Em época de falta de dinheiro no bolso dos brasileiros, candidatos a prefeito, a vice e a vereador no Espírito Santo, juntos, ostentam fortuna de R$ 32,1 milhões em espécie. Todo esse dinheiro vivo pertence a 1.354 dos mais de 12 mil concorrentes nas eleições municipais de 2020.
O maior valor que um candidato declarou ter sob os seus cuidados foi de R$ 2,18 milhões, em dinheiro. O registro é do candidato a prefeito de Venda Nova do Imigrante Dr. José Vicente (PSDB), como parte de seu patrimônio de R$ 4,28 milhões, que incluem imóveis, veículos e participações em empresas.
Ele não foi o único a declarar essa maneira peculiar de guardar riqueza. O candidato Wanderson Leite, o Wanderson Transportes (PSDB), de Água Doce do Norte, afirmou ter R$ 870 mil em dinheiro, e foi seguido por Marcos Garcia (PV), que disputa a Prefeitura de Linhares e disse possui R$ 750,4 mil em espécie.
Cada um dos 1.354 candidatos que tem dinheiro vivo possui, em média, R$ 23,7 mil guardados em notas de real. Na descrição dos recursos feita à Justiça Eleitoral, detalharam como "dinheiro em espécie declarado", "dinheiro em mãos para a compra de bovinos e melhorias da residência", "recurso proveniente de sua atividade econômica", "reserva adquirida com a venda de um veículo" e até "disponibilidade em moeda nacional, sendo 450 sacas de café Conilon de 60 kg cada".
Na outra ponta da tabela, está o candidato a vereador de São Roque do Canaã pelo Avante, Valentim Vago. Ele declarou ter R$ 100 em dinheiro, apesar do patrimônio de R$ 300 mil em outros bens. Vaninha Estrela (Avante), do mesmo município, declarou ter R$ 120 em dinheiro.
Há ainda outros 16 candidatos que afirmaram possuir dinheiro em espécie em moeda estrangeira, como dólares, por exemplo. Os valores registrados variam de R$ 532,92 a R$ 330 mil.
Candidato com o maior valor em dinheiro vivo, Dr. José Vicente esclareceu que registrou conforme o seu Imposto de Renda. "São dividendos da empresa que eu transfiro para a pessoa física. O detalhamento é feito com a Receita Federal e é tudo patrimônio lícito, proveniente de minhas três empresas. A diferença é que eu realmente declaro, não omito, ao contrário de outros candidatos", pontuou.
Ele também destacou que ao contrário da ideia do "dinheiro no colchão", há várias formas vantajosas de manter dinheiro guardado em espécie. "Pode ser como título ao portador, pode ter cofre em banco", citou.
O levantamento foi feito por A Gazeta, com base na declaração de bens dos candidatos à Justiça Eleitoral. Os números são do Repositório de Dados Eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), extraídos em 28 de setembro.
Embora o TSE enquadre cada bem em um tipo como terreno, veículo, apartamento e aplicação de renda fixa, por exemplo , o patrimônio declarado não é verificado pela Justiça Eleitoral. Os valores declarados servem apenas para que a sociedade possa acompanhar a evolução de bens dos políticos, a partir do momento em que eles se candidatam a cargo eletivo.
A legislação também não exige que o candidato apresente bens com os valores atualizados. Por isso, são comuns os imóveis e veículos listados com valores bem abaixo dos praticados no mercado.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta