O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), ao ser questionado na manhã deste domingo (2) por dois jornalistas argentinos sobre se aceitaria uma possível derrota nas urnas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), respondeu, em direção ao repórter Diego Iglesias: "Ô, cara, vai falar do teu país".
Antes, o candidato já havia virado o rosto para o jornalista. Isso aconteceu momentos após de o presidente votar no Rio de Janeiro. Iglesias perguntou se Bolsonaro reconheceria uma derrota. "Parece-me uma frase muito depreciativa e xenófoba. Ele se irritou porque lhe perguntei: 'Presidente, o senhor vai reconhecer o resultado eleitoral se perder?'. Ele me perguntou de que país eu era, eu disse a Argentina, e perguntei a mesma coisa novamente. E ele saiu de lá com raiva", declarou Iglesias.
Ao ser questionado, o presidente saiu da parte da grade em que estava posicionado o repórter argentino e foi para outro local. Quando percebeu que o cinegrafista de Iglesias, Mariano Perrino, colocou o microfone na sua frente, Bolsonaro disse a frase.
Os jornalistas brasileiros que faziam a cobertura escutaram, mas não entenderam o que havia acontecido. Somente depois que o candidato se afastou e as gravações das emissoras de outras TVs foram vistas, é que foi possível identificar a quem Bolsonaro se dirigia.
O presidente votou em uma escola municipal dentro da Vila Militar do bairro Deodoro, na capital fluminense. O questionamento que mais ouviu dos jornalistas que estavam na seção eleitoral foi sobre o respeito à apuração do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Essa pergunta foi dirigida a Bolsonaro na chegada ao local, mas ele parou de falar e entrou na escola. O questionamento foi repetido quando o presidente voltou à área da imprensa na saída da seção eleitoral. O candidato do PL desconversou e falou em "datapovo" -repetiu o discurso de que sofre boicote dos institutos de pesquisa e que vencerá no primeiro turno. "O que vale é o datapovo, e eleições limpas [reconheço] sem problemas nenhum", disse Bolsonaro.
"O presidente nunca reconheceu que as eleições brasileiras são limpas. Ele lançou suspeitas infundadas de fraudes nas eleições nos últimos anos. Em nenhum momento ele mostrou provas, mas chegou a sugerir que a votação só seria transparente com voto impresso ou fiscalização das Forças Armadas.
As perguntas sobre reconhecer uma eventual derrota em primeiro turno, possibilidade verificada pelo Datafolha e Ipec de ontem, incomoda o presidente. Nos comícios, foi comum Bolsonaro falar sobre a Argentina como exemplo negativo de administração. O presidente argumentava que é uma nação a caminho do caos social por ser governado por pessoas de esquerda.
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