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Conheça o perfil dos candidatos a prefeito da Serra nas eleições de 2020

Conheça o perfil dos candidatos a prefeito da Serra nas eleições de 2020

Polarizada há 16 anos pela disputa entre o ex-prefeito Sergio Vidigal e o atual prefeito Audifax Barcelos, cidade terá nove candidatos nesta eleição, muitos deles dissidentes dos dois mandatários

Publicado em 10 de outubro de 2020 às 06:01

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Prefeitura da Serra vai contratar professores efetivos e temporários
Prefeitura da Serra: nove candidatos na disputa para comandar o município. (Guilherme Ferrari / Arquivo)

Assim como outros municípios do Espírito Santo, a Serra registra recorde de candidatos a prefeito na eleição de 2020. São nove políticos em busca dos votos dos eleitores para discursar, no dia 1º de janeiro de 2021, na Câmara da cidade como novo prefeito empossado. Com exceção do deputado federal Sergio Vidigal (PDT), que tenta o quarto mandato como prefeito da Serra, todos os outros oito candidatos disputam pela primeira vez o comando do Executivo.

Isso não significa que eles são desconhecidos dos eleitores da Serra. Três dos postulantes ao cargo são deputados estaduais: casos de Alexandre Xambinho (PL), Bruno Lamas (PSB) e Vandinho Leite (PSDB).

Um deles, Fábio Duarte (Rede), é vereador no município, enquanto outros três que já foram gestores na administração pública, casos da ex-secretária de Política Para Mulheres Luciana Malini (PP), da ex-chefe da Polícia Civil Gracimeri Gaviorno (PSC) e do delegado de Polícia Federal Márcio Greik (MDB), que já coordenou delegacias em Rondônia. O único na cidade que nunca passou por órgãos públicos é o empresário Ebinho Moraes (PCdoB), que está em sua primeira eleição.

Até por ter oito novatos na disputa à prefeitura da cidade, a palavra mais comum no discurso entre os candidatos é o da "renovação" na política. Isso porque desde a década de 1970, apenas quatro prefeitos passaram pela cidade: José Maria Miguel Feu Rosa (Arena) e João Mota (MDB), entre 1977 e 1996; e Sergio Vidigal e Audifax Barcelos (Rede), entre 1997 e 2020.

O município é o maior colégio eleitoral do Espírito Santo, a cidade com mais habitantes e com maior em extensão territorial da Grande Vitória. A eleição da Serra é considerada estratégica, já que o resultado nas urnas no município pode impactar o tabuleiro político capixaba, com a convocação de um suplente, por exemplo, se algum deputado virar prefeito.

Veja, em ordem alfabética, quem são os candidatos, por onde já passaram e seus principais aliados:

ALEXANDRE XAMBINHO (PL)

Alexandre Xambinho, deputado estadual pelo PL
Alexandre Xambinho. (Tatti Beling/Ales)

Com 33 anos de idade nesta eleição, Xambinho é o candidato a prefeito mais jovem da Serra. Ele também foi o mais novo quando se elegeu vereador, com 25 anos, e o mais novo quando tomou posse como deputado estadual, aos 31. Essa característica, de ser um dos políticos mais novos com mandato, é uma "bandeira" do candidato, que se coloca como alguém que trará renovação à política.

Formado em administração de empresas e técnico em meio ambiente, o parlamentar começou a construir sua carreira política em movimentos de moradores e comerciantes de Barcelona, bairro na Serra onde cresceu.

Candidatou-se pela primeira vez em 2008, pelo então PTdoB (hoje Avante), mas não se elegeu. Foi empresário e atuou como servidor da Ciretran da Serra, antes de se eleger em 2012 como vereador. Migrou para a Rede do prefeito Audifax Barcelos, em 2016, quando se reelegeu vereador. Também foi pelo partido que se elegeu deputado estadual em 2018, com 12.095 votos.

No Legislativo estadual, passou a fazer parte do chamado "Grupo da Assembleia", composto pelo presidente da Casa, Erick Musso (Republicanos), pelo deputado federal Amaro Neto (Republicanos) e pelo ex-diretor-geral da Assembleia e presidente estadual do Republicanos no Estado, Roberto Carneiro.

Xambinho quase se filiou ao Republicanos, mas, com a hipótese de Amaro disputar a eleição para prefeito da Serra, foi para o PL. Tem como principal apoiador em sua campanha o ex-senador Magno Malta, que é presidente estadual do PL. O Republicanos também está em sua chapa, assim como o PTC.

Em 21 de outubro, a Justiça Eleitoral negou o pedido de registro de candidatura a Alexandre Xambinho, porque a vice na chapa, Carla Xavier (Republicanos), não havia prestado contas relativas à eleição de 2018. Carla Xavier renunciou, e Ciglei Lira (Republicanos) foi registrada como nova vice.

BRUNO LAMAS (PSB)

Bruno Lamas
Bruno Lamas. (Divulgação)

É uma das principais apostas do PSB, partido do governador Renato Casagrande, para as prefeituras da Grande Vitória. Bruno foi vereador da cidade entre 2001 e 2004 e depois de 2008 a 2014. Nas eleições de 2014, deixou a Câmara e foi eleito deputado estadual. Lamas foi aliado também do prefeito Audifax Barcelos e cogitado como um sucessor da atual gestão em 2020. Sua mãe, Márcia Lamas (PSB), foi secretária de Educação da Serra durante os mandatos de Audifax e é a atual vice-prefeita.

Bruno se reelegeu como deputado estadual em 2018, com 16.979 votos, mas se licenciou do cargo para ser secretário de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social no governo de Casagrande, onde ficou até março, cumprindo o prazo de desincompatibilização para disputar as eleições.

Ele tem 43 anos e disputa sua primeira eleição para prefeito. Bruno atuou como empresário antes de ser vereador e é formado em Administração de Empresas, com pós-graduação em Gestão Pública. O vice de sua chapa é Guilherme Lima (PSB). Sua candidatura também tem o apoio dos partidos Avante, DEM e PV.

EBEN DE MORAES - EBINHO (PCdoB)

Eben de Moraes. (Reprodução/Facebook)

Eben Lucio de Moraes é empresário de Laranjeiras, onde atua na prestação de serviços voltados ao Meio Ambiente. Ele tem 42 anos e está cursando Ciências Políticas. Ebinho, como é conhecido, filiou-se ao PCdoB em fevereiro deste ano e não participou de movimentos sociais ou associações antes de ingressar no partido. Esta é a primeira eleição de que participa.

Segundo ele, foi motivado a disputar o cargo porque sua família se utiliza dos serviços públicos municipais da Serra, na Educação e na Saúde. "Sei onde o calo do sapato aperta e por isso quero ser prefeito", contou.

A vice em sua chapa é a empresária Ivany Pereira da Silva (PCdoB).

FÁBIO DUARTE (REDE)

Fabio Duarte
Fabio Duarte. (Divulgação)

Eleito vereador em 2016 pelo PDT, sigla do deputado federal Sergio Vigidal, Fabio Duarte filiou-se à Rede, de Audifax Barcelos, em abril de 2020. Ele rompeu com Vidigal em 2019 e deixou o PDT. No início de 2020, ainda sem partido, virou líder do prefeito na Câmara da Serra. Também em abril foi anunciado como o candidato à sucessão do atual prefeito na Serra.

Audifax sondou outros nomes antes de definir Fabio como o candidato que representaria sua gestão em 2020. O seu braço direito e coordenador de gabinete, Jolhiomar Massariol (Rede), foi uma das opções.

O delegado da Divisão de Homicídios da Serra, Rodrigo Sandi Mori, também foi procurado, mas preferiu continuar na Polícia Civil. O prefeito avaliou apoiar o deputado federal Amaro Neto (Republicanos), mas ele decidiu não se candidatar. A escolha foi por Fabio, que aposta agora no legado de Audifax para impulsionar seus votos.

Fábio foi eleito vereador pela primeira vez em 2016, com 2.417 votos. Ele já tinha disputado o pleito de 2012, mas ficou como suplente. Antes de entrar na política ele foi assessor técnico do Ministério do Trabalho, entre 2014 e 2016. Fábio também trabalhou como administrador de uma empresa privada, entre 2000 e 2012.

A companheira de chapa de Fábio Duarte é a pedagoga Renata Sepulcro (Rede). O partido vai para a disputa eleitoral com o apoio de PMN, Patriota e Podemos.

GRACIMERI GAVIORNO (PSC)

Gracimeri Gaviorno. (Divulgação)

Gracimeri Gaviorno (PSC) é uma debutante em eleições. Delegada da Polícia Civil por 21 anos, além de cinco anos como perita, sua atuação profissional foi dedicada à segurança pública. Criou o Disque-Denúncia (181) e atuou na Delegacia de Mulheres de Laranjeiras e na Divisão de Homicídios. Em 2015, durante a gestão do governador Paulo Hartung (sem partido) se tornou a terceira mulher a assumir a chefia da Polícia Civil no Espírito Santo. No ano seguinte assumiu a Subsecretaria estadual de Segurança Pública, migrando em 2018 para a Subsecretaria de Direitos Humanos.

Em 2019, no início do mandato do governador Renato Casagrande, continuou em cargos de gerência, assumindo a Ouvidoria-Geral de Segurança Pública. Filiada ao PTB desde 1991, ela deixou o partido para ir para o PV, em outubro de 2019, em busca de se viabilizar para as eleições em 2020. Ela saiu do governo estadual em janeiro, antes do prazo de desincompatibilização. Em março migrou para o PSC, onde montou uma chapa puro-sangue, em que ela e o vice são do mesmo partido.

A candidata é também formada em Direito e tem doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais e curso Master em Gestão de Liderança Pública. Mais recentemente, foi selecionada pelo RenovaBR Cidades, um movimento cívico que visa preparar lideranças para assumir cargos públicos.

O vice em sua chapa é o professor Lucas Silveira (PSC).

LUCIANA MALINI (PP)

Luciana Malini. (Divulgação)

Luciana Malini (PP) está em sua terceira eleição, a primeira como candidata a prefeita. Nos dois últimos pleitos, em 2012 e 2016, ela buscou uma vaga na Câmara da Serra. Em 2016, recebeu 1.145 votos, mas ficou como suplente. Ela participou de quase todos os últimos mandatos do atual prefeito, Audifax Barcelos, como secretária de Políticas Públicas para Mulheres, entre 2013 e 2020. Foi nomeada logo após a posse, em 2013, e só saiu por conta do prazo para se desincompatibilizar para as eleições.

A candidata é esposa do ex-deputado estadual Jamir Malini (PP), que coordena sua campanha. Cirurgiã-dentista, ela tem especializações em Saúde da Família, Odontologia do Trabalho, Estratégia da Família e Gestão Pública Municipal, além de formação em Coaching e Reiki.

Luciana ficou conhecida também, no município, por coordenar movimentos da Igreja Católica, com o "Encontro de Casais com Cristo" e o "Encontro de Jovens com Cristo". Antes de se filiar ao PP, ela já passou também pelo PTN. Pela atuação como secretária recebeu o prêmio Inoves, como melhor serviço de atendimento ao usuário, e foi uma das finalistas do projeto Mulheres do Amanhã, da ArcelorMittal.

O vice em sua chapa é o empresário Orlando Marquetti (PP).

MÁRCIO GREIK (MDB)

Márcio Greik
Márcio Greik. (Reprodução)

Apostando nos eleitores de perfil mais conservador e alinhados com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o delegado da Polícia Federal Márcio Greik (MDB) está em uma batalha judicial com seu partido para conseguir ser candidato. A convenção do partido decidiu que o MDB não teria candidato a prefeito na Serra e encaminhou que o partido apoiasse a candidatura do deputado estadual Vandinho Leite, do PSDB.

Márcio Greik entrou na Justiça para anular a convenção e fez um registro de candidatura avulso, que é permitido caso o partido tenha deixado de solicitar o registro e o candidato tenha sido aprovado em convenção.

O pedido para anular a convenção foi negado. E o registro de candidatura dele ainda não foi julgado. O sistema da Justiça Eleitoral mostra tanto a candidatura do delegado quanto o MDB na coligação de Vandinho.

Natural de Barra de São Francisco, Márcio foi concursado pelo já extinto Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge). Em seguida, tornou-se delegado da Polícia Federal em Rondônia, onde atuou por 10 anos.

De volta ao Espírito Santo assumiu, na Polícia Federal, as delegacias de entorpecentes, de combate à pedofilia e de crimes eleitorais. Aos 49 anos, disputa sua primeira eleição. Ele mora na Serra há quatro anos.

O vice em sua chapa é o publicitário Dudu Lima (MDB).

SERGIO VIDIGAL (PDT)

Vidigal será candidato a prefeito na Serra pela sexta vez em 24 anos
Sergio Vidigal. (Lucas Sandonato)

O deputado federal Sergio Vidigal (PDT) é o único entre os candidatos que já foi testado na prefeitura da Serra. Ele venceu as eleições na cidade em três oportunidades, em 1996, em 2000 e em 2008. Ele e o atual prefeito têm se alternado no cargo desde 1996. Inclusive, foi o próprio Vidigal que, em 2004, lançou seu então secretário de Administração, Audifax Barcelos, como candidato. Os dois romperam e, desde então, polarizam a eleição na Serra.

Vidigal está em seu segundo mandato como deputado federal. Em 2016, ele disputou a prefeitura contra Audifax, chegou a ser o mais votado no primeiro turno, mas perdeu no segundo. Nesta eleição, ele conta em sua chapa com outros quatro partidos: Solidariedade, Cidadania, PSL e PSD. O PT decidiu apoiar Vidigal, mas apenas extraoficialmente. Os petistas não integram a coligação.

O pedetista é médico formado em 1980, com especialidade em Psiquiatria. Vidigal trabalhou até 1988 como médico para o Estado e para a Prefeitura da Serra. Elegeu-se vereador em 1988; foi subsecretário estadual de Saúde, em 1993, durante o governo de Albuíno Azeredo, que também era do PDT; foi eleito deputado estadual em 1994 e, em 1996, venceu sua primeira eleição para prefeito.

No final do ano passado, Vidigal virou réu em uma ação de improbidade administrativa, em uma denúncia oferecida pelo Ministério Público do Espírito Santo por ter terminado sua gestão em 2012 sem deixar recursos suficientes em caixa. O caso ainda está em análise pela Justiça.

Ele também já foi condenado, em segunda instância, por nepotismo, por ter nomeado sua irmã como assessora na prefeitura. No entanto, ele não teve os direitos políticos suspensos. Ainda assim, recorre da decisão.

Em 2018, foi reeleito para o segundo mandato com 73.030 votos, sendo 46.504 na Serra. O vice do ex-prefeito nessas eleições é o comerciante Thiago Carreiro (PDT).

VANDINHO LEITE (PSDB)

Vandinho Leite
Vandinho Leite. (Kamilli Rampinelli)

O deputado estadual Vandinho Leite está em sua primeira eleição como candidato a prefeito da Serra. Em 2016, ele também estava com o nome nas urnas, mas como vice na chapa de seu hoje concorrente Sergio Vidigal. Vandinho foi eleito vereador na Serra, em 2004, com apenas 26 anos. Na época, ele fazia parte do PL, que já era liderado no Estado pelo então senador Magno Malta.

Ele ganhou a eleição para ser deputado estadual em 2006 e 2010. Em 2011, durante o primeiro mandato do governador Renato Casagrande, assumiu a secretaria de Esportes, em que idealizou o projeto “Campo bom de bola”, que visava a construção de espaços de lazer pelo Estado.

Em 2014, foi candidato a deputado federal pelo PSB, partido de Casagrande. Naquele ano, mesmo tendo 86.506 votos não foi eleito, já que coligações maiores puxaram o quociente eleitoral e elegeram candidatos menos votados. A partir de então, a relação com o PSB azedou.

Em 2017, já na gestão de Paulo Hartung no governo do Estado, foi nomeado secretário de Ciência e Tecnologia, à frente do “OportunidadES”, com foco no empreendedorismo, na empregabilidade e na inovação.

Desde que voltou à Assembleia, em 2019, já pelo PSDB, Vandinho tem se posicionado como um dos mais ferrenhos opositores de Casagrande e tem se aproximado de grupos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Seu vice, Afonso Pimenta (PSDB), é um dos signatários para a criação do Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro tenta viabilizar.

Durante a pandemia, ele discordou das medidas adotadas pelo Estado e acabou ganhando repercussão em uma “visita técnica” ao Hospital Estadual Dório Silva, em junho, quando o risco de contágio estava em nível alto. O governo repudiou o ato e chamou o caso de invasão.

Ele também está no grupo dos parlamentares que defendem o uso de medicamentos sem comprovação científica no tratamento da Covid-19, contrariando a Sociedade Brasileira de Infectologia e autoridades em saúde pública.

Vandinho tem 42 anos e é formado em Administração, com ênfase em Análise de Sistemas. Em sua última eleição, para deputado, ele teve em todo o Estado 19.799 votos.

Ele é o candidato com mais partidos em sua chapa: PMB, PRTB, MDB,  PROS e DC, além do próprio PSDB.

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