O governador Renato Casagrande (PSB) foi sabatinado nesta quarta-feira (24) na série de entrevistas que o G1 ES está promovendo com candidatos ao governo do Espírito Santo. Durante uma hora de entrevista com as jornalistas Maíra Mendonça e Rafaela Marquezini, ele falou de propostas, defendeu a redução da maioridade penal para 16 anos em caso de crimes hediondos e afirmou que o aumento da pobreza no Estado está diretamente relacionada "à ineficiência" de políticas do governo federal, bem como de crises política e econômica permanentes no âmbito nacional.
A redução da maioridade penal foi abordada por Casagrande em resposta sobre como manter os adolescentes longe do crime ou tirar aqueles que já entraram. Ele ressaltou, contudo, que se trata de uma opinião pessoal e não de uma articulação que esteja promovendo sobre o assunto.
A respeito do fato de o Estado ter mais de 1 milhão de pessoas na linha de pobreza ou abaixo dessa linha, o governador atribuiu a responsabilidade "à ineficiência" de políticas públicas no âmbito nacional e disse que pretende oferecer, se reeleito, um programa que vai vincular o acesso a um programa de microcrédito às pessoas que participarem de programas de qualificação oferecidos pelo governo estadual.
Para ele, é preciso que o governo federal invista em “um programa robusto de transferência de renda e geração de emprego” para que a situação seja superada. “Nosso objetivo é zerar o número de famílias que vivem abaixo da linha de pobreza. Tem pessoas que são tão necessitadas que nem chegam a estar cadastradas nos CRAS (Centros de Referência em Assistência Social). Os brasileiros mais pobres sofreram muito com a pandemia. Estamos trabalhando para tentar reduzir o impacto", completou.
CONFIRA OS PRINCIPAIS PONTOS DA ENTREVISTA:
SEGURANÇA
Casagrande ressaltou que a sua prioridade em relação à área da segurança, caso seja reeleito, é avançar no que chama de "segurança pública digital", que envolve ações de inteligência e uso de tecnologias modernas para auxiliar no combate à violência. Ele afirmou que assumiu o governo do Estado pela primeira vez, em 2011, "com a estrutura da segurança destruída", reestruturou a área até 2014, mas que reassumiu o comando do Palácio Anchieta em 2019 com a área novamente desestruturada, "com falta de policiais militares e civis".
"Estamos trabalhando com políticas integradas com a maioria dos municípios e agora está pronto para a Grande Vitória o cerco inteligente, que vai ter 500 câmeras ligadas à inteligência artificial para controlar toda a movimentação de veículos na Grande Vitória. Até o final do ano, serão 1.650 câmeras para controlar a movimentação de veículos e de pessoas no Estado todo: carros clonados, roubados, furtados, usados pelo mundo de crime, então o nível de controle com a tecnologia vai aumentando.
O candidato à reeleição disse que vai buscar fortalecimento e integração das polícias e trabalhar junto com as prefeituras para obter mais resultados no combate às facções criminosas. Entre as promessas do atual mandato que pretende cumprir é a implantação de um centro integrado de polícia técnico-científica, que será instalado em Cariacica.
Ele ainda assegurou que não tem qualquer arrependimento da anistia concedida aos policiais que participaram da greve de 2017, pois “ficou a certeza da decisão correta”. “Eu tinha dois mil policiais com processos administrativos. Se demitisse todos, ia continuar com a polícia doente, gente que estava se matando pela pressão que estava, tive de fazer a anistia e dar um sinal de diálogo, recompor, para alcançar os melhores resultados em termos de homicídios”.
Ele afirmou que o governo estadual tem R$ 3,2 bilhões no caixa, refutando a informação de adversário de que tem R$ 6 bilhões. Ele disse que os demais recursos são de destinação específica e não podem ser contabilizados na soma. Casagrande destacou que só foi possível reduzir imediatamente as alíquotas do ICMS do combustível e telefonia após a aprovação de legislação federal, enquanto outros Estados decidiram levar a questão à Justiça, porque havia dinheiro em caixa.
Somente com a redução das alíquotas de ICMS, o Estado perdeu R$ 1,6 bilhão em arrecadação este ano, segundo o governador. “Para o próximo ano, vamos ter de pensar o que vamos fazer, mas precisamos ter responsabilidade. É bom que o governo do Estado tenha equilíbrio. Não deixei de investir, mas mantivemos essa poupança. Vamos chegar a mais de R$ 6 bilhões em investimentos em infraestrutura até o final do ano”, acrescentou.
EDUCAÇÃO
Em relação à educação, Casagrande afirmou que sua prioridade será o projeto “Escola do futuro”, por meio do qual pretende fazer com que haja uma integração maior das escolas às novas tecnologias, com laboratórios para as mais diversas áreas e startups. Ele assegurou que todas as escolas com condições de ter laboratórios de informática já têm, mas algumas não dispõem de espaço físico e receberam recursos para comprar laboratórios portáteis.
Outro ponto que o candidato à reeleição disse que pretende avançar é sobre o repasse de recursos estaduais para os municípios ampliarem a oferta de escolas em tempo integral, entre outras medidas. Ele ressaltou que a tarefa do governo estadual é cuidar do ensino médio, mas a educação básica também terá atenção da sua gestão, em caso de reeleição.
“O concurso para professores está em andamento. Já fizemos um reajuste em 2021 para os professores, chegando a 25%, pagamos bônus-desempenho, abono. Os professores serão permanentemente valorizados na nossa gestão e não apenas com salários, mas também com cursos de formação”, garantiu.
Ele ressaltou que o legado da pandemia será a microrregionalização dos serviços de saúde, plano que só começou a ser colocado em prática a partir de junho deste ano, com a redução da demanda de leitos de Covid-19. Ele mencionou que, a partir de setembro, também passará a funcionar o atendimento por telemedicina, inicialmente em seis municípios.
Acerca dos moradores do interior do Estado que precisam vir à Grande Vitória para conseguir atendimento em algumas especialidades, Casagrande afirmou que ainda não será possível descentralizar o atendimento para os municípios do interior em todas elas, mas garantiu que para a maioria das áreas os moradores não precisarão mais se deslocar até a Região Metropolitana.
O candidato à reeleição também falou a respeito do piso dos profissionais de enfermagem, que passará a valer na rede pública estadual em janeiro de 2023. “O piso é justo, é um salário com mais dignidade, mas o Congresso Nacional inventa despesa sem dizer de onde vem a receita. O governo (federal) deveria ter discutido com o Congresso algum tipo de compensação. Há instituições filantrópicas que não vão conseguir pagar. Vamos ter de fazer pequenos ajustes em alguns profissionais, mas já pagamos quase o piso para todos", enfatizou.
A entrevista completa de Casagrande, com todas as propostas abordadas, disputa presidencial, mobilidade, transparência e outros temas pode ser conferida no site do G1ES. Na terça-feira (23), o entrevistado foi Audifax Barcelos (Rede). Na segunda-feira (22), foi Carlos Manato (PL). As próximas entrevistas serão feitas com Guerino Zanon (PSD), na quinta (25); e Claudio Paiva (PRTB), Capitão Vinicius Sousa (PSTU) e Aridelmo Teixeira (Novo), todos na sexta. A ordem de apresentação foi definida em sorteio e o tempo determinado para cada candidato seguiu o critério de desempenho na última pesquisa eleitoral Ipec/Rede Gazeta.
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