O governador Renato Casagrande (PSB) avalia que se o governo federal não assumir a coordenação do processo de vacinação da população no país em meio à pandemia de Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode se desgastar e chegar politicamente enfraquecido ao ano eleitoral de 2022.
"Eu espero que o presidente não fique preso a seu erro, avalie, comande e coordene todo o processo de vacinação. O ideal é que a imunização comece já a partir de janeiro. Caso contrário, ele vai acabar antecipando politicamente o fim do seu mandato. Não estou falando de impeachment, mas de o presidente ficar fragilizado e sem força política até dezembro de 2022", afirmou Casagrande, nesta terça-feira (08), ao blog do jornalista Valdo Cruz, do G1.
A declaração foi dada ainda antes da reunião entre governadores e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, da qual o governador do Espírito Santo participou.
A busca pela vacina da Covid-19 não é apenas uma questão de saúde ou política, mas também econômica. "Se apenas alguns Estados decidirem fazer a vacinação por conta própria, por inação do governo, a economia vai piorar, o desemprego vai aumentar, e o Brasil sairá perdendo", destacou Casagrande.
Já após o encontro com Pazuello, em entrevista à GloboNews, o governador se disse frustrado: "Dois meses para a aprovação de uma vacina é fora da realidade".
Casagrande observa, contudo, que o ministro não pode dar garantias por conta própria, tem que falar primeiro com Bolsonaro, que já o desautorizou publicamente, quando Pazuello afirmou que o governo iria adquirir doses da Coronavac, vacina produzida em São Paulo pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, empresa chinesa.
São Paulo é o Estado governador por João Doria (PSDB), desafeto do presidente da República.
Casagrande lembrou que a vacina da americana Pfizer já está sendo aplicada na população do Reino Unido e em breve deve ser autorizada nos Estados Unidos.
Doria chegou a anunciar vacinação, em São Paulo, para 25 de janeiro, com a Coronavac. Mas o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ainda que emergencial, deve extrapolar o prazo.
O que difere, ministro, a condição e a sua gestão de privilegiar duas vacinas em detrimento de outra? É uma razão de ordem ideológica e política ou é uma razão de falta de interesse de disponibilizar mais vacinas?", questionou Doria, na reunião com Pazuello. O ministro retrucou que "a vacina do Butantan não é do Estado de São Paulo".
Enquanto isso, no Espírito Santo, Casagrande já disse, no último dia 3, que o Estado negocia doses com a Pfizer e também com a empresa americana Moderna. Mas aguardava um sinal do governo Bolsonaro.
Casagrande também afirmou à Globo News, nesta terça, que, além da agilidade, os governadores cobraram do ministro que o governo federal assuma a coordenação da vacinação em todo território nacional.Seria muito ruim prazos diferentes num mesmo país, um brasileiro melhor que o outro. Se acontecer isso, o presidente se fragiliza muito.
Pazuello afirmou que todas as vacinas que tiverem eficácia e registro da Anvisa serão adquiridas, mas a Anvisa vai precisar de um tempo cumprindo essa missão".
"O registro gira em torno de 60 dias. Se tudo estiver redondo, teremos o registro efetivo da AstraZeneca no final de fevereiro, dando início à vacinação, afirmou o ministro. A intenção de compra é de 70 milhões de doses da vacina da Pfizer/Biontech.
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