O debate sobre o cenário político nacional e do Espírito Santo marcou o início do Vitória Summit, evento organizado pela Rede Gazeta, nesta quarta-feira (24). No primeiro painel, a jornalista Eliane Cantanhêde, analista da Globo News, fez uma breve retrospectiva da atuação presidencial, desde a era Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e culminou com projeções para as eleições de 2022. Para ela, o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (sem partido), jogou fora os personagens que criou para sua última candidatura e, agora, se vê num ponto da disputa para o próximo ano sem os elementos que sustentaram sua vitória no passado.
Cantanhêde observou que entre as pautas de Bolsonaro, para a campanha de 2018, estava o combate à corrupção. Ele também se mostrava crítico à chamada "velha política."
"Quando olhamos 2022, partimos de Bolsonaro. É preciso olhar sobretudo o Jair Bolsonaro. Ele jogou fora todo o discurso de 2018 de combate à corrupção, jogou fora o Moro (ex-ministro Sergio Moro), não endossou nenhum projeto de combate à corrupção. Falou contra a velha política, mas está abraçado ao Centrão. Ele disse que entregou a alma ao Centrão", pontuou a jornalista.
Do ponto de vista econômico, na análise de Cantanhêde, o presidente também deixou de cumprir o que havia prometido em campanha, de promover uma política liberal, abrindo a economia, incentivando privatizações e induzindo reformas estruturais. Ela atesta, entretanto, que não foi isso o que aconteceu.
"Pegou a reforma administrativa e trancou na gaveta, a reforma tributária, trancou na gaveta, a da Previdência, lavou as mãos. Ele jogou fora a persona Bolsonaro de 2018. Não tem economia, meio ambiente, não tem social, cultura. E já ia me esquecendo da política externa brasileira", relacionou a comentarista política.
Cantanhêde também analisou o histórico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, hoje, lidera as pesquisas de opinião para a presidência. A jornalista considera que o petista adotou uma boa estratégia em sua recente visita a países europeus, reconhecido por diversas lideranças, demonstrando a falta de articulação do atual presidente na política externa. Mas a jornalista avalia que, se confirmada sua candidatura, a campanha não será fácil também para ele.
"O Lula está em primeiro em todas as pesquisas, mas a campanha não começou. Quando começar, ele vai sair da zona de conforto. Em qualquer lugar que ele vá, será confrontado sobre Mensalão, Petrolão, Odebrecht. A campanha vai ser difícil para ele também", estima.
Outro provável candidato que mereceu a atenção da jornalista no debate foi Ciro Gomes (PDT) que, para ela, não tem a força necessária para o enfrentamento das eleições em 2022. Em sua avaliação, dificilmente o pedetista conseguirá passar de dois dígitos na votação.
Na análise de Cantanhêde, agora com a filiação de Sergio Moro ao Podemos, a próxima pesquisa de intenção de voto já deverá trazer o ex-ministro de Bolsonaro e ex-juiz com um apoio similar ao que vem sendo dado atualmente para Ciro. A jornalista acredita que será Moro a fazer o contraponto entre Lula e o atual pesidente na disputa de 2022.
"Ele fez um discurso que encontra eco na sociedade brasileira sobre o combate à corrupção. Mas terá dificuldades, que são os dois extremos", opina.
Ainda sobre as eleições de 2022, aponta que a população deve estar atenta às pesquisas qualitativas. Em 2018, a palavra-chave foi "novo", na disputa de 2020, foi a "experiência."
"Qual vai ser a palavra-chave qualificativa de 2022? Acho que ninguém vai querer fazer teste de novo."
A jornalista Letícia Gonçalves, colunista política de A Gazeta, fez uma análise do cenário local, apresentando possíveis candidatos para o governo do Estado e o Senado Federal. Na disputa ao Palácio Anchieta, o atual governador Renato Casagrande (PSB) é o que figura, na avaliação da articulista, como o nome mais provável a ingressar nesse processo. Contudo, ela evidenciou que o mercado político discute inúmeras outras opções, da ala de apoio a Bolsonaro, como o ex-deputado Carlos Manato (sem partido), a parlamentares hoje no mesmo partido de Casagrande, como Sergio Majeski e Felipe Rigoni.
O evento foi aberto pelo presidente da Rede Gazeta, Café Lindenberg, que destacou a importância do debate de ideias diante do momento de desafios enormes da economia e política nacional.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta