longo dos quase três anos de mandato. A lealdade não passou despercebida pelo presidente. Em uma reunião ministerial em abril do ano passado, Bolsonaro citou Magno Malta como exemplo de fidelidade. "Politicamente, ele nunca me deu uma alfinetada e sempre está defendendo, com os problemas que ele tem", disse.
Durante a pandemia, o ex-senador tem sido uma das vozes que propagam os discursos de Bolsonaro. Fez vídeos criticando o STF e a vacina, promovendo medicamentos ineficazes contra a Covid-19, atacando adversários políticos do governo e chamando o coronavírus de "vírus chinês".
O YouTube removeu um vídeo da conta do ex-senador por conter informações falsas, e ele deletou outros, nos quais falava mal da vacina Coronavac, fabricada pelo Butantan em parceria com a Sinovac, empresa chinesa. Isso ocorreu após a mudança de tom do governo federal, que passou a adotar a vacina como bandeira, entre os meses de dezembro de 2020 e janeiro de 2021. Já no Facebook, há sinalização de "informação falsa" em vídeo publicado por Magno Malta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta