A partir de 2025, o número de vereadores da Câmara de Vitória sai de 15 para 21, mas como fica a composição ideológica na Casa após as eleições do último domingo (6)? O prefeito reeleito Lorenzo Pazolini (Republicanos) deve iniciar o segundo mandato com uma base de apoio muito maior do que em 2020, mas terá de lidar com uma oposição mais consolidada.
Das 15 cadeiras da Casa em 2020, três eram ocupadas por partidos mais à esquerda:
As outras 12 eram ocupadas por vereadores que votavam de forma mais independente e por aqueles que eram do centro ou mais à direita.
Ao longo da legislatura ocorreram três substituições. Camila Valadão foi eleita deputada estadual em 2022 e André Moreira (Psol) assumiu sua cadeira. O mesmo ocorreu com a cadeira de Denninho Silva, que foi substituído por Vinícius Simões (PSB). Já Armandinho foi afastado da Casa no âmbito do Inquérito das Fake News e sua cadeira foi assumida por Chico Hosken (Podemos).
Incluindo reeleitos e novos vereadores, os partidos de esquerda agora contam com seis cadeiras:
As outras 15 serão ocupadas por partidos mais ao centro e à direita:
Em conversa com A Gazeta, o mestre em Ciência Política João Victor Santos avalia que a Câmara permanece ideologicamente mais à direita, assim como no pleito de 2020, sendo que o prefeito estará em uma situação melhor em relação à quantidade de aliados.
João Victor Santos relembra que Pazolini era uma figura nova na política municipal quando se candidatou a prefeito pela primeira vez em 2020. Naquele ano, tinha o apoio do seu partido Republicanos, DEM, PTC e Solidariedade. Dessas legendas, apenas a do prefeito conseguiu eleger um vereador, o Delegado Piquet.
“A primeira coisa é que aumentou o número de cadeiras. Ideologicamente, a Câmara se mantém como predominante de direita, como em 2020. O que muda é que, além de direita, a maioria está com Pazolini. De vereadores da base dele, são 10. Para ter a maioria, que é 11, precisaria apenas de mais um. Alguns vereadores não declaram voto a ninguém, mas devem seguir a base. O prefeito tem um cenário mais favorável do que quando começou o primeiro mandato, há quatro anos. Ele começou o governo apenas com Piquet, do Republicanos, não tinha feito nenhuma aliança”, avalia.
Essa base de apoio de 10 vereadores citada João Victor Santos inclui aqueles que fizeram campanha para Pazolini durante o período eleitoral: Aylton Dadalto, Davi Esmael, André Brandino, Luiz Emanuel, Anderson Goggi, Camillo Neves, Mauricio Leite, Leonardo Monjardim, Mara Maroca e João Flávio.
Diante desse cenário, a tendência é que Pazolini tenha ainda mais facilidade para aprovar projetos encaminhados ao Legislativo municipal, na avaliação do cientista político. “Se nos últimos 4 anos a Câmara foi muito subserviente à prefeitura, aos projetos que eram encaminhados de forma urgente, agora a tendência é que a Câmara continue com esse mesmo costume. Agora que Pazolini ampliou a sua base, teremos uma Câmara mais parceira da prefeitura”, entende.
Ainda que esteja com uma base mais forte a partir de 2025, Pazolini terá que lidar com uma esquerda maior do que há quatro anos no Legislativo municipal. Psol, PSB e PT, que tinham três cadeiras, agora têm seis, incluindo Karla Coser, que se envolveu em intensas discussões contra a direita na Casa, e vereadores novos que, na avaliação de João Vitor Santos, podem trazer novas discussões para o parlamento.
“Pode ser uma Câmara com novos debates. Temos parlamentares novos, de primeiro mandato, com novas ideias, mais digitais, menos focados em liderança comunitária e mais focados em debates como um todo. Parlamentares de agenda e não de território”, ponderou Santos.
“Na Câmara de 2025 ainda existirão os extremos. Provavelmente ainda vamos experimentar um pouco da polarização nacional, porque tem dois vereadores do PL e dois do PT. A gente tem Karla, Jocelino, além da Ana Paula, do Psol, contra Armandinho e Dario, além de Davi Esmael e Luiz Emanuel que orbitam à direita. Os polos do debate nacional estão mais consolidados agora na Câmara, em um momento que 2026 se aproxima e essas discussões ganham mais força”, complementou.
Assim como Pazolini entra 2025 com uma base de apoio maior, ele também vai iniciar o mandato com um já definido bloco de oposição. “A gente já entra com uma oposição, como Karla, Jocelino, Ana do Psol e tem também os vereadores do PSB. Varejão costuma votar com a base, mas Pedro e Bruno ainda vamos ver como se comportam. Pedro e Bruno fizeram campanha com Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), que se opôs ao prefeito na campanha eleitoral, mas Varejão agiu de forma independente”.
Dos cinco vereadores que não seguirão na Casa em 2025, apenas um decidiu não tentar um novo mandato, é o caso de Piquet, hoje no PP.
André Moreira, Chico Hosken e Vinícius Simões, que entraram nas vagas de suplentes ao longo da legislatura, se candidataram, mas não conseguiram ser reeleitos.
Há, por fim, Duda Brasil (PRD), líder do governo por três anos e meio e com intensa articulação entre a Casa e Pazolini, que também não conseguiu ser reeleito.
“Quem mais perdeu foi Duda Brasil, uma das figuras mais importantes da Câmara. Algumas obras ocorreram a partir de pedidos dele. É uma perda política muito grande para Pazolini. Mesmo com toda uma estrutura montada, ele não conseguiu”, destaca o cientista político.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta