Escolhido para ser o vice na chapa do governador Renato Casagrande (PSB) para concorrer à reeleição, o ex-senador Ricardo Ferraço (PSDB) garantiu que a construção da aliança ocorreu de forma natural, sem planejamento prévio, e que pretensões eleitorais para 2026 não entraram em discussão. No mercado político, tão logo Ferraço foi confirmado como pré-candidato a vice de Casagrande, já surgiram especulações em torno do nome dele para uma eventual sucessão do socialista daqui a quatro anos, caso o governador seja reeleito em outubro deste ano.
"O futuro que tenho planejado é um só: passar de pré-candidato a candidato e trabalhar muito para ganhar as eleições e manter o Espírito Santo no rumo certo", assinalou Ferraço.
Ele acrescentou que qualquer conversa relacionada a 2026 no momento atual "é pura ficção". "O Casagrande não conversou isso comigo, eu não conversei isso com ele. Ele não tem nenhum compromisso comigo para 2026. Essa especulação beira o sentimento de arrogância. Tudo o que nos move é evoluir de pré-candidato para candidato, dialogar com a sociedade, respeitando os adversários, e trabalhar com muita energia para vencer as eleições", completou o ex-senador.
Ferraço está há três anos e meio na planície. Desde que deixou o mandato de senador, no início de 2019, passou a atuar na iniciativa privada, inclusive como consultor empresarial. Mas sua carreira na política foi construída ao longo dos últimos 40 anos, com início em 1982, quando assumiu seu primeiro mandato eletivo como vereador de Cachoeiro de Itapemirim. Ele seguiu a tradição familiar, já que é filho do deputado estadual e ex-prefeito de Cachoeiro Theodorico Ferraço (PP).
De lá para cá, foi deputado estadual por dois mandatos (de 1991 a 1999), período em que foi eleito presidente da Assembleia Legislativa, e chegou à Câmara dos Deputados em 1999, depois de se eleger com recorde de votos em 1998. Em seguida, passou por diversas secretarias estaduais, incluindo Agricultura e Infraestrutura, na primeira gestão do ex-governador Paulo Hartung (sem partido), com quem compôs a chapa vencedora na disputa ao governo do Estado nas eleições de 2006.
Com essa trajetória, Ricardo Ferraço assumiu o posto de vice-governador, em 2007, já sendo cotado para suceder Hartung. Porém, em 2010 foi retirado da disputa a governador em meio a acordos que o levaram a apoiar Casagrande para o governo e a concorrer ao Senado, sendo eleito para um mandato de oito anos.
Agora, a história se repete, com ele sendo novamente cotado para concorrer à sucessão do parceiro de chapa, ainda antes da disputa eleitoral ser consolidada. Isso porque, se for reeleito este ano, Casagrande não poderá concorrer novamente ao governo em 2026.
Questionado se os fatos ocorridos em 2010 o deixam reticente sobre fazer qualquer projeção para o futuro, Ferraço foi taxativo: "O que aconteceu lá atrás ficou para trás. É página virada".
Nesse período em que esteve na planície, ele se manteve próximo de Casagrande, ainda que longe dos holofotes. Ele perdeu a disputa à reeleição para o Senado, em 2018, e chegou a ser convidado pelo atual governador para integrar a sua equipe. Segundo Ferraço, a recusa para compor o secretariado de Casagrande se deu porque "parecia prêmio de consolação" por ter perdido a disputa para senador.
"Parece que a pessoa não tem capacidade de buscar alternativas. Fiz questão de respeitar a decisão da população e, nos últimos três anos e meio, atuei na iniciativa privada", acrescentou o ex-senador do PSDB.
Ele ainda ressaltou que não conversou nada sobre sua eventual atuação como vice-governador, caso a chapa de Casagrande tenha êxito nas urnas, se será novamente ativo e exercerá algum cargo no governo, como o fez durante o período em que foi vice de Hartung.
Ferraço resumiu que as razões que o levaram a ser escolhido para vice estão diretamente ligadas à "confiança mútua" entre ele e Casagrande, a sua experiência como gestor de diversas secretarias e a sua atuação como vice, bem como de senador. Ele não credita a escolha ao trânsito com o meio empresarial, nem mesmo ao equilíbrio da chapa liderada pelo PSB, que conta com 10 partidos aliados e vai do PT do ex-presidente Lula ao PP, aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ele finalizou dizendo que se prepara para as convenções da federação PSDB e Cidadania, no próximo dia 28, quando o seu nome deve ser confirmado para vice de Casagrande, para poder começar a rodar os municípios do Espírito Santo fazendo campanha eleitoral.
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