A cada 100 moradores do Espírito Santo, 72 dependem do serviço público para atender suas demandas de saúde. Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 1,1 milhão de capixabas pagam planos de saúde (dados de dezembro de 2018), os quase 3 milhões restantes precisam fazer consultas, exames e outros procedimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os números fazem parte de um levantamento feito pelo G.dados, o grupo de jornalismo de dados de A Gazeta, que projetou a realidade demográfica do Espírito Santo em 100 pessoas. (Veja vídeo abaixo)
Para essas pessoas, é rotina ter que enfrentar longas horas de espera em pronto atendimentos, meses por consultas com especialistas. Em caso de uma urgência, elas ainda correm o risco de acabarem em uma maca no corredor.
Para o especialista em gestão pública e professor da UVV, Wallace Millis, muitos dos problemas sentidos pela população vêm do subfinanciamento do sistema. O custo operacional na saúde aumenta todo dia. A demanda é enorme, a população envelhece e as demandas ficam cada vez mais complexas, afirma.
Millis avalia ainda que há um jogo de empurra entre os setores do complexo econômico da saúde. Sempre há um conflito entre o governo, com a Tabela SUS defasada, operadores, hospitais e os prestadores de serviço. Fica todo mundo disputando quem empurra o custo para quem, explica.
Outra questão que dificulta o acesso ao fornecimento de um atendimento mais eficaz é a característica elástica da demanda por serviços de saúde. Se você construir uma unidade de saúde, você vai ter demanda para duas, se construir duas, vai ter demanda para três. A demanda reprimida é gigantesca, afirma.
A exigência tem crescido ainda mais desde a crise econômica. Entre 2015 e 2017, auge da crise, os planos chegaram a perder 50 mil usuários, que acabaram se vendo obrigados a depender do SUS. Desde então, houve uma retomada, no entanto, mesmo atualmente, o número de capixabas com plano de saúde ainda é menor que antes da recessão.
Para o especialista, o sistema precisa focar mais em resolutividade e em ações de promoção à saúde, como saneamento básico e incentivo à atividade física. A gente às vezes fica preso no conflito distributivo, mas quem é da área de saúde tem que pensar para além desses conflitos. Pensar em como criar benefícios para a população para melhores condições de saúde. Isso ia reduzir a pressão sobre o sistema, diz.
A Gazeta fez um levantamento a partir de bases de dados como a do Censo 2010, a da Pnad Contínua, a da Justiça Eleitoral e de outras que têm informações sobre os capixabas para criar uma representação proporcional do Estado. Todos os números são projeções aproximadas feitas a partir dos números reais mais atualizados disponíveis.
A ideia é que o leitor conheça o Estado onde vive de forma simplificada, entenda-o a partir dessa centena. O levantamento foi feito pelo G.Dados, grupo de jornalismo de dados de A Gazeta. O vídeo é baseado no projeto 100 People: a World Portrait (em tradução livre, "100 Pessoas: Um Retrato do Mundo"), que há anos discute o mundo representando toda a população vivendo em uma pequena vila com 100 habitantes. O projeto original é para auxiliar estudantes a compreenderem o mundo: é possível entender o planeta, que tem 7,5 bilhões de habitantes, em 100 pessoas.
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