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Com quantos votos se elege um deputado federal no ES

Com quantos votos se elege um deputado federal no ES

Cálculos são complexos, mas novas regras vão exigir que partidos e candidatos conquistem mais eleitores para garantir sucesso nas urnas em outubro

Publicado em 29 de setembro de 2022 às 11:16

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Plenário da Câmara dos Deputados
Plenário da Câmara dos Deputados, no Congresso Nacional. (Roque de Sá/ Agência Senado)
Ednalva Andrade
Repórter / [email protected]

Quantos votos são necessários para se eleger deputado federal no Espírito Santo? A quantidade exata só vai ser possível saber no dia 2 de outubro, mas as projeções feitas no mercado político indicam que vai ser preciso obter em torno de 60 mil votos para conseguir ficar com uma das 10 vagas do Estado na Câmara dos Deputados nas eleições 2022. Mas não basta a votação individual de cada candidato. Para ter direito a participar da distribuição das vagas, cada partido vai precisar somar 200 mil votos, ou pelo menos 80% disso, equivalente a 160 mil votos.

Para ajudar o leitor e o eleitor a entenderem melhor como chegar a esses números envolvendo a disputa para deputado federal, A Gazeta fez uma estimativa com base nos dados da última eleição geral, em 2018, no aumento do eleitorado nos últimos quatro anos e nas regras previstas na legislação eleitoral. 

O primeiro passo para entender a distribuição das vagas na Câmara dos Deputados é saber que ela envolve a contagem dos votos válidos — não entram os votos nulos e brancos — e o número de cadeiras a que o Espírito Santo tem direito: 10. O resultado da divisão do total de votos válidos para o cargo de deputado federal pelo número de cadeiras é o chamado quociente eleitoral. Somente os partidos que atingirem esse quociente terão direito a participar da distribuição das vagas.

Em 2018, foram contabilizados 1.933.018 votos válidos para o cargo. Assim, o quociente eleitoral foi de 193,3 mil votos. Para este ano, a expectativa é de que  haja ao menos 2 milhões de votos válidos para deputado federal — cada cargo tem um número específico de votos válidos, já que o eleitor pode anular o voto para deputado federal e votar em um candidato para presidente e governador, por exemplo. Com isso, vamos trabalhar com a estimativa do quociente eleitoral arredondada de 200 mil votos. 

Se considerarmos que a bancada capixaba é formada por um bolo de 10 fatias, só terão direito a reivindicar uma das fatias os partidos que somarem 200 mil votos, inicialmente. Assim, a soma total de votos obtidos pelo partido — votos nos candidatos e na legenda — é dividida pelo quociente eleitoral. O resultado dessa divisão é o quociente partidário, que representa quantas fatias do bolo cada partido tem direito.

Nessa conta, só são considerados números inteiros. Então, se um partido alcançar 500 mil votos válidos, por exemplo, o quociente partidário seria de 2,5, mas a agremiação partidária só ficaria com duas vagas, inicialmente, ou duas fatias do bolo. Nas eleições de 2018, metade das vagas de deputado federal do Espírito Santo foi preenchida assim, pelo quociente partidário.

Se sobrarem "fatias do bolo" para distribuir depois que todos os partidos com mais de 200 mil votos pegarem seus pedaços pelo quociente partidário, como ocorreu há quatro anos, um cálculo um pouco mais complexo é feito, chamado de média. Divide-se o total de votos do partido pelo número de vagas que ele preencheu, mais uma. Quem atinge a maior média na divisão fica com a fatia do bolo, ou com a cadeira na Câmara dos Deputados. A conta é repetida até não sobrar mais vaga.

 Além disso, a participação na distribuição das "fatias do bolo" restantes, que seriam as sobras, têm novas regras na legislação eleitoral, aprovadas em 2021, pelas quais só podem concorrer a elas os partidos que conquistarem um mínimo de 80% do quociente eleitoral — pela estimativa feita por A Gazeta, 160 mil votos — e os candidatos dessas legendas que obtiverem votação acima de 20% do quociente eleitoral, ou seja, 40 mil votos. Aos candidatos dos partidos que atingirem o quociente eleitoral, a exigência é metade disso, ou 10% do total — 20 mil votos pelas mesmas projeções.

Nas eleições anteriores, todos os partidos que tivessem candidatos ao cargo podiam participar da distribuição das “sobras”, independentemente do número de votos. Agora, os partidos consideram "a pedra no sapato" somar 80% do quociente eleitoral. Se as regras atuais valessem em 2018, somente quatro coligações as teriam cumprido.

ESTIMATIVAS DE VOTOS PARA DEPUTADO FEDERAL NO ES EM 2022

Como essa é a primeira eleição geral sem coligação na disputa para deputados, cada partido individualmente precisará atingir o quociente eleitoral ou ao menos 80% dele. Por isso, entre os cálculos de votos válidos, quociente eleitoral, quociente partidário e sobras, os quase 200 candidatos registrados para disputar o cargo nas eleições 2022 fazem as contas para saber se vão conseguir vencer as barreiras previstas pela legislação eleitoral e somar votos suficientes para garantir uma das 10 vagas de deputado federal.

Diante desse cenário, é possível que um candidato receba sozinho 140 mil votos e, ainda assim, fique de fora da distribuição de cadeiras para a Câmara dos Deputados, se a sigla em que estiver filiado não cumprir as exigências da legislação eleitoral. 

Por isso, os partidos tentam impulsionar a campanha dos seus candidatos com mais chances na disputa, já que dependem da votação na disputa para deputado federal e de quantos nomes conseguirem eleger na Câmara dos Deputados para ter acesso aos recursos do fundo partidário e ao tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV. 

Na disputa eleitoral de quatro anos atrás, o menos votado a ficar com uma vaga de deputado federal no Espírito Santo somou mais de 48 mil votos. É em razão disso que os partidos apostam que este ano vai ser preciso em torno de 60 mil votos para obter êxito, já que, além de os partidos estarem correndo sozinhos e de todos os cálculos citados no texto, também aumentou o número de concorrentes — passou de 170 para 193. Entenda melhor os cálculos no infográfico abaixo:

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