Em seu último dia na Câmara de Vitória, Gilvan da Federal (PL), que teve o mandato de vereador cassado, usou a tribuna pela última vez para defender o vereador Armandinho Fontoura (Podemos). Este último foi preso em 15 de dezembro durante uma megaoperação da Polícia Federal que investiga a formação de milícias digitais.
“Desde quando aconteceu a prisão de um parlamentar, de um amigo que não cometeu crime algum, eu mal consigo dormir. Armandinho nem da audiência de custódia saiu. Eu sou policial há 19 anos e vejo assaltante preso com fuzil sendo solto na audiência de custódia, e você vê um cara inocente, pelo que falou, não ter o devido processo legal”, declarou Gilvan.
Eleito presidente da Câmara de Vitória a partir do próximo ano, Armandinho teve o pedido de prisão preventiva determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, após pedido do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que informou ao STF, no âmbito do inquérito das fake news, que o vereador usava as redes sociais para disseminar mensagens de ódio contra ministros da corte.
Além das manifestações individuais, o MP considerou que ele fazia parte de uma "milícia privada digital" envolvendo outros alvos de mandado de prisão. O vereador passou por audiência de custódia no dia 16, mas teve a prisão mantida.
“Hoje estou de despedida, triste não pela minha saída, mas triste por ver o que a Câmara de Vitória está passando. (...) Um cidadão, um parlamentar inocente, que não cometeu crime algum, preso”, continuou Gilvan.
Eleito deputado federal em outubro pelo PL, Gilvan teve o mandato na Câmara de Vitória cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em 12 de dezembro por infidelidade partidária. Ele foi eleito vereador em 2020 pelo Patriota, mas mudou para o PL este ano sem autorização do partido pelo qual se elegeu. Ele também foi condenado a pagar multa.
Ao comentar a decisão da Justiça Eleitoral, o agora ex-vereador agradeceu os colegas de trabalho e declarou que fez “tudo aquilo que minha consciência mandou.”
Ele deixará a Câmara de Vitória, mas assumirá o mandato de deputado federal em 1º de fevereiro de 2023. A decisão do TRE não impede que Gilvan assuma o novo cargo para o qual foi eleito este ano.
Após a fala, o atual presidente da Câmara, Davi Esmael, convocou o suplente de Gilvan, Leonardo Monjardim (Patriota), para a posse, prevista para a quarta-feira (21). Ele não esteve presente na sessão realizada nesta terça (20), entretanto, seu nome já consta no painel de votações, aguardando a concretização da transição.
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