Faltando poucos meses para a eleição municipal, o cenário político de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, ainda apresenta mais incertezas do que definições. O atual prefeito, Sérgio Meneguelli (Republicanos), não garantiu se vai tentar a reeleição. Já o secretário estadual da Agricultura, Paulo Foletto (PSB), que era apontado como o candidato certo de um setor da oposição, com o apoio do Palácio Anchieta, desistiu de concorrer, o que pode causar uma dissolução no grupo palaciano.
Em meio a esse panorama, outros nomes surgem como alternativas para a disputa, como o do comandante da Companhia da Polícia Militar de Colatina, Capitão Carlos Balbino. Além dele, outros pré-candidatos ainda tentam o apoio do grupo político que estava formado em torno de Foletto, como o vereador Renann Bragatto Gon (PSB) e o médico Rogério Rezende (PDT). (Veja a lista com os principais pré-candidatos no final desta reportagem.)
O prefeito Sérgio Meneguelli se filiou ao Republicanos no início deste ano, partido que tem como principais lideranças no Estado o deputado federal Amaro Neto e o presidente da Assembleia, Erick Musso. O chefe do Executivo municipal ainda não decidiu se vai tentar a reeleição ou não. Em nota, Meneguelli disse que está focado em conduzir a cidade durante a pandemia do novo coronavírus.
Esse posicionamento do prefeito é recorrente, quando questionado sobre as pretensões políticas. Em entrevista para A Gazeta em abril, ele afirmou que "tinha nojo" das brigas políticas durante o combate à Covid-19.
Pela popularidade conquistada nas redes sociais, o prefeito de Colatina é apontado por lideranças locais como possível candidato nas eleições de 2022, para uma vaga na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal.
Nos bastidores, a avaliação é que as pretensões futuras podem ser prejudicadas se for candidato agora. Se fracassar na tentativa de reeleição, pode ter uma perda considerável no seu capital político. Caso reeleito, precisaria sair no meio do mandato para assumir outro cargo eletivo, o que pode ser avaliado negativamente pelo eleitorado.
Paralelo a isso, Menguelli pode sofrer pressão de aliados locais e estaduais para tentar a permanência na prefeitura. Existem, inclusive, conversas com o PSDB para formação de uma chapa. Pessoas próximas ao político garantem que a decisão do prefeito deve sair nos últimos dias do prazo para definição de candidaturas.
Experiente na política capixaba, Foletto era apontado como o candidato que faria a aglutinação das forças políticas de oposição ao atual governo municipal, com o apoio do governador Renato Casagrande (PSB), mas desistiu de concorrer ao comando de Colatina. Foletto foi eleito deputado federal em 2018, mas assumiu a secretaria. Na vaga na Câmara dos Deputados está o suplente, Ted Conti (PSB).
"A ideia seria fazer uma aglutinação em torno do meu nome, para ter uma gestão de mais diálogo com lideranças políticas e também com uma facilidade maior de relação com o governo do Estado. Por um tempo isso foi muito discutido, mas avaliei que o meu trabalho na [Secretaria Estadual de] Agricultura está indo bem, eu estou animado e gostando, então preferi dar sequência", afirmou Foletto.
O nome de Foletto era um consenso entre lideranças municipais, como o deputado federal Josias da Vitória (PDT) e deputado o estadual Renzo Vasconcelos (PP). Agora, os parlamentares podem apostar em outros nomes para a disputa.
Foletto manifestou apoio a um nome do próprio partido para a disputa, o vereador Renann Bragatto Gon. Segundo parlamentar mais votado na eleição municipal de 2016, com 1.967 votos, Bragatto é uma das principais vozes de oposição ao atual prefeito na Câmara Municipal.
O vereador espera contar com o apoio irrestrito de todas as alas do PSB, inclusive de Casagrande, para o pleito. Bragatto conversa com outras lideranças políticas para tentar uma unificação em torno da sua candidatura.
"A pré-campanha vem sendo construída desde o ano de 2018, ouvindo os colatinenses, com o objetivo de montar o plano de gestão municipal com vistas às principais demandas em torno das políticas públicas da cidade. Entendemos que Casagrande governa para todo o Estado, mas contamos, sim, com o apoio dele que é a grande liderança do PSB no Estado", afirmou o vereador. O governador não se manifestou sobre as eleições até o momento.
