O ex-prefeito de Vitória e ex-deputado federal João Coser (PT) foi oficializado como candidato à prefeitura da Capital. Em convenção partidária realizada na noite desta quarta-feira (16), em um cerimonial no bairro Jabour, o PT confirmou o lançamento de uma chapa puro-sangue que terá a presidente estadual do partido, Jackeline Rocha, como vice. Também foi lançada a chapa de 20 vereadores que irão disputar cadeiras na Câmara da Capital.
Com o tema da pré-campanha "Vitória da Gente", a convenção foi marcada por críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pela defesa do legado do PT nas gestões federais de Lula e Dilma (2003 a 2016) e nas duas administrações de Coser em Vitória. Em um telão, foram exibidos vídeos da presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann; da deputada estadual, Iriny Lopes (PT); do deputado federal Helder Salomão (PT); e do ex-presidente Lula (PT).
O nome de João Coser é a principal aposta do PT para reconquistar uma prefeitura na Grande Vitória, onde o partido não governa desde 2012, com o fim da gestão do próprio Coser, em Vitória, e de Helder Salomão, em Cariacica. O lançamento da chapa também vai ao encontro da meta do PT de ter candidatos nas principais capitais do país, visando fortalecimento para as eleições presidenciais de 2022.
Coser, que começou seu discurso se solidarizando com as famílias das vítimas da Covid-19, afirmou que é candidato para atender ao chamado que tem ouvido das pessoas nas ruas de Vitória, relembrou feitos do seus mandatos e disse que quer permitir às pessoas que moram na Capital voltar a sonhar após a pandemia.
Estou aqui para impulsionar o desenvolvimento da cidade. Eu tenho experiência de gestão, conheço cada palmo da nossa cidade e sei conversar com cada morador, tenho capacidade de ouvir as pessoas. Eu estou mais uma vez preparado e tenho um projeto de governo para modernizar e impulsionar Vitória rumo ao futuro. Quero gerar esperança e permitir às pessoas voltarem a sonhar, disse.
O candidato fez críticas indiretas a Bolsonaro e seus aliados em Vitória, como o deputado estadual Capitão Assumção (Patriota), que também foi oficializado como candidato à prefeitura nesta quarta. "Nós não agredimos, não ameaçamos, não oferecemos dinheiro para matar ninguém. Nós defendemos a dignidade humana, os direitos humanos, o SUS. Nós somos diferentes", disse.
Coser prometeu fazer uma campanha de propostas, pediu à militância que evite confrontos e voltou a citar indiretamente outros candidatos, como Assumção, o delegado Lorenzo Pazolini (Republicanos) e o coronel Nylton Rodrigues (Novo), ao dizer que acredita ter boas chances de chegar ao segundo turno.
João Coser, 64 anos, é advogado, foi prefeito de Vitória por dois mandatos, entre 2005 e 2012, deputado federal entre 1995 e 2003 e também deputado estadual. Já Jackeline Rocha, 37 anos, é microempreendedora. Ela foi candidata ao governo do Estado em 2018 e alcançou o terceiro lugar, com 142.654 votos (7,38%), à frente da veterana Rose de Freitas (de saída do Podemos), que teve 105.754 votos.
A convenção, presencial e virtual, foi realizada no último dia do prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral. Pela lei eleitoral, os candidatos precisam ser aprovados em convenção para poderem se registrar oficialmente até o dia 26 de setembro.
As chapas proporcional e majoritária foram aprovadas em votação por aclamação. Participaram da convenção líderes do partido no Estado e militantes. Nenhum político de outro partido foi citado entre os presentes.
Pela internet, marcaram presença grandes nomes do partido no Estado, como Helder e o ex-deputado estadual Cláudio Vereza. Já no auditório do cerimonial, composto por candidatos a vereador da sigla e militantes, foi cumprido distanciamento entre os presentes, com as cadeiras dispostas 1,5 metro distante das outras. Todos que apareceram na transmissão on-line estavam de máscaras.
Em entrevista para A Gazeta, João Coser disse que quer fazer uma "gestão de obras, de políticas públicas sociais e de muito diálogo". Ele prometeu tratar com igualdade as regiões de Vitória, com olhar especial para os bairros mais humildes, e olhar mais para a área cultural da cidade. O candidato destacou ainda duas prioridades:
"Ainda estamos fechando nosso plano de governo, fazendo encontros regionais, debates e lives, mas já posso adiantar dois eixos principais, levando em conta que teremos um período de muitas dificuldades a partir de 2021: vamos atuar muito com políticas sociais, para cuidar das pessoas, e também vamos atuar para cuidar dos negócios, que foram muito afetados pela pandemia, apoiando os empreendedores para voltarmos a ter geração de emprego e renda", destacou.
Sobre o fato de o PT encarar sozinho a disputa, sem apoios, Coser disse que chegou a conversar com outros partidos com objetivo de formar alianças, como a Rede Sustentabilidade, o PCdoB, o PDT e o PP, mas sem sucesso.
Ele afirmou que apesar de não ter conseguido construir uma aliança com outros partidos de esquerda, tem uma candidatura competitiva, com chances de chegar ao segundo turno. "E muitos partidos já falaram que se eu estiver no segundo turno irão caminhar comigo", comentou.
O ex-prefeito ainda elogiou a postura do governador Renato Casagrande (PSB), que, segundo ele, o incentivou a entrar na disputa. "Conversei com o Renato mais de uma vez e ele sempre foi muito respeitoso, compreendeu a nossa candidatura e até incentivou. Mas não se envolveu muito, até por haver candidato do partido dele. Mas foi uma postura muito madura da parte dele".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta