O presidente Jair Bolsonaro orientou a sua equipe de governo a evitar endossar publicamente a manifestação marcada para o dia 15 contra o Congresso Nacional.
O pedido foi feito após a repercussão negativa com o informação de que o próprio Bolsonaro compartilhou pelo WhatsApp um vídeo de apoio ao ato.
Em conversas na manhã desta quarta-feira (26), o presidente disse a aliados e a auxiliares que não está incentivando o protesto e que apenas reencaminhou em um grupo privado um conteúdo que lhe foi enviado.
O vídeo convoca a população a ir às ruas para defendê-lo. Além da pauta em defesa do governo, os organizadores do protesto têm levantado bandeiras contra o Congresso.
Segundo relatos feitos à Folha, o presidente avaliou que o fato de ele ter compartilhado o conteúdo não é algo grave e considerou que tem havido um exagero na repercussão do episódio.
Para evitar novas críticas, no entanto, a ordem repassada pelo Palácio do Planalto é para que a equipe ministerial não compareça à manifestação de março para evitar um desgaste desnecessário com o Legislativo e o Judiciário.
Além disso, auxiliares palacianos têm defendido que Bolsonaro entre em contato com os presidentes do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, para esclarecer o ocorrido.
A manifestação do dia 15 é uma reação à fala do ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, que chamou o Legislativo de "chantagista" na semana passada.
O ato estava previsto desde o final de janeiro, mas acabou mudando de pauta para apoio a Bolsonaro e encorpando insinuações autoritárias após Heleno atacar o Legislativo.
Nesta quarta, Bolsonaro chamou de "tentativas rasteiras de tumultuar a República" as interpretações sobre ele ter compartilhado o vídeo.
Ele escreveu em rede social e não negou ter enviado a mensagem. Afirmou usar esse aplicativo para trocar mensagens de "cunho pessoal".
"Tenho 35 milhões de seguidores em minhas mídias sociais (Facebook, Instagram, YouTube e Twitter) onde mantenho uma intensa agenda de notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. Já no WhatsApp tenho algumas poucas dezenas de amigos onde, de forma reservada, trocamos mensagens de cunho pessoal", afirmou Bolsonaro.
Apesar do posicionamento mais comedido do presidente nesta quarta-feira, um dos filhos dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), escreveu em rede social: "Se houvesse uma bomba H no Congresso você realmente acha que o povo choraria?"
Eduardo comentou nessa publicação tuíte de uma jornalista que relembrava declaração do hoje presidente em 2017, quando Bolsonaro afirmou: "Se hoje, por exemplo, caísse uma bomba H dentro do Parlamento, pode ter certeza uma coisa: haveria festa no Brasil."
Líderes políticos como os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso, além de congressistas, criticam a iniciativa do presidente de divulgar a convocação para o ato.
Pelas redes sociais e por WhatsApp, apoiadores do presidente têm postado imagens de ataque ao Congresso, retirada dos comandantes da Câmara e do Senado e de alusão ao uso das Forças Armadas no movimento.
O general da reserva Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, criticou a mobilização dos apoiadores do presidente e a classificou como irresponsável ao usar imagens de Heleno e do vice-presidente, general Hamilton Mourão.
Ao menos seis congressistas bolsonaristas já manifestaram apoio à mobilização anti-Congresso: Carla Zambelli (PSL-SP), Filipe Barros (PSL-PR), Guiga Peixoto (PSL-SP), Aline Sleutjes (PSL-PR), Éder Mauro (PSD-PA) e a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS).
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