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Casagrande espera que Lira e Pacheco garantam diálogo com Estados

Casagrande espera que Lira e Pacheco garantam diálogo com Estados

Novos presidentes da Câmara e do Senado contaram com apoio de Bolsonaro. Governador do ES quer que eles atuem, diante da ausência de interlocução com o governo federal

Publicado em 2 de fevereiro de 2021 às 17:22- Atualizado há 4 anos

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Alcolumbre visita Casagrande
O ex-presidente do Senado Federal Davi Alcolumbre durante visita ao governador Renato Casagrande no Palácio Anchieta, no dia 11 de janeiro. Alcolumbre veio acompanhado do senador Rodrigo Pacheco, eleito presidente do Congresso nesta segunda-feira (1º). (Carlos Alberto Silva)

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), disse esperar que o deputado Arthur Lira (PP-AL) e o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), eleitos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado na segunda-feira (1º), cumpram o "papel que os ex-presidentes cumpriram" de manter interlocução com os governadores quando faltar diálogo por parte do governo federal. Os parlamentares foram eleitos com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e da maioria dos deputados e senadores capixabas.

"Vi com naturalidade o resultado e espero que eles possam cumprir o papel que o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) cumpriu, que o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) cumpriu, que é de fazer uma interlocução com os governadores pela ausência, às vezes, de um diálogo com o governo federal", disse.

O chefe do Executivo estadual deu as declarações em entrevista para A Gazeta após coletiva com integrantes da Secretaria Estadual de Educação, na manhã desta terça-feira (02). Casagrande ressaltou, ainda, o discurso dos dois parlamentares eleitos. "Vi o discurso dos dois depois do resultado, todos dizendo que trabalharão para um ambiente de mais harmonia na política brasileira, com diálogo, com respeito às duas instituições, com autonomia das duas instituições", apontou.

O socialista já havia demonstrado simpatia ao nome de Pacheco para o Senado quando recebeu a visita do demista e do então presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), no dia 11 de janeiro. Na ocasião, após um almoço que durou cerca de duas horas, Casagrande elogiou o senador de Minas Gerais. "A história de Pacheco é uma história de defesa das instituições democráticas", disse, ao lado dos senadores. Casagrande também ressaltou o fato de o senador ter sido eleito por Minas, um "Estado irmão do Espírito Santo".

O deputado Arthur Lira, em campanha pela presidência da Câmara, também esteve no Espírito Santo, no dia 25 de janeiro, mas devido a uma alteração na agenda do então candidato, ele e Casagrande não se encontraram como estava planejado. O deputado é líder do Centrão e foi a opção de voto de pelo menos seis dos 10 deputados que representam o Espírito Santo. 

O progressista foi eleito com o apoio de Bolsonaro, que chegou a negociar cargos e emendas parlamentares para conseguir mais votos entre os deputados. O presidente também comemorou, nas redes sociais, a vitória de Lira.

Na passagem por Vitória, o parlamentar evitou criticar a gestão do governo federal em meio à pandemia de Covid-19, minimizou os tropeços do Ministério da Saúde quanto à vacinação e não se posicionou sobre os pedidos de impeachment do presidente da República que o esperam na gaveta da mesa herdada de Maia.

Mesmo com o discurso conciliador, com acenos à oposição, após a eleição, no primeiro ato como presidente da Câmara Lira invalidou o registro do bloco do adversário na disputa, Baleia Rossi (DEM-RJ), formado por partidos como PT, PSB, PV e Rede. A decisão altera a formação dos demais cargos da Mesa Diretora, que respeita a proporcionalidade partidária. Ainda falta preencher cargos como de primeiro e segundo vice-presidentes e de quatro secretários. Após a questão ser judicializada, Lira ensaiou um recuo.

Apesar de os dois presidentes recém-eleitos terem contado com a ajuda de Bolsonaro, Casagrande não vê ameaça à independência dos Poderes e ao papel fiscalizador do Parlamento. "O Senado e a Câmara são instituições muito importantes para o Brasil e, mesmo que eles tenham tido ajuda do governo federal, do presidente da República, eles saberão conduzir adequadamente, com equilíbrio, as duas Casas (...) O Congresso Nacional tem comissões, tem iniciativas individuais dos parlamentares, e eles terão capacidade de cumprir essa tarefa", avaliou.

NA ASSEMBLEIA DO ES, "RESULTADO MUITO BOM" 

A segunda-feira também foi dia de eleição no Legislativo capixaba. Erick Musso (Republicanos) foi reeleito, em chapa única, para seu terceiro biênio consecutivo à frente da Assembleia. Para o governador, o resultado foi "muito bom" e a Casa soube "construir um consenso". Casagrande ressaltou, ainda, que tem um bom diálogo com "quase todos" os 30 deputados.

"Não estou dizendo que todos estão alinhados em qualquer assunto com o governo ou em qualquer posição do governo, mas são deputados que têm diálogo com o governo. A gente tem diálogo com praticamente todos os 30 deputados. E a Assembleia conseguiu construir um consenso e uma harmonia que agregou quase todos os parlamentares. Então dou parabéns aos que coordenaram e lideraram esse movimento na Assembleia Legislativa", assinalou.

A eleição na Casa contou com interferência do próprio Palácio Anchieta, que chegou a tentar emplacar um nome mais casagrandista que Erick na presidência, mas depois recuou. Casagrande abençoou Erick Musso, que também fez concessões, como ao se comprometer a revogar a resolução que lhe dá "superpoderes" e, assim, voltar a dividir atribuições com o 1º e o 2º secretários da Mesa, aliados de primeira hora do governo do Estado.

A atuação do governo e do secretário da Casa Civil, Davi Diniz, nas costuras para a definição da Mesa Diretora da Assembleia foi, inclusive, criticada pelo deputado estadual Sergio Majeski, que é do mesmo partido do governador. O socialista usou a tribuna para afirmar que a chapa foi construída em negociações que aconteceram "mais no Palácio Anchieta do que na Assembleia". Dary Pagung (PSB) e Alexandre Quintino (PSL), dois dos deputados mais fiéis ao chefe do Executivo, ficaram com os cargos de 1º e 2º secretários, respectivamente.

Além disso, aliados de Casagrande também vão comandar algumas das comissões mais importantes da Assembleia, como a de Constituição e Justiça – responsável por analisar de um projeto é ou não constitucional – e a de Finanças – que dá parecer sobre as matérias de orçamento encaminhadas pelo Executivo. Gandini (Cidadania) e Freitas (PSB) devem assumir os colegiados.

O governador já está com projetos em mãos para encaminhar à Assembleia. "Vou encaminhar nos próximos dias o projeto para autorização para repassar recursos para professores e para aquisição de computadores e de internet para alunos da rede pública", adiantou. Além desses, Casagrande afirmou que aguarda a aprovação de outras duas propostas que tramitam na Casa. "O projeto que estabelece o programa de energia renovável, projeto gerar, e o projeto que reduz ICMS de óleo combustível para as embarcações, para ter incentivo à navegação de cabotagem aqui no Estado", enumerou.

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