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Cidade do ES que vai ter nova eleição para prefeito conta com 3 pré-candidatos

Cidade do ES que vai ter nova eleição para prefeito conta com 3 pré-candidatos

Disputa está concentrada entre os dois grupos políticos que se enfrentaram em novembro de 2020, conforme informações de bastidores. População se diz desgastada com a situação

Publicado em 17 de junho de 2021 às 02:00

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Município terá eleição suplementar no dia 1º de agosto
Município terá eleição suplementar no dia 1º de agosto. (Reprodução/Prefeitura)

Enquanto os prefeitos dos demais municípios capixabas completam seis meses de gestão, em Boa Esperança, no Noroeste do Espírito Santo, o clima ainda é de disputa. Com a decisão da Justiça Eleitoral de barrar o candidato mais votado no último pleito, a cidade se prepara para a eleição suplementar, que será realizada no dia 1º de agosto.

Isso significam novas negociações partidárias, convenções, e campanha eleitoral. As siglas se articulam para a formação de chapas e o tabuleiro conta, até o  momento, com três pré-candidaturas. Entre os eleitores, a sensação é de cansaço e desgaste com uma situação que se arrasta desde o ano passado.

Em novembro, 58,73% dos eleitores esperancenses votaram na chapa encabeçada pelo candidato do Solidariedade, Romualdo Milanese, para a prefeitura. A candidatura de Romualdo, no entanto, foi barrada pela Justiça Eleitoral, que considerou que ele estava inelegível na data em que se filiou ao partido, em abril de 2020. Romualdo foi condenado a três anos de inelegibilidade em uma ação de improbidade administrativa.

Com a candidatura indeferida, Romualdo e seu vice na chapa, Rogério Vieira (PSB), não puderam ser diplomados e assumir os cargos. O município é comandado interinamente por Renato Barros (Solidariedade), presidente da Câmara Municipal e integrante do grupo político de Romualdo.

PRÉ-CANDIDATOS

O cenário se desenrola de forma similar ao de 2020. Embora três nomes despontem como possíveis candidatos, nos bastidores as articulações se concentram em dois grupos políticos. Cláudio Boa Fruta (DEM), candidato que disputou contra Romualdo no ano passado, é dado como certo na disputa novamente. Ele teve 3.286 votos (41,27%). Ao lado de Boa Fruta estão os partidos MDB e PP. 

Cláudio Boa Fruta (DEM), candidato a prefeito em Boa Esperança
Cláudio Boa Fruta (DEM), pré-candidato a prefeito em Boa Esperança. (Reprodução/Redes Sociais)

"O MDB está com o grupo do Cláudio. Inclusive, fomos o partido que apoiou a candidatura dele desde o início, no ano passado", pontua Weverton Filgueira, vereador eleito pelo MDB.

Quem deve completar a chapa é o ex-prefeito do município Lauro Vieira (PP). Quando foi eleito, em 2016, Lauro contou com o apoio de Romualdo e esperava tê-lo ao seu lado, novamente, para disputar a reeleição. Mas, mudando os planos, o integrante do Solidariedade se lançou na disputa, deixando Lauro a ver navios.

Com a ruptura, o ex-prefeito se aproximou de Boa Fruta e os dois devem disputar juntos. "Romualdo não me apoiou para a reeleição, e eu tinha o direito de me reeleger. Na eleição de agosto, eu e Cláudio estaremos juntos. Isso está certo", confirma o progressista.

Do outro lado, estão Solidariedade, PSB, PT e PSL. Desde que a candidatura de Romualdo foi barrada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES), em novembro do ano passado, a esposa dele, Fernanda Milanese (Solidariedade), é apontada como sua substituta na eleição suplementar. Enfermeira, Fernanda chegou a participar de reuniões na prefeitura durante a gestão interina do presidente da Câmara.

Renato Barros, prefeito interino de Boa Esperança, ao lado da deputada Raquel Lessa, Fernanda Milanese e Romualdo Milanese
Renato Barros, prefeito interino de Boa Esperança, ao lado da deputada Raquel Lessa, Fernanda Milanese e Romualdo Milanese. (Facebook/Romualdo Milanese)

O grupo, no entanto, não confirma oficialmente a pré-candidatura dela. Entre os aliados, Rogério Vieira, presidente municipal do PSB que foi vice na chapa, também se coloca como candidato. "Eu fiz parte da chapa eleita, então poderia encabeçar dessa vez, sim. Mas estamos dialogando para encontrar a melhor formação para o grupo", pontua.

