Em 6 de outubro deste ano, 1.526 quilombolas no Espírito Santo poderão ir às urnas votar para eleger prefeitos e vereadores dos 78 municípios capixabas, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É a primeira vez na história que os dados sobre esse grupo estão no perfil do eleitorado capixaba.
Os novos dados não significam que os quilombolas não votavam anteriormente. O que mudou é que desde novembro de 2022 pessoas desse grupo podem informar sua comunidade e língua na Justiça Eleitoral durante a atualização e cadastro do título de eleitor, possibilitando que as informações sejam computadas pelo TSE.
Ao todo, são mais de 15,6 mil quilombolas em 11 territórios tradicionais oficialmente demarcados em solo capixaba, distribuídos em 26 municípios do Espírito Santo. Os quilombolas representam 0,05% do eleitorado capixaba, sendo que a maioria dos eleitores das comunidades quilombolas têm entre 35 e 39 anos.
Quem reconhece a importância dessa representação é Jamile Vicente, da comunidade quilombola de São Pedro, em Ibiraçu. Ela notou que muitos jovens preferem votar apenas na idade obrigatória, mas ressalta que voto deles é essencial para cidadania e melhorar a qualidade de vida na comunidade.
Mesmo com essa representatividade histórica, cultural e numérica, não é a primeira vez que a falta de dados causa problemas para as comunidades tradicionais. O representante estadual da Coordenação das Comunidades Quilombolas (CONAQ), Domingos Capota, esclarece que a dificuldade das políticas públicas chegarem aos quilombos se dá pelo preconceito.
“Devido ao preconceito histórico, os governantes costumam dar prioridade às áreas urbanas, se esquecendo dos quilombos. A falta de investimento na comunidade, de saneamento básico, de educação de qualidade atinge nossas comunidades, que ainda sem garantia de defesa do nosso território. Por isso o voto é tão importante, nós como quilombolas podemos escolher quem nos represente e defenda nossas lutas.”, observa Domingos.
Os eleitores podem informar, além dos dados pessoais, outros dados como identidade de gênero - cisgênero e transgênero -, raça, cor, e etnia - como quilombola e indígena. Outra novidade é que a pessoa poderá informar se é intérprete de Libras para poder auxiliar pessoas com deficiência auditiva no dia da eleição.
O TSE ressalta que a qualificação do cadastro eleitoral com esses novos dados biográficos é um processo gradual, pois depende, em regra, da iniciativa de pessoas que realizam alguma operação eleitoral.
Por que estamos falando disso?
O perfil do eleitor pode determinar os rumos da eleição, uma vez que tende a vencer o candidato com as ideias que mais se aproximam com as da maior parte da população votante. Os dados sobre o eleitorado ajudam os candidatos a compreenderem as características e as necessidades dos eleitores e, assim, direcionar seus planos de governo de acordo com as necessidades da população.
Para colocar na agenda:
Agora que você sabe o perfil das pessoas que vão eleger os próximos governantes, fique de olho também no perfil dos candidatos.
Candidaturas - 20 de julho e 5 de agosto
Propagandas eleitorais - a partir de 16 de agosto
Onde encontrar os dados sobre o eleitor:
Veja mais detalhes sobre o eleitorado no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
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