A professora Ethel Maciel, preferida por 67,5% dos educadores, servidores e alunos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e que também recebeu a maioria dos votos do Conselho Universitário para o cargo de reitora da instituição, teve seu nome preterido na lista tríplice apresentada ao governo federal. O presidente Jair Bolsonaro optou por outro candidato da relação - o professor Paulo Sérgio Vargas. Para todos que a apoiaram, Ethel garante que vai continuar a luta em defesa da universidade.
Questionada sobre o fato de não ter sido nomeada, como era esperado porque, historicamente, o primeiro colocado na lista tríplice é indicado pela presidência para assumir a função, Ethel Maciel enviou nota em que fez considerações sobre todo o trabalho realizado desde que decidiu se tornar candidata, ainda quando ocupava o cargo de vice-reitora da Ufes. Agradeceu a ajuda recebida e, por fim, declarou apoio ao novo reitor, Paulo Vargas, que também esteve a seu lado em outros momentos.
Ethel Maciel recebeu 26 votos do Conselho Universitário, que decide a lista tríplice que é enviada ao governo federal, e os professores Paulo Vargas e Rogério Faleiros, 16 votos cada um. Antes, na consulta informal junto à comunidade acadêmica, a professora já aparecia na preferência da maioria do eleitorado. Nesta votação, o novo reitor havia dado seu apoio para Ethel.
Vargas e Faleiros só decidiram entrar na disputa oficial para dividir os votos do colégio eleitoral e, assim, dificultar a indicação de um candidato com viés político mais à direita e, portanto, mais alinhado ao governo Bolsonaro. Eles conseguiram o feito, mas não foi o suficiente para que Ethel se tornasse a primeira mulher a comandar a Ufes. A decisão final era do presidente, que escolheu Paulo Vargas para a função.
Veja a íntegra da nota compartilhada pela professora Ethel Maciel:
"Hoje, dia 24 de março de 2020, eu estaria informando sobre o Dia de Combate Mundial à Tuberculose, além de reforçar acerca dos nossos cuidados para o enfrentamento à Covid-19, condizendo com o meu papel de especialista e mulher na ciência. Mas hoje é um dia de nostalgia e um misto de sentimentos. Me recordo do dia 3 de outubro de 2019, quando tomei a decisão de me candidatar à reitoria da Ufes.
Esta foi uma jornada intensa, cheia de afetos, apoios, dedicação, trabalho e muitos desafios. Todavia, muito gratificante pelas escutas, pela construção de um projeto coletivo para a Universidade Federal do Espírito Santo, resguardando os direitos sociais, os programas de inclusão e as políticas de acesso e permanência, além de organizar um planejamento institucional e um movimento inovador, com um olhar atento aos servidores e estudantes.
Foram aproximadamente dois meses entre a campanha, a consulta informal à comunidade e à consulta formal ao colégio eleitoral. Uma campanha curta, mas que me orgulho de ter realizado e de ter percorrido o máximo de lugares para conversar com o máximo de pessoas. Neste período estive ao lado do professor Roney Pignaton (candidato à vice-reitoria) e de tantos apoiadores que, em poucas linhas, seria impossível nomear a todas e todos. A estes, quero expressar o meu eterno agradecimento por todas as demonstrações de apoio e a confiança depositada na defesa incessante de uma educação pública, gratuita e de qualidade.
Muito obrigada aos estudantes e servidores que foram aos debates e às urnas no dia 6 de novembro de 2019, pelo exercício da democracia, e por me legitimar como a primeira mulher eleita à reitoria da Ufes. Obrigada também aos membros do colégio eleitoral por respeitarem a consulta à comunidade universitária, posicionando-me no topo da lista tríplice enviada ao MEC.
Agradeço ao Governo do Estado, aos deputados federais, senadores, prefeitos e demais forças políticas do Estado do Espírito Santo pelas moções de apoio junto ao Governo Federal, resguardando o resultado do sufrágio como legítima expressão da vontade coletiva da comunidade acadêmica da Ufes.
Continuarei na busca e na defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade, especialmente em defesa da Universidade Federal do Espírito Santo. Mesmo não sendo nomeada como a gestora máxima, estarei todos os dias comprometida com o projeto construído coletivamente para esta instituição, visando sua potência para toda a sociedade capixaba.
Neste momento de tantas incertezas quanto ao futuro, declaro o meu apoio ao Reitor Paulo Vargas para dar serenidade na continuidade de um projeto coletivo para nossa Universidade."
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta