A Corregedoria da Câmara de Vitória decidiu dar continuidade ao processo que vai apurar o pedido de cassação do vereador preso Armandinho Fontoura (Podemos) por quebra de decoro parlamentar, depois de ouvir e confirmar o empresário Sandro Luiz da Rocha como autor da representação, em reunião extraordinária realizada nesta quarta-feira (26).
A defesa do vereador vai ter 10 dias úteis para se manifestar e, em seguida, o processo será encaminhado à vereadora Karla Coser (PT), sorteada para atuar como relatora do caso, para dar o parecer dela no prazo de cinco dias úteis.
O processo contra Armandinho já havia sido admitido pelo corregedor-geral, Leonardo Monjardim (Patriota), em reunião realizada no dia 5 de abril.
Na ocasião, Sandro Rocha surgiu no plenário da Câmara dando três versões diferentes a respeito da sua relação com a representação que pede a cassação do vereador preso, as quais foram relembradas por Monjardim e Karla Coser na reunião desta quarta-feira: primeiro, negou a autoria e disse que a assinatura não era dele; a segunda versão foi de que seria meia assinatura sua; a terceira é de que assinou um documento destinado à realização de uma audiência pública sobre os motivos da prisão de Armandinho e não para representar pedindo a cassação do vereador.
Armandinho está preso desde dezembro de 2022, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), onde é alvo de investigação por chamar ministros do STF de "vagabundos" e exortar que fosse imposto "um limite a eles". Também atacava, verbalmente, autoridades locais.
Por conta das versões desencontradas, antes mesmo de ouvir a defesa do vereador, a Corregedoria da Câmara decidiu ouvir o depoimento de Sandro Rocha. Diante dos questionamentos feitos ao empresário e as respostas que ele deu, Monjardim ressaltou que a autoria da representação está confirmada, mantendo-se também os requisitos legais para que ela seja admitida e, por isso, a ação terá continuidade na Corregedoria.
Ao responder os questionamentos do corregedor-geral e da relatora do caso, Sandro Rocha confirmou que assinou o documento de maneira voluntária, que não foi coagido, mas admitiu que não leu o documento antes de assinar, conforme já havia relatado à colunista Letícia Gonçalves.
Inicialmente, Sandro tentou se esquivar sobre a autoria da representação alegando que nunca assinou nenhum documento "que pudesse vir a fazer parte da cassação do vereador Armando Fontoura" e que não tem nada contra o parlamentar.
Porém, diante de novas perguntas do corregedor-geral, confirmou que assinou o documento e que não fez nenhuma denúncia à polícia questionando a veracidade da sua assinatura ou apontado coação por parte de qualquer pessoa. Ele disse que a mesma nota de próprio punho que protocolou na Câmara de Vitória ele também apresentou à Polícia Civil, como "nota de desagravo".
"Não estou acusando ninguém. Não fui coagido a nada. Eu assinei o documento. Infelizmente, não li o documento antes de assinar. Achei que fosse a audiência pública, achei legal aquilo. A informação é de que era uma audiência pública para discutir o motivo da prisão do vereador. Eu nem li", confirmou o empresário.
Diante disso, o corregedor-geral questionou quem havia levado o documento ao empresário. Ele informou o nome de um assessor do vereador Chico Hosken (Podemos), que assumiu mandato na Câmara de Vitória em janeiro deste ano, na condição de suplente de Armandinho, que depois de preso também foi afastado do cargo por determinação da Justiça.
Monjardim destacou que Sandro Rocha poderá também ser ouvido em outra representação que tramita na Corregedoria da Câmara de Vitória. Ele deve apresentar na quinta-feira (27) o seu parecer sobre a admissão ou não da representação contra Chico Hosken, de autoria do suplente de vereador Neno Bahia (Podemos). Em resumo, o segundo suplente alega que há indícios de que um servidor do gabinete de Hosken pegou a assinatura de Sandro Rocha para viabilizar uma representação contra Armandinho.
Com a decisão da Corregedoria nesta quarta-feira (26), um novo passo será dado na representação contra Armandinho, com a defesa do vereador sendo ouvida. Já na quinta-feira (27), está previsto um novo capítulo sobre a representação contra Hosken, para saber se o caso vai ser apurado ou arquivado.
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