O incentivo à participação de mulheres na política foi tema de campanhas nacionais e destaque nas eleições de 2022. A mobilização buscava encorajar mais candidatas a irem atrás de um lugar na política. No Espírito Santo, houve um pequeno aumento de candidaturas femininas. Foram 268 este ano contra 261 em 2018, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No entanto, nas urnas, esse incentivo pouco fez efeito às candidatas que concorreram aos cargos de deputada estadual, deputada federal, senadora e vice-governadora. Depois da votação do dia 2 de outubro, apenas cinco mulheres foram eleitas no Estado.
Das 30 vagas na Assembleia Legislativa (Ales), quatro serão ocupadas por mulheres. Três delas já exercem mandato e conseguiram se reeleger: Iriny Lopes (PT), Raquel Lessa (PP) e Janete de Sá (PSB). Na próxima legislatura, elas ganharão a companhia de Camila Valadão (PSOL). A vereadora de Vitória chegará à Casa de Leis como a deputada estadual mais votada no Espírito Santo, com 52.221 votos.
No Congresso Nacional, porém, a participação feminina capixaba vai encolher. A partir do próximo ano, três mulheres sairão da bancada do Espírito Santo na Câmara dos Deputados. As três deputadas federais que disputavam a reeleição — Norma Ayub (PP), Soraya Manato (PTB) e Lauriete (PSC) — foram derrotadas.
Assim, Jack Rocha (PT) será a única mulher do Estado na Câmara dos Deputados a partir de 2023. Ela também é a primeira mulher preta eleita como deputada federal na história capixaba, com 51.317 votos.
Outra representante feminina do Estado não conseguiu se reeleger. Rose de Freitas (MDB) perdeu a disputa pela única vaga para o Senado, por uma diferença de pouco mais de 74 mil votos, para Magno Malta (PL).
Para o governo do Estado, nenhuma mulher disputava o cargo. Mas havia três integrando chapas como vice-governadoras, todas em candidaturas que não avançaram ao segundo turno: Camila Domingues (Novo), Soraia Chiabai (PSTU) e Tenente Bombeira Andresa (Solidariedade).
Analisando os dados desde 2006, houve poucas mudanças na representação feminina capixaba na política. Nas eleições daquele ano, o TSE não tem dados de quantas candidaturas de mulheres foram registradas, mas houve seis eleitas: três como deputadas federais e outras três para estadual. Em 2010, o TSE registrou apenas 69 mulheres na disputa eleitoral no Estado, das quais 5 foram eleitas, sendo três deputadas federais e duas estaduais.
Em 2014, Rose de Freitas se elegeu como senadora e mais quatro foram vitoriosas como deputadas estaduais: Janete de Sá, Luzia Toledo, Raquel Lessa e Eliane Dadalto. Assim, cinco mulheres foram eleitas, dentre 247 candidatas.
Em 2018, foram 261 candidaturas femininas, e seis mulheres conseguiram se eleger: três deputadas estaduais (Janete de Sá, Iriny Lopes e Raquel Lessa) e três deputadas federais (Soraya Manato, Lauriete e Norma Ayub).
Em um cenário nacional, a próxima Legislatura, que começa em 2023, terá um número menor de mulheres nas cadeiras do Senado Federal: 10. No início da Legislatura anterior, em 2019, eram 12. Apenas quatro senadoras foram eleitas este ano: Damares Alves (Republicanos-DF), Professora Dorinha (União-TO), Teresa Leitão (PT-PE) e Tereza Cristina (PP-MS).
Das atuais dez titulares, seis mantêm-se no cargo até 2027. Somadas às eleitas, serão 10 senadoras a partir de 2023 (12,3% do total de parlamentares). O número pode se alterar caso o senador Jorginho Mello (PL-SC) seja eleito governador no segundo turno em Santa Catarina, o que tornaria titular a suplente Ivete da Silveira (MDB-SC).
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou neste ano 53 candidatas ao Senado, percentual que alcançou 22,5% dos concorrentes à Casa.
O índice ficou abaixo do mínimo de 33% esperado para as candidaturas femininas em todos os cargos, mas subiu quando comparado a 2018, ano em que as mulheres foram 17,6% das candidaturas ao Senado.
Na Câmara dos Deputados, a bancada feminina será maior que a atual. Em 2018, foram eleitas 77 mulheres (15% do total de deputados). Neste ano, foram 91 deputadas eleitas, o que representa 17,7% do total.
Apesar dos incentivos e de a maior parte do eleitorado ser feminino (52,65%), mulheres continuam tendo menor representação na política. Para a mestre em Desenvolvimento Econômico e Política pela Universidade de Columbia (Estados Unidos), Isabela Rahal, a política no Brasil é um "clube de homens}", o que dificulta a renovação de cadeiras nos diferentes cargos e, consequentemente, afasta a presença feminina.
Ainda de acordo com a especialista, falta informação e ambição de mulheres para almejar um lugar na política. "Elas passaram a vida inteira escutando que não eram líderes. A gente viu este ano uma eleição mais difícil que em 2018, pois as pessoas não estavam buscando renovação", declarou.
Isabela Rahal ainda acrescenta que o salto no número de mulheres eleitas em 2018 não aconteceu em 2022. Segundo a especialista, os partidos não se preocupam em investir na formação de mulheres, em trazê-las para quadros internos e em incentivar que queiram estar em cargos de lideranças dentro das legendas.
"Então é claro que essas candidaturas vão estar menos preparadas. Quando uma campanha tem menos recursos, não chega longe e tem menos chance de ganhar", acrescentou.
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