Em meio aos depoimentos dos presentes no velório de Max Mauro, ex-governador do Espírito Santo, que faleceu aos 87 anos na madrugada desta quinta-feira (14), emergiu a lembrança de seu legado de luta contra a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985). Ele seguiu os passos do pai, Saturnino Rangel Mauro, que foi sindicalista, deputado estadual por dois mandatos e um dos fundadores do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no Estado.
Com a implantação do regime e a implementação do bipartidarismo, apenas com as legendas Arena, de sustentação ao regime e Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que concentrava as forças de oposição, Saturnino Mauro ingressou no partido oposicionista e foi seguido pelo filho, que sempre o acompanhava na vida política.
Na despedida, realizada na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), o ex-presidente da Ales Dilton Lyrio Netto relembrou o período. “Conheço o Max há mais de 60 anos. Tivemos um bom relacionamento, inclusive na luta contra a Ditadura Militar, organizando o MDB no Estado. Coincidiu que eu presidi a convenção que o escolheu candidato ao governo do Estado. Eu me lembro que até duas horas da madrugada eu estava na casa dele contando votos, fazendo as gestões necessárias”, rememorou.
“Max foi um governador sério, ele conciliava. Só não tinha conciliação e entendimento com os corruptos, e estava certo que o bom governante não pode roubar nem deixar roubar”, acrescentou Lyrio Netto à reportagem de A Gazeta.
Outro ex-companheiro nas fileiras de combate ao regime antidemocrático era Erasto de Aquino e Souza, hoje com 94 anos de idade. O ex-prefeito de Itarana, no Noroeste do Estado, percorreu os cerca de 80 quilômetros que separam a cidade da capital, Vitória, para prestar as últimas homenagens ao amigo. “A gente se chamava de 'Os Autênticos do MDB'”, narrou, em referência ao grupo de maior oposição à Ditadura dentro do partido.
Max Mauro comandou o Estado entre 1987 e 1991, foi deputado estadual (1975-1979) e deputado federal por três mandatos (1979-1983, 1983-1987 e 1999-2003). Ele, que também tinha o diagnóstico de Alzheimer, passou 60 dias internado em um hospital da Capital para tratar uma pneumonia e morreu durante a madrugada por uma insuficiência renal.
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