"As reuniões entre as lideranças partidárias estão acontecendo para encontrar a dupla mais viável para a disputa. A discussão é bem democrática, pois vários nomes dos partidos aliados se colocaram à disposição", aponta Romualdo.

Um terceiro nome desponta, ainda, correndo por fora das alianças. O Republicanos, sigla que integrou o grupo do Solidariedade no último pleito, rompeu politicamente com Romualdo e anunciou a pré-candidatura de uma chapa puro-sangue, formada pelo ex-vereador e ex-secretário da Agricultura Antônio José Bastos e pelo presidente municipal da sigla, José Maria Rafalfki.

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Antônio José (Republicanos) pode ser um dos candidatos na disputa em Boa Esperança. (Redes Sociais/Câmara Municipal de Boa Esperança)

"Nós não somos inimigos de ninguém, mas o jogo político é assim. Houve uma chateação por parte do partido quando Antônio José deixou de ser secretário e estamos, no momento, decidindo lançar candidatura própria", destaca Rafalfki.

POPULAÇÃO ESTÁ "CANSADA"

Desde quando o TRE-ES barrou a candidatura de Romualdo, em novembro, a população de Boa Esperança, que tem pouco mais de 15 mil habitantes, acompanha o caso de perto. Com convocação nas redes sociais, as sessões do TRE-ES e, depois, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tonaram-se eventos para os esperancenses.

Moradores organizaram manifestações cobrando uma resolução rápida para a situação, que acabou deixando um cenário incerto, principalmente para servidores municipais que ocupam cargos comissionados (de livre nomeação e exoneração).

"Cidade pequena é assim, são dois grupos políticos e toda vez que troca o prefeito troca quase toda a prefeitura. Nós ficamos sem saber o que vai acontecer, se estamos com emprego garantido ou não", relata um servidor da prefeitura que prefere não ser identificado.

A questão eleitoral que indefiniu o futuro do município virou assunto em todas as rodas de conversa. Agora, no entanto, o tom passou a ser de desgaste e desconfiança.

"Estão todos muito cansados do assunto. O que aconteceu desgastou muito. Se o candidato já sabia que poderia dar problema e concorreu mesmo assim, o desenrolar dos fatos causou um cansaço nas pessoas. Está todo mundo doido que chegue logo o dia da eleição para resolver. Ganhe quem tiver que ganhar. Só queremos ter uma definição", aponta Alini Belichi, professora no município.

"A cidade está mais parada. Converso com muita gente e, embora exista fofoca, conversa, sobre quem será candidato ou quem não será, o papo se resume a isso. As pessoas ficaram cansadas", completa a manicure Layane Stella Pereira.

Entre aliados de Romualdo, há uma preocupação com a imagem que é transmitida para os eleitores. Um dos vereadores que compõem o grupo admite que eles podem perder a disputa. "A política está resolvida. Se eu fosse apostar apostaria no grupo contrário porque o povo ficou muito chateado com a situação", opina.

RELEMBRE O CASO

O cenário de incerteza em Boa Esperança teve início ainda em novembro, quando o TRE barrou a candidatura de Romualdo. A Corte considerou que o político estava inelegível quando se filiou ao Solidariedade, em abril do ano passado. Romualdo foi condenado a três anos de inelegibilidade em um caso de improbidade administrativa.

A chapa não pôde tomar posse do cargo no dia 1º de janeiro. No lugar dele, assumiu a prefeitura interinamente o vereador Renato Barros, do mesmo grupo político. A escolha de Barros, vereador menos votado que está em seu primeiro mandato, para ocupar a cadeira de presidente da Câmara – que naquela altura significava ocupar a prefeitura – foi acertada em uma reunião entre a maioria dos vereadores, feita na casa de Romualdo.

As decisões no município, no entanto, não deixaram de ter as digitais do político do Solidariedade. Romualdo participou de reuniões, eventos da prefeitura e até encontros com deputados estaduais e com o governador Renato Casagrande (PSB). Alguns desses encontros, com os parlamentares, aconteciam na casa do candidato mais votado em 2020, que se tornou uma espécie de gabinete extraoficial

A defesa de Romualdo recorreu até a última instância. No dia 15 de abril, o TSE negou o recurso e manteve a decisão do TRE-ES de barrar a candidatura. No mês seguinte, no dia 26, a data do pleito suplementar foi marcada para o dia 1º de agosto e o novo calendário eleitoral foi divulgado. 

As convenções partidárias, que vão oficializar as candidaturas, vão ser realizadas entre os dias 21 e 26 deste mês. As legendas têm até o dia 3 de julho para registrar os candidatos na Justiça Eleitoral.

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