Com os critérios e perfis já definidos e vários partidos interessados, o governador Renato Casagrande (PSB) - agora oficialmente pré-candidato à reeleição - acelera as conversas para decidir quem ficará com as vagas de vice e de senador na sua chapa.
Na entrevista coletiva em que confirmou a sua pré-candidatura, na tarde desta segunda-feira (11), o governador deixou claro que quer ter esses espaços definidos, assim como os suplentes de senador na chapa, antes do dia 31 de julho, data em que será realizada a convenção estadual do PSB. Ou seja, ele espera fechar todas as alianças em menos de 20 dias e deu sinais de que o nome do vice-governador na sua chapa será uma prioridade.
Em uma disputa eleitoral, o nome do vice normalmente é o último a ser definido, depois que todos os partidos aliados já estão consolidados e as opções são colocadas na mesa de discussão. Aquelas que enfrentam menor resistência ou que podem agregar mais saem em vantagem. Oficialmente, a vaga de vice não é um espaço para o qual as pessoas se lançam, mas para o qual elas são levadas durante a discussão das alianças partidárias.
Assim como Casagrande, outros sete pré-candidatos ainda esperam confirmar seus aliados antes de anunciar com quem farão a dobradinha na chapa. O único pré-candidato a governador que já confirmou o nome da vice foi o economista Aridelmo Teixeira (Novo), que contará com a parceria da jornalista Camila Domingues (Novo) na chapa.
"É um debate com os partidos que estarão na aliança. A gente pretende conversar com os partidos e definir os melhores nomes, que tenham o perfil para poder complementar e ajudar na gestão. Ajudar na campanha é importante, mas muito mais importante é ter gente que vai colaborar na gestão", enfatizou o governador Casagrande.
Ele cita como exemplos os perfis da sua atual vice-governadora, Jacqueline Moraes (PSB), e do seu vice no mandato exercido de 2011 a 2014, Givaldo Vieira (PSB), indicado pelo PT nas eleições de 2010.
Casagrande não deve repetir o partido do vice das duas eleições anteriores em que saiu vencedor, pois uma chapa puro-sangue está totalmente fora de cogitação, já que ele pretende fazer "a aliança mais ampla que puder" e a indicação do vice pelo PT não seria "parte da solução" para a obtenção de aliados. O PP é aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) em nível nacional e tem lideranças estaduais que rejeitam a parceria com o PT na disputa estadual.
O perfil buscado pelo governador é de "gente que tenha uma passagem tranquila na vida pública e que possa garantir segurança na gestão", além de ser alguém que agregue.
Na federação formada por PSDB e Cidadania, há alguns nomes cotados para essa indicação, como o do ex-senador e ex-vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB) e do empresário Léo de Castro (PSDB). Já no PP, o nome do ex-secretário estadual de Saneamento e Habitação Marcus Vicente, presidente estadual do partido, poderia ser uma solução para a chapa de deputado federal que já tem quatro candidatos à reeleição. Oficialmente, Vicente é pré-candidato a uma vaga na Câmara dos Deputados.
Da mesma forma que a vaga de vice, a vaga para o Senado na chapa de Casagrande também tem muitos interessados. A mais cotada para obter o apoio do governador é a senadora Rose de Freitas (MDB), que se licenciou do cargo para disputar a reeleição. Na coletiva, Casagrande enfatizou que tem uma excelente relação com Rose e que ela lhe "ajuda muito lá em Brasília".
Como o próprio governador disse em coletiva que é previsível e não dissimula na conversa com os aliados, há quem tenha visto a senadora licenciada na descrição de Casagrande sobre o perfil que deseja para estar ao seu lado na chapa ao Senado. "Quero gente que lute e trabalhe pelo Espírito Santo, que esteja defendendo o nosso Estado, que tenha uma posição política boa nacional, mas que tenha um olhar para o nosso Estado", descreveu o governador.
Mas há outros nomes cotados para a vaga de senador entre os aliados do PSB. Na lista estão: o Coronel Ramalho (Podemos) e o deputado federal Da Vitória (PP), mas o PT e o PSDB também se colocam como interessados na vaga.
Casagrande confirmou que a vaga ao Senado foi um dos pleitos do PT para a aliança, embora a legenda não tenha feito imposição. Há dois pré-candidatos ao Senado no PT: o ex-reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Reinaldo Centoducatte e a ex-secretária municipal de Educação de Cariacica e segunda colocada na disputa de 2020 para prefeito da cidade, Célia Tavares.
Uma nova conversa entre as direções estaduais de PT e PSB, com a presença do governador, está marcada para a manhã desta terça-feira (12), na qual poderá ser confirmada a aliança e a retirada do nome do senador Fabiano Contarato (PT) da disputa para governador.
Após a coletiva, as falas do governador sobre a disputa nacional e a ênfase de que ele e seu partido pedirão votos somente para o ex-presidente Lula na disputa presidencial, como destacado pela colunista Letícia Gonçalves, soaram como um recado ao PT de que Casagrande deixará clara a sua posição sobre quem apoia na disputa presidencial, mesmo que tenha aliados dos mais diferentes espectros políticos no seu entorno.
Com relação à segurança na disputa eleitoral, o governador ressaltou que a decisão sobre aumentar a sua segurança pessoal compete à Casa Militar, mas considera que o ambiente não está normal e "todo mundo tem de estar mais atento".
Ele citou a morte do ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe, morto na semana passada a tiros quando fazia um discurso, na cidade de Nara, e o assassinato do guarda municipal petista Marcelo Arruda, que teve a sua festa de 50 anos com temática do PT invadida pelo policial penal bolsonarista Jorge Jose da Rocha Guaranho, em Foz do Iguaçu, Paraná.
Para Casagrande, o tom da política precisa de atenção e é preciso reduzir a intensidade. "Acho que a minha tarefa como liderança, como governador, independente da candidatura, é amainar o ambiente. Não posso, como governador, instigar. Preciso acalmar o ambiente. Mas acalmar o ambiente não significa não ter preocupação. Qualquer pessoa que participa da eleição precisa observar mais as coisas para voltar a política para o leito normal", salientou.
Ainda abordando o tema da agressividade na política, o governador falou que vai recorrer à Justiça sempre que precisar na pré-campanha ou na disputa eleitoral, seja para evitar mentiras ou que uma vida seja perdida, como ocorreu no Paraná.
Casagrande voltou a falar em debater ideias, propostas e a história de cada candidato. "O nível de agressividade que a gente tem assistido na política nesses últimos anos é de deixar a gente desanimado com aquilo que a gente vê, não com o fazer política. Quando tem qualquer agressividade gratuita e mentirosa, é Justiça na hora", garantiu.
Ele ressaltou que o objetivo de levar essas questões à Justiça é mostrar que rede social não é lugar sem lei. Ele se demonstrou confiante de que a Justiça Eleitoral vai ser dura na disputa, mas disse que é preciso que os cidadãos também ajudem a combater e não alimentem fake news.
O governador acrescentou que não usará do mesmo estilo de adversários que costumam ir para as redes sociais para xingar as pessoas e considera que isso "seria insano, irresponsável", especialmente por ocupar o posto de maior liderança do Executivo estadual. "Vou para a Justiça a todo o instante que for preciso para desmascarar quem quer praticar a política baixa e violenta que estamos vendo de algumas pessoas", sintetizou.
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