Os quatro municípios da Grande Vitória decidiram levar para o 2º turno a decisão sobre quem serão os próximos prefeitos. Com mais de 200 mil eleitores e como nenhum candidato ultrapassou os 50% dos votos, os resultados das urnas em Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica surpreenderam candidatos e eleitores, com disputas acirradas, alguns nomes que não eram cotados para o 2º turno virando o jogo na reta final, e outros, que indicavam ter maior potencial, terem registrado um resultado inferior ao projetado.
O processo eleitoral deste ano foi cercado por fatores inéditos, em maior ou menor grau. O adiamento das eleições para novembro por conta do coronavírus e as restrições na campanha de rua, muitas vezes ignoradas pelos candidatos, reforçaram a dose de incerteza sobre o comportamento do eleitorado. Além disso, o fim das coligações para vereadores e o número recorde de candidatos a prefeito em cada cidade afetaram o resultado do pleito.
No Espírito Santo, outros 74 municípios já elegeram os chefes do Executivo Municipal neste domingo (15). Também já foram conhecidos todos os vereadores eleitos para as Câmaras Municipais.
Em Vitória, disputam o próximo turno no dia 29 de novembro Lorenzo Pazolini (Republicanos), que obteve 30,95% dos votos válidos, e João Coser (PT), que recebeu 21,82%.
O embate foi acirrado entre o segundo e o terceiro colocado, Fabrício Gandini (Cidadania), que teve 21,12%, 1.201 votos a menos. Gandini era apoiado pelo prefeito, Luciano Rezende (Cidadania).
Na cidade canela-verde o resultado das urnas surpreendeu, com Arnaldinho Borgo (Podemos) como o candidato mais votado, batendo o prefeito Max Filho (PSDB), que tenta a reeleição. O vereador de Vila Velha teve 36% e o prefeito, 22,91%. O ex-prefeito Neucimar Fraga (PSD) teve sua terceira derrota consecutiva, na tentativa de voltar ao Executivo Municipal, com 19,31% dos votos.
Na Serra, onde as pesquisas indicavam que a eleição poderia ser resolvida ainda no 1º turno, o deputado federal e ex-prefeito Sergio Vidigal (PDT) conquistou a maior parte dos votos, com 47,46%, mas vai disputar o 2º turno com o vereador Fábio Duarte (Rede), candidato apoiado pelo atual prefeito Audifax Barcelos (Rede), que teve 19,39% dos votos.
Ele conseguiu ultrapassar Vandinho Leite (PSDB), que durante a campanha era o segundo colocado nas intenções de voto, e acabou como terceiro, com 16,87%.
Por fim, Cariacica, cidade com resultado mais imprevisível da Grande Vitória, quatro candidatos alcançaram um resultado próximo uns dos outros. Mas quem vai para o 2º turno é o deputado estadual Euclério Sampaio (DEM), que teve 18,81%, e Célia Tavares (PT), que teve 14,04%.
Uma incógnita que pairava sobre as eleições de 2020 era quanto ao índice de abstenção, devido à pandemia e o possível receio ou impossibilidade de uma parcela de pessoas sair de casa para votar. As ausências esse ano no Espírito Santo variaram entre 25% e 26%, enquanto em 2016 o índice foi 17,5%.
Outra novidade das eleições de 2020 é um intervalo menor entre o 1º e o 2º turno, de apenas duas semanas. Nos outros pleitos, sempre eram três semanas.
A corrida por votos pelos candidatos para a disputa do 2º turno já começa nesta segunda (16), pois 24 horas depois do fim da votação, a partir das 17 horas, eles já estão autorizados a fazer campanha, com distribuição de material gráfico, caminhada, carreata ou passeata e material sonoro.
A propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão relativa ao segundo turno, para a Capital e para Vila Velha, retorna na próxima sexta-feira (20) e vai até o dia 27 de novembro.
Agora, o desafio dos candidatos começa em tentar herdar apoios, e consequentemente votos, dos concorrentes derrotados no primeiro turno, em especial aqueles terceiros colocados que tiveram votação expressiva.
Outro apoio valioso pode ser o do governador Renato Casagrande (PSB), que evitou se posicionar no primeiro turno das cidades da Grande Vitória, inclusive por haver mais de um candidato aliado seu na disputa. Neste domingo, após votar, o governador afirmou que pode participar de alguns palanques, caso não haja dois candidatos da base aliada concorrendo.
"É possível que eu participe. De fato, me mantive afastado no primeiro turno em praticamente todos os municípios. Foram raros os municípios que eu manifestei minha opinião, para manter a regra do afastamento do governador, para manter a base de sustentação forte que temos. São diversos aliados que estão disputando a eleição. Agora no segundo turno, pode ser que eu participe. Vai depender do resultado de hoje. Se forem dois candidatos da base aliada, continuo fora", comentou.
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