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Câmara de Linhares vai analisar abertura de processo contra vereador cassado

Câmara de Linhares vai analisar abertura de processo contra vereador cassado

Roque Chile (PSDB), presidente da Casa, diz que se reunirá com os vereadores na próxima semana para determinar a abertura ou não de um processo administrativo

Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 19:55- Atualizado há 4 anos

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Câmara de Linhares tem 17 vereadores. (Reprodução: TV Gazeta Norte)
Vinicius Zagoto
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Passados 10 dias desde o início da legislatura, a Câmara de Linhares já se depara com dois vereadores na mira da Justiça e com um dilema a ser debatido nos próximos dias: a abertura de processo administrativo contra o vereador Valdir Maciel (Podemos), cassado por comprar votos a R$ 80 nas eleições de 2020. Uma reunião entre os parlamentares já foi convocada para a próxima semana para tratar do caso.

Na quinta-feira (11), a Casa foi posta frente a duas situações relacionadas a vereadores de oposição a Guerino Zanon (MDB), prefeito de Linhares. Pela manhã, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-Norte) deflagraram uma operação para coibir corrupção e a prática de "rachid" – quando um político se apropria dos salários de servidores – na Câmara de Linhares.

A ação cumpriu oito mandados de busca e apreensão. Um dos alvos foi o vereador Dr. Carlos Almeida (PDT), que teve um computador apreendido pelos agentes, após seu gabinete e residência serem averiguados na operação. Almeida foi eleito vereador em 2016 com 1.613 votos e reeleito em 2020 com 1.117 votos. Durante a operação, um homem chegou a ser preso por porte ilegal de arma de fogo. As investigações seguem sob sigilo.

Paralelamente à operação, em outro caso, o mandato do vereador Valdir Maciel (Podemos) foi cassado pela Justiça Eleitoral. Ele acusado de compra de votos no pleito de 2020. O parlamentar teria prometido a eleitores R$ 80 para que o escolhessem. Maciel foi eleito com 1.529 votos.

O juiz eleitoral Gideon Drescher, da 25ª Zona Eleitoral, determinou que Maciel pague multa de R$ 54,7 mil, além da cassação do mandato. Como a decisão é de um juiz de primeiro grau, o vereador ainda pode recorrer e, por enquanto, continua no cargo. Procurada, a defesa de Maciel disse que ainda não foi intimada oficialmente, portanto não pode falar sobre os próximos passos a serem tomados. O vereador pode recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) e, se o recurso for negado, ainda apelar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Confirmada, a cassação de Maciel pode gerar mudanças no quadro dos 17 vereadores da Câmara de Linhares, isso porque na determinação de Drescher está implicada a anulação dos votos obtidos pelo parlamentar. Ou seja, teria de ser feita uma nova contagem dos votos para ver se os vereadores da chapa atingiriam o coeficiente eleitoral.

Frente a uma Câmara exposta logo no início do mandato, Roque Chile (PSDB), presidente da Casa, preferiu usar cautela para definir os próximos passos a serem tomados.

Em entrevista a A Gazeta, Chile reconhece que os dois fatos geram desgaste à imagem do Legislativo, mas não se posiciona quanto aos casos especificamente.

VEREADOR PODE SER CASSADO PELOS PRÓPRIOS COLEGAS

Questionado sobre quais os próximos passos a serem tomados, uma vez que cabe à Câmara a abertura de processo administrativo, Chile diz que vai se reunir com todos os vereadores para analisar um possível processo contra o vereador cassado. Se o procedimento for aberto e, depois, a conclusão for que Mendes cometeu irregularidades, ele pode ter o mandato cassado também pela Câmara. 

“A gente vai marcar uma reunião juntamente com os vereadores para a quinta-feira (18) da semana que vem, para analisar o pedido do Ministério Público e a documentação que ainda vai chegar à Câmara. E, de forma democrática, eu e mais 16 vereadores vamos decidir isso de forma conjunta sobre os próximos passos que o Legislativo vai tomar em relação a isso”, afirma.

Chile diz que já enviou mensagem aos vereadores, solicitando uma reunião para a próxima semana. “Após receber a representação de quebra de decoro, a gente vai seguir todo o trâmite regimental e legal do nosso regimento interno. A representação será lida em plenário e os vereadores votarão para a instauração ou não de uma comissão processante”, explica.

Sobre o caso de "rachid", que envolve o vereador Dr. Carlos Almeida, Chile diz que o processo segue em segredo de Justiça e que ainda está sendo investigado: “A gente tem que aguardar o posicionamento do MP e ser oficialmente avisado, algo que ainda não aconteceu”, afirma.

Questionado sobre o andamento da operação, Chile explica que não tem nenhuma informação sobre o ocorrido: “Não posso externar nada, porque realmente não temos informações sobre o andamento do processo”, conclui.

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