Outro nome que pode ser apoiado entre os que eram entusiastas do nome de Folleto é o do médico e professor universitário Rogério Resende. Ele é o pré-candidato do PDT à disputa do Executivo.
"Temos mantido boas conversas com lideranças políticas como o deputado estadual Renzo Vasconcelos, o secretário de Agricultura Paulo Foletto, o deputado federal Da Vitória, além de outras lideranças importantes que não detêm mandato, além de conversas com outras siglas, como PSB, SD, DEM, Patriotas, Podemos e PP, na busca da união e da construção desse projeto", afirmou Resende, sobre as articulações políticas.
Novato na política, o comandante da Companhia da Polícia Militar de Colatina, Capitão Carlos Balbino, também é citado por lideranças locais para o cargo de chefe do Executivo municipal. A queda nos índices de criminalidade em Colatina, que em 2019 registrou 15 homicídios de acordo com a PM, o menor número em 23 anos é vista como um trunfo, aliada ao fato de que Balbino é popular nas redes sociais, somando quase 18 mil seguidores em uma delas.
Procurado, o militar admitiu pela primeira vez que pode ser candidato ao Executivo em 2020. "Não tem nada definido ainda, mas existe uma conversa com o PSL", afirmou Balbino.
O presidente do PSL em Colatina, Eduardo Cogo, confirmou que o partido mantém negociação com Balbino para lançar o nome dele para a disputa.
Por ser militar da ativa, Balbino não pode ser filiado a nenhum partido no momento. De acordo com a Resolução 21.608/04, a Justiça Eleitoral estabelece que o pedido de registro de candidatura dos candidatos militares supre a exigência da filiação partidária, ou seja, a filiação dele pode ser feita no registro da candidatura.
No entanto, para se candidatar, os militares da ativa precisam se licenciar do cargo público três meses antes da eleição. Se a data da eleição de 2020 não mudar, o prazo é 4 de julho.
Em 2016, o professor e diretor da Faculdade Castelo Branco, Luciano Merlo, disputou a Prefeitura de Colatina e obteve cerca de 21% dos votos. Também tentou o cargo de deputado estadual em 2018, sem sucesso. Agora, pelo Patriota, Merlo pretende disputar novamente o comando do Executivo municipal.
"Estamos conversando com pessoas que tenham afinidade com os pensamentos que temos, fazer defesa da instituição família em todas as suas dimensões, ser cristão e prezar pela retomada da economia e pelo liberalismo econômico", explicou Merlo, ao ser questionado sobre as articulações políticas para a eleição.
A aposta do Avante em Colatina é o capitão da reserva da Polícia Militar, Aloir da Silva. "O movimento 'Projeto Político da Polícia Militar' estará atuando em todo Estado para eleger prefeitos e vereadores, e sou o referendado em Colatina. Por ser evangélico, membro da Igreja Presbiteriana Livre, busco também o apoio de pastores para minha jornada política."
Para tentar voltar ao comando de Colatina, o PT definiu o nome do ex-deputado estadual e ex-vereador Genivaldo Lievore para disputar o pleito. A legenda esteve à frente da prefeitura de 2009 a 2016, com Leonardo Deptulski.
Presidente do diretório municipal do PT, Genivaldo disse que o partido está conversando com outras siglas para tentar construir uma aliança competitiva nas eleições.
"O nosso partido participou das gestões de 2001 a 2016 e contribuiu para o desenvolvimento social e econômico de Colatina. Estamos preparados para retomar a gestão da cidade."
O PSD pretende lançar o nome do economista e professor universitário Sebastião Demuner. Ele afirmou que suas prioridades são o desenvolvimento social, a saúde e a educação.
"Colatina precisa de uma administração com uma gestão técnica e que passe mais credibilidade para as pessoas", afirmou Demuner.
Em busca do voto feminino, Renata Nunes quer ser a primeira mulher a governar Colatina. Ela é pre-candidata pelo PL, partido do ex-senador Magno Malta.
"Alguns partidos nos procuraram e discutimos algumas ideias para nosso projeto de renovação para Colatina. Várias lideranças comunitárias, empresariais, religiosas, ligadas ao esporte, muita gente adorando a ideia de Colatina eleger uma mulher como prefeita."
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