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Correndo risco de expulsão do PSB, Rigoni diz que votou por convicção

Correndo risco de expulsão do PSB, Rigoni diz que votou por convicção

O deputado, que contrariou o partido votando a favor da Reforma da Previdência, também afirma que já foi convidado para entrar em outros partidos, mas pretende ficar no PSB.

Publicado em 13 de julho de 2019 às 22:10

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Deputado federal Felipe Rigoni (PSB - ES). (Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

Ameaçado de ser expulso do PSB por ter contrariado a sigla e votado a favor do projeto de reforma da Previdência, o deputado federal Felipe Rigoni garante que deu seu voto por convicção, mesmo sabendo que poderia sofrer eventuais sanções do partido pelo qual se elegeu para seu primeiro cargo na política.

“Eu sabia que haveria uma consequência, mas tenho plena convicção do meu voto e da importância da reforma da Previdência”, ressalta Rigoni, que diz já ter sido sondado por nove partidos após a direção nacional do PSB sinalizar que poderá expulsar membros que desobedeceram a orientação para votar contra o projeto.

Apesar disso, o capixaba afirma que, por enquanto, prefere manter os pés fincados na sigla.

Ao todo, 34 deputados federais assumiram posições contrárias às de seus partidos durante a votação do texto-base da reforma aprovado na última quarta-feira (10). A postura “rebelde” dos parlamentares despertou o descontentamento das siglas.

O PDT nacional, por exemplo, anunciou a abertura de um processo interno contra a deputada Tabata Amaral (SP) e outros correligionários que foram a favor da medida. Para constrangê-la, o partido publicou um vídeo, na sexta-feira (12), no qual Tabata aparece sorrindo ao lado do presidente do PDT, Carlos Lupi, durante a convenção nacional do partido, na qual fecharam questão contra a reforma previdenciária proposta pelo governo Bolsonaro.

No dia da votação na Câmara, dos 10 deputados federais capixabas, oito foram a favor da reforma. Entre eles, Felipe Rigoni e Ted Conti, ambos do PSB, cuja orientação é para que seus membros votassem contra a medida. O presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira, já declarou em entrevista que eles, assim como outros nove deputados, enfrentarão um processo no conselho de ética da legenda. A consequência mais drástica poderá ser a expulsão.

Para Rigoni, sua posição divergente em apenas uma questão não deveria ser motivo para expulsão.

“Não acho que deve haver expulsão por um voto que o parlamentar deu. Deve ser uma avaliação do todo. Se eles perceberem que o parlamentar não tem a ver com a direção programática do partido, aí acho que devem expulsar”, avalia.

“O partido nacionalmente é divergente de como é aqui no Espírito Santo. Aqui ele é mais liberal na economia e também se ocupa com questões sociais. Nacionalmente, eu divirjo um pouco na área econômica, mas em outras áreas, como educação, estamos juntos”, completa.

Ainda assim, o deputado diz que espera por algum tipo de punição. “Alguma terá. É até feio para o partido falar o que está falando na imprensa e não fazer nada.”

INDEPENDÊNCIA

Rigoni integra o movimento Acredito, um dos grupos de renovação política criado nos últimos anos. Ele afirma que sua escolha partidária ocorreu após o PSB ter assinado uma carta com o Acredito, que trazia uma cláusula de independência.

A afirmação, no entanto, foi contestada por Carlos Siqueira, em declaração ao jornal O Globo: “Essa cláusula não existe. Ninguém se filia dizendo que não vai cumprir as regras do PSB. Se tiver um partido que aceite isso, que vá para lá. Aqui, não existe regra específica para ninguém”.

Mas Rigoni persiste. “Esse ponto foi uma decepção. O partido assinou, sim, a carta que tinha uma cláusula de independência e descumpriu um compromisso assumido. Não tinha validade legal, mas era um compromisso político”, pontua.

SONDAGENS

Rigoni ressalta que não pretende deixar o PSB, mas afirma já ter recebido propostas oficiais de outros nove partidos com a intenção de abrigá-lo.

O deputado capixaba prefere não citá-los, mas confirma que o PSDB está entre eles. O presidente estadual da sigla, o deputado estadual Vandinho Leite (PSDB), divulgou uma nota ontem dizendo que o governador de São Paulo, o tucano João Doria, orientou que um convite a Rigoni seja articulado.

“Ele é a cara do novo PSDB, que preza pela ética, defende a nova política e pode nos ajudar a construir um novo rumo para o partido”, disse Vandinho.

O deputado Ted Conti (PSB) também foi procurado pela reportagem, mas não retornou aos contatos até o fechamento desta edição.

PRESIDENTE DO PSB NO ES QUER CONVERSA COM DEPUTADOS

O presidente regional do PSB no Espírito Santo, Carlos Roberto Rafael, defende que os dois deputados federais do partido no Estado, Felipe Rigoni e Ted Conti, sejam chamados para um debate com integrantes da legenda. O dirigente é contra a expulsão dos deputados que adotaram posicionamento a favor da reforma da Previdência e contra a orientação partidária.

“Eu, como dirigente, defendo que a gente tenha um debate transparente e respeitoso. Eles não votaram assim por serem contra o partido. Não podemos simplificar as coisas entre quem foi contra e a favor (da reforma da Previdência). Assim, radicalizaríamos demais, e o Brasil já vive um momento muito emocional, sem razão”, argumenta Carlos Roberto Rafael, embora defenda que todos os membros devam seguir as ideias do partido.

Ele, porém, discorda da visão de Rigoni sobre diferenças entre PSB estadual e nacional. “Não vejo isso. Estamos no governo com Renato Casagrande, que também é secretário-geral do partido há anos”, destaca.

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