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Bolsonaro mente sobre urnas e diz que aceitará resultado se eleições forem 'limpas'

Bolsonaro mente sobre urnas e diz que aceitará resultado se eleições forem 'limpas'

Em entrevista ao Jornal Nacional, o presidente voltou a atacar o sistema eleitoral e colocou uma condicionante para aceitar o resultado da votação

Publicado em 22 de agosto de 2022 às 22:21

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Presidente Jair Bolsonaro foi o primeiro entrevistado da série com candidatos a Presidência da República no Jornal Nacional
Presidente Jair Bolsonaro foi o primeiro entrevistado da série com candidatos à Presidência da República no Jornal Nacional. (Reprodução)

Primeiro entrevistado da série que o Jornal Nacional vai fazer ao longo da semana com candidatos à presidência da República, Jair Bolsonaro (PL) mentiu novamente sobre a segurança das urnas eletrônicas, citando alegações que já foram refutadas pela Polícia Federal, e voltou a colocar em dúvida o sistema eleitoral. O presidente disse, inclusive, que apenas aceitará o resultado da votação, em outubro, se as eleições forem "limpas". 

Na bancada do JN, exibido pela TV Gazeta, os jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos cobraram de Bolsonaro um compromisso de que respeitará o resultado das eleições e se orientaria os apoiadores a fazer o mesmo, porém o presidente colocou a condicionante de "eleições limpas" para aceitar a votação. 

Questionado ainda sobre as ações antidemocráticas de bolsonaristas, o presidente tentou minimizar a conduta. "Quando alguns falam em fechar o Congresso, é liberdade de expressão deles. Eu não levo para esse lado". O Congresso foi fechado no Brasil durante a ditadura militar. 

Bolsonaro também mentiu sobre nunca ter xingado ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). No ano passado, contudo, o chefe do Executivo chamou o ministro Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de "canalha". Além disso, xingou Luís Roberto Barroso de "filho da puta".

Ao ser questionado sobre o assunto, o presidente retrucou dizendo que Bonner estava falando um "fake news", como se o jornalista é quem estivesse mentindo. Depois, ao ser confrontado por ter chamado Alexandre de Moraes de canalha, procurou minimizar a situação, argumentando que, na posse do ministro como presidente do TSE, na semana passada, o clima já se mostrava amistoso.  

GESTÃO NA PANDEMIA

Na entrevista, Bolsonaro também mentiu sobre as ações do governo na pandemia, ao negar ter barrado a compra de vacinas, o que ocorreu. 

Jair Bolsonaro afirmou que não retardou a compra dos imunizantes e repetiu as alegações de que a Pfizer pretendia impor condições impraticáveis para fornecê-los. A CPI da Covid, no entanto, apontou que as propostas da farmacêutica americana ficaram meses sem resposta.

O presidente ainda tentou argumentar sobre ter defendido remédios sem eficácia para o tratamento da Covid-19, mas não respondeu ao fato de ter usado dinheiro público para adquirir os medicamentos que não previnem a infecção. 

Sobre imitar pacientes com falta de ar ou dar declarações como a de que "não é coveiro" nos períodos mais críticos da crise sanitária, Bolsonaro disse apenas que não é politicamente correto, apesar de Renata Vasconcellos ter perguntado reiteradamente se ele se arrependia de sua postura. 

RELAÇÃO COM O CENTRÃO

Bolsonaro também teve dificuldades para esclarecer sua relação com o Centrão, grupo de partidos que compõem a base do governo e sobre os quais, na campanha de 2018, dizia que não teria proximidade pelos acordos que faziam nas gestões anteriores. 

"O Centrão são mais ou menos 300 parlamentares. Se eu deixar de lado, vou governar com o quê? Não vou governar com o parlamento. Então, você está me estimulando a ser um ditador", disse ao jornalista William Bonner.

CORRUPÇÃO E MEC

Sobre a inexistência de corrupção na administração, que era sua bandeira, ele reconheceu que alguns casos "pipocam", mas não enxerga, por exemplo, a gravidade do caso envolvendo o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que teria direcionado recursos do Ministério da Educação para favorecer pastores.

O presidente ainda ficou reticente para explicar a falta de política educacional devido as inúmeras trocas no comando da pasta em seu governo. 

ECONOMIA

"Os números da economia são fantásticos, levando-se em conta o resto do mundo. Se fosse apenas o Brasil com esse problema, eu seria o responsável".

A declaração foi em resposta a pergunta sobre indicadores como a taxa de inflação, que mais que dobrou durante a gestão de Bolsonaro, a taxa de juros, que dobrou, e a cotação do dólar, que passou de R$ 3,90 para mais de R$ 5.

Com uma inflação em 12 meses de 10,07% até julho, o Brasil tem a quarta maior taxa do G20, grupo dos 19 países mais ricos e um bloco com integrantes da União Europeia, segundo levantamento da empresa de análises e tecnologia financeira Quantzed. Tem também a maior taxa de juros reais entre 40 países.

Segundo Bolsonaro, as promessas feitas em 2018 de manter inflação, juros e dólar em patamares baixos foram frustradas pela pandemia, por "uma seca enorme" registrada em 2021 e pelo "conflito entre a Ucrânia e a Rússia".

ENTREVISTAS

Nesta semana também serão sabatinados no Jornal Nacional os candidatos Ciro Gomes (dia 23), Luiz Inácio Lula da Silva (25) e Simone Tebet (26).

* Com informações da Agência Folhapress

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