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Como os candidatos se preparam para os debates

Como os candidatos se preparam para os debates

Considerado um dos pontos altos da campanha, o debate pode ajudar o eleitor a fazer sua escolha; a Rede Gazeta começa a promover esse encontro de candidatos a partir dessa sexta-feira (20)

Publicado em 19 de setembro de 2024 às 17:20

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Debate; eleições
Durante os debates, os candidatos têm oportunidade de apresentar suas propostas. (Storyset/Freepik)

Debates já ajudaram a definir eleições e, mesmo hoje, numa era de internet e cortes para redes sociais, continuam relevantes e são um dos pontos altos da campanha. Mas, ao contrário do que muitos podem pensar, não basta decorar o plano de governo que já está tudo dominado. Para participar desse encontro, em que os candidatos têm a oportunidade de apresentar propostas e confrontar ideias, é preciso se preparar. Contribuindo para o eleitor ter mais informações e fazer sua escolha em outubro, a Rede Gazeta vai promover debates entre os concorrentes dos principais colégios eleitorais do Espírito Santo a partir dessa sexta-feira (20). 

E aqui vai a primeira dica: não se concentre apenas nos temas que costumam orientar os debates, como saúde, educação e segurança.

"Na medida do possível, o candidato deve ter uma pesquisa mais fresca que mostre a dor da população naquele momento, e que ele está conectado com o que o eleitor quer ouvir. Sobre as 'pautas norte', todos vão falar. Então, o candidato que tiver um elemento que se conecte com o eleitor naquele momento, que outros não tenham mapeado ou se aprofundado, tem uma vantagem competitiva", pontua Fernanda Camargos, consultora de marketing político e estrategista de campanhas digitais. 

Mas é preciso estar, de fato, ligado àquele tema, ou o desempenho pode ficar comprometido. Fernanda cita o exemplo da candidata do Novo à Prefeitura de São Paulo, Marina Helena, que, no debate da TV Cultura, fez menção a uma família que precisava retirar o vaso sanitário do banheiro toda vez que chovia para escoar o esgoto de casa. Não demorou muito tempo, começou a chover na cidade, durante o debate, e ela disse: "nossa, está chovendo! Ainda bem!"

"É muito importante se apropriar de tudo o que vai falar para não se trair", ressalta a consultora, acrescentando que, na sua avaliação, o ato falho da candidata só não teve mais repercussão porque foi no mesmo debate da cadeirada — de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB). 

Como os candidatos se preparam para os debates

Estratégias

A jornalista Alessandra Fedeski, também consultora na área de marketing político, pontua várias medidas que deveriam ser adotadas pelos candidatos antes de um debate, começando pela atitude que planeja imprimir no enfrentamento dos adversários, se uma postura mais agressiva ou mais propositiva, por exemplo.  "Isso vai orientar os questionamentos e o estudo das respostas a serem dadas".

O estudo é uma etapa da preparação que passa, entre outras estratégias, pela simulação de um debate, em que uma pessoa da equipe do candidato faz perguntas — inclusive aquelas mais desconfortáveis, que podem ser feitas pelos adversários — para treinar não somente como responder, mas como destacar as pautas que lhe são mais favoráveis.

Além disso, continua Fedeski, é preciso conhecer bem as regras do debate - para que um eventual erro ou desrespeito às normas não deixe o candidato em situação desfavorável - e se informar sobre os demais concorrentes.

"É preciso estudar os adversários, seus pontos fortes e fracos, o histórico político, o plano de governo. E, claro, conhecer amplamente seu próprio plano de governo e ter em mãos dados da cidade, tanto para embasar perguntas quanto para dar respostas", destaca a jornalista. 

Riscos da falta de preparo

Ainda usando como referência os concorrentes da capital paulista, Fernanda Camargos lembra da performance de Datena no primeiro debate. Apesar dos anos de atuação na TV em programas ao vivo, a participação do jornalista indicou a falta de preparação, isto é, a experiência prévia na televisão não era o suficiente para Datena como candidato. 

"Foi um fiasco! Se a pessoa não se prepara e organiza as ideias na cabeça, quando a pergunta chega, e chega sem avisar, ela vai buscar no seu HD e muitas vezes não consegue. Então, mostra insegurança, nervosismo e falta de domínio do assunto pelo fato de não ter se preparado", pontua. 

Quando o postulante ao cargo está bem preparado, consegue responder e, ainda, apresentar suas ideias, como observa Alessandra Fedeski em mais uma dica: "ao receber a pergunta, o candidato deve responder rapidamente e usar o restante do tempo a seu favor, falando de suas propostas".

Em cena

A jornalista também alerta sobre o modo como o candidato se apresenta porque, segundo afirma, tudo comunica: expressões, roupa, cabelos. E, ainda, ele deve estar preparado para usar as redes sociais simultaneamente ao debate, ampliando a visibilidade de sua participação junto ao eleitorado. 

A consultora Fernanda Camargos reforça essa ideia. "Antes, o debate começava e acabava na televisão. Hoje, é possível fazer estratégia transmídia, garantindo uma cauda longa ao conteúdo (mais tempo de circulação da informação)".

A especialista explica que, durante o debate, nem sempre o candidato vai conseguir expressar tudo o que gostaria. Então, ele pode postar alguma informação, dados, documento em sua rede, economizando tempo de fala, e vai entregando conteúdos ao longo do debate. "Olha, eleitor, sobre isso estão subindo agora na minha rede as minhas propostas para a área", exemplifica Fernanda. Para tanto, a equipe do candidato precisa ter materiais prontos para a divulgação. 

Outra mudança observada nos debates atuais é a realização de fact checking (checagem de fatos) por jornalistas, isto é, verificação das informações apresentadas pelos candidatos para pontuar se são verdadeiras ou enganosas. 

Então, frisa Fernanda Camargos, a preparação para os debates exige também a conferência dos dados que planeja apresentar. Se não houver certeza, é melhor adequar o discurso e usar expressões como "cerca de" ou "aproximadamente" para que o candidato não seja apontado como mentiroso e fique descredibilizado. 

"Nesse momento de tantas fake news, em que o eleitor fica em dúvida sobre o que acreditar e por que acreditar, quanto mais assertivo o candidato for, melhor desempenho", constata a consultora. Inclusive, segundo ela, ter 100% de validação de tudo o que falar por equipes de checagem pode ser um bom recurso para a campanha.

Debates

A partir dessa sexta-feira (20), A Gazeta e a CBN Vitória vão realizar debates, com transmissão ao vivo na rádio, no site e nas redes sociais.

Os debates acontecerão entre os dias 20 e 25 de setembro, na sede da Rede Gazeta, em Vitória, sempre a partir das 9h30. Foram convidados para os debates, candidatos de partidos ou federações com representação no Congresso Nacional de, no mínimo, cinco parlamentares, conforme determina a Lei 9.504/97, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Confira a lista dos encontros por cidade:

  • Vitória: 20/09 (sexta-feira)
  • Vila Velha: 23/09 (segunda-feira)
  • Cariacica: 24/09 (terça-feira)
  • Serra: 25/09 (quarta-feira)

A TV Gazeta também vai colocar os candidatos às prefeituras cara a cara para debater suas propostas. No dia 28 de setembro, acontecem os debates com os candidatos de Linhares e Cachoeiro de Itapemirim, com início marcado para 23h. Já no dia 3 de outubro, é a vez dos debates dos candidatos de Vitória e de Colatina, que serão transmitidos a partir das 22h. Os debates serão transmitidos simultaneamente pela TV Gazeta, Globoplay, G1 e site A Gazeta.

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