Os candidatos que vão disputar o pleito de 2020 ano deram início às campanhas eleitorais no último domingo (27). Nesta fase entram em cena visitas a estabelecimentos comerciais e casas para pedido de votos, caminhadas nas ruas, panfletagem, e bandeiraços. Algumas dessas atividades, inclusive, foram registradas durante o fim de semana.
Mas com a pandemia de Covid-19 ainda em curso, o corpo a corpo, tão importante nas eleições municipais, deve ficar reduzido. Para evitar a disseminação do novo coronavírus, os candidatos que concorrem às prefeituras da Grande Vitória apostam em equipes enxutas, redução no número de eventos presenciais nas agendas, distribuição de materiais impressos envolvidos em sacos plásticos e, em alguns casos, caminhadas sem abraço e aperto de mão. Além do uso de máscaras e de álcool em gel, recomendações de autoridades em saúde.
O contato físico com os eleitores, apesar de não recomendado, no entanto, já apareceu nos primeiros dias de campanha.
É verdade que a maior parte das cidades do Espírito Santo já apresenta risco baixo para a Covid-19. Isso não significa que protocolos de saúde possam ser desrespeitados, como aconteceu nas convenções partidárias, em que foram registradas aglomerações. Confira algumas estratégias que devem ser adotadas nas campanhas pelos candidatos no Estado.
No plano sanitário elaborado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o dia da votação, há recomendações para as campanhas durante a pandemia. Entre elas, está a redução de atividades que possam causar aglomeração. Diante dessa orientação, os candidatos afirmam que as tradicionais caminhadas em feiras e ruas da cidade vão ser realizadas com menos frequência e com um número reduzido de pessoas. Vias com maior fluxo também devem evitadas.
Vamos ter uma equipe enxuta, com o mínimo de pessoas possíveis nas saídas. Vai caminhar o candidato, o vice e mais um ou dois para dar um apoio, declara Adaucto Morais, coordenador de campanha do deputado estadual Bruno Lamas (PSB), na Serra.
Para conter as aglomerações, há partidos vão fazer uso de trios elétricos. O veículo vai ser utilizado para transportar os candidatos pelas principais avenidas da cidade e permitir que eles desçam apenas em alguns pontos para se aproximar das pessoas. Essa estratégia deve também substituir algumas caminhadas.
A rua é importante, por isso vamos usar o trio elétrico nesse primeiro momento. É uma forma de dar visibilidade, mas reduzir o contato físico com as pessoas. Onde o candidato descer para conversar, a gente vai estar fazendo uso de álcool em gel e também de máscara, diz Luís Guilherme Silva, coordenador da campanha de Saulo Andreon (PSB) em Cariacica.
As reuniões presenciais também serão realizadas com uma frequência menor e devem ser setorizadas por segmentos: grupo de professores, servidores de saúde, líderes comunitários. A ideia, segundo os partidos, é reunir um grupo reduzido e aliar esses encontros com reuniões virtuais.
Em outras campanhas, já chegamos a fazer oito agendas em um dia só. Eram reuniões de duas em duas horas e terminava com reunião de uma multidão em eventos. Isso não vai ter mais. Vamos apostar em reuniões com lideranças de setores para ter um número menor de pessoas participando, conta Lucas Ribeiro, coordenador da campanha do candidato Neucimar Fraga (PSD) em Vila Velha.
Alguns candidatos, como o deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania), que concorre ao pleito em Vitória, lançaram plataformas on-line para reunir sugestões de moradores da cidade. A ideia, segundo o coordenador de campanha, o vereador Max Mata (PDT), visa reduzir exatamente o número de reuniões presenciais.
"O Vozes de Vitória foi feito para ouvir as pessoas da cidade mas sem precisar que isso seja feito por meio de reuniões. Isso permite que a gente atenda à população e saiba das necessidades dela para elaborar nosso plano de governo, mas sem colocar em risco a vida delas e causar aglomerações", destacou.
Outra preocupação dos candidatos é com os materiais impressos que são entregues aos eleitores, já que o novo coronavírus também pode ser transmitido por meio do contato com superfícies. Para reduzir a contaminação, a distribuição de santinhos e panfletos vai ser menor do que em campanhas anteriores e passará por higienização em alguns casos.
A tendência é ter menos material gráfico na rua e menos pessoas distribuindo também. Se antes a gente colocava 10 pessoas para distribuir um panfleto na feira, agora vai ser 3, 4. Não vamos deixar de fornecer o material de campanha para as pessoas, mas com certeza em menor quantidade e sempre higienizando as mãos, comenta Alex Mariano, coordenador de infraestrutura da campanha do deputado estadual Lorenzo Pazolini (Republicanos), candidato à Prefeitura de Vitória.
Na Serra, a Rede vai usar saco plástico para envolver o material impresso do candidato Fábio Duarte (Rede), que será entregue nas casas das pessoas. Vamos colocar as sacolinhas nas caixas de correio, como se fosse uma correspondência para ter um risco menor de contaminação e facilitar a higienização por parte do eleitor, comenta André Toscano, porta-voz estadual do partido. De acordo com ele, a Serra vai ser um laboratório para testar essa estratégia, que pode ser replicada em outros municípios.
O contato físico é uma das principais formas de transmissão da Covid-19, mas também uma das marcas das campanhas eleitorais. Evitar abraços e apertos de mão deve ser um dos grandes desafios para os candidatos, mas em alguns partidos, utilizar este tipo de cumprimento está fora de cogitação. Os candidatos têm sido, inclusive, instruídos a lembrar o eleitor da importância de manter distanciamento.
Estamos incorporando diferentes formas de cumprimentar as pessoas, um aceno, uma forma de abraçar o próprio corpo com as mãos. O João não vai deixar de sair na rua, mas a atenção vai ser redobrada para seguir os protocolos de saúde. Está descartado o aperto de mão na nossa campanha e vamos monitorar isso, garantiu Marinely Magalhães, coordenadora da campanha de João Coser (PT) na Capital.
Para quem tem um recall político, as restrições do corpo a corpo não devem prejudicar tanto a campanha. Mas no caso de candidatos desconhecidos, que são novos no pleito, o desafio é maior. Em Vila Velha, as equipes têm potencializado o uso das redes sociais, mas não vão abrir mão de fazer o trabalho de rua.
Não vamos deixar de andar pela cidade porque não faz sentido fazer uma campanha distante. É necessário que o candidato se faça conhecido e gaste sola de sapato. Mas isso vai ser feito seguindo os protocolos, com uma equipe reduzida, sem muitos cabos eleitorais e com uso de máscara, álcool em gel, declara Ananda Miranda, marqueteira de Rafael Primo (Rede), que disputará as eleições em Vila Velha.
As visitas vão ser feitas sempre respeitando o número de pessoas e sem nenhum tipo de contato físico. Não se fala na nossa campanha em abraço e aperto de mão. O corpo a corpo vai ser mais um verbo a verbo, vai ficar no aceno, na conversa a distância, afirma Hygoor Jorge, coordenador da campanha de Dalton Morais (Novo).
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