O ministro da Economia, Paulo Guedes, ocupou as capas de sites de notícias e os assuntos mais comentados das redes sociais após dizer, nesta quarta (12), que o dólar alto é bom, já que antes até empregada doméstica estava indo para a Disney. A frase desagradou muitos internautas que chegaram a comparar o ministro com o personagem Caco Antibes, do programa Sai de Baixo, que tinha "horror a pobre". Contudo, Guedes não é o primeiro político a ter uma fala ganhando repercussão negativa na opinião pública.
A Gazeta separou algumas declarações dos últimos anos de autoridades do Brasil e do Espírito Santo que não pegaram bem. Algumas delas chegaram a ir parar nos tribunais, como a declaração do então deputado federal Jair Bolsonaro (na época no PP, hoje sem partido), de 2014. Hoje presidente, ele disse na época para outra deputada que não a estupraria porque ela não merece. Em 2019, a Justiça determinou uma indenização e uma retratação por conta do episódio.
No Espírito Santo, quem também pode sofrer sanções por conta de algo que disse é o deputado estadual Capitão Assumção (PSL). Em setembro de 2019, ele ofereceu recompensa a quem assassinasse o homem que matou uma jovem em Cariacica. O caso está sob análise da Corregedoria da Assembleia Legislativa.
"O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação, além de ter estabilidade na carreira e aposentadoria generosas. O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita." A frase foi dia no último dia 7 de fevereiro, durante uma palestra do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getulio Vargas. Depois, Guedes pediu desculpa.
"Fiz a reforma da Previdência para que aqueles que se locupletam (aumentam a própria fortuna) da Previdência não se locupletem mais, não se aposentem com menos de 50 anos, não sejam vagabundos em um país de pobres e miseráveis." O comentário foi feito em maio de 1998 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ao prestar contas em uma palestra do seu primeiro mandato, ele criticou a concessão de benefícios a pessoas com até 50 anos.
"Cadê as mulheres de grelo duro do nosso partido?", questionou o ex-presidente em conversa grampeada com o ex-ministro Paulo Vannuchi em 2016. Na época, Lula (PT) havia sido nomeado ministro da Casa Civil, do governo Dilma. A nomeação, porém, acabou suspensa pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, que viu intenção de Lula de tentar se afastar das investigações da Lava Jato, ao ocupar o cargo. Em conversa com Vannuchi, Lula questionou sobre as mulheres de "grelo duro" para se manifestarem sobre um procurador que o investigava e que, segundo ele, batia na esposa.
"Esses otários aqui (deputados estaduais), quantas vezes eu for deputado, eles têm que votar em mim (para presidente da Assembleia)", disse em 2002 o então presidente da Assembleia Legislativa, José Carlos Gratz (na época no PFL, que mais tarde virou DEM), sobre o "controle" que exercia sobre os parlamentares. Ele associava o apoio a ajuda no financiamento das campanhas dos deputados eleitos.
"Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5." A frase foi uma proposta do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) em 2019 ao ser questionado sobre o que poderia ser feito caso houvesse manifestações no Brasil, tal qual aconteciam no Chile naquele período.
"Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece." Declaração do atual presidente da República foi feita em 2014, no plenário da Câmara, após a deputada federal Maria do Rosário (PT) criticar a ditadura militar. Na época, Bolsonaro também era deputado.
"O que fazer com um camarada que estuprou uma moça, mas não matou? Tá bom, tá com vontade sexual, estupra, mas não mata." O episódio aconteceu em 1989, em plena campanha eleitoral do então deputado federal Paulo Maluf, durante uma palestra na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.
"Você tem a opção de se mudar para lá." Este foi o comentário do governador Renato Casagrande (PSB), em janeiro deste ano, ao ser xingado por um internauta nas redes sociais, que o comparava ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Pouco tempo depois, Casagrande voltou a alfinetar usuários que o criticavam. Por que está agressiva então?, comentou após uma pessoa pedir urgência com as ações para as vítimas das chuvas.
"Relaxa e goza, porque depois você esquece todos os transtornos." A frase foi dita em 2007 pela então ministra do Turismo, Marta Suplicy (na época no PT, hoje no MDB), após ser questionada sobre a crise aérea daquele ano, causada pelo aumento de ofertas de voos sem investimentos na estrutura de aeroportos.
"Não nasci com medo de assombração, não tenho medo de cara feia. Isso o meu pai já me dizia desde pequeno, que havia nascido com aquilo roxo, e tenho mesmo, para enfrentar todos aqueles que querem conspirar contra o processo democrático." A frase foi dita pelo então presidente Fernando Collor de Mello após um protesto contra ele. No Nordeste, a expressão "nascido com o saco roxo", sugere masculinidade e virilidade.
"É um dinheiro bem gasto para a população que tem o privilégio de ir lá e comer um bombom" disse o presidente da Câmara de Vila Velha, Ivan Carlini (na época no PR), em 2011, em meio a repercussão dos gastos do Legislativo para a compra de doces e lanches. Atualmente, o vereador permanece como presidente da Casa e está filiado ao DEM.
"Até agora a energia hidrelétrica é a mais barata em termos do que ela dura da sua manutenção e também pelo fato da água ser gratuita, e da gente pode estocar. O vento podia ser isso também. Mas você não conseguiu ainda tecnologia para estocar vento." A frase fazia parte do discurso de Dilma Rousseff (PT), enquanto presidente, em 2015, durante evento da ONU. O episódio acabou virando meme.
"Sujeito que fala mal de mim ou é pedófilo, ou é traficante, ou é mau caráter ou é vagabundo." Crítica foi feita em 2018, em um áudio gravado pelo então senador Magno Malta (na época no PR, que hoje mudou de nome para PL) e compartilhado em grupos religiosos nas redes sociais.
"(Tenho) R$ 10 mil aqui do meu bolso para quem mandar matar esse vagabundo, isso não merece estar vivo. Eu tiro do meu bolso quem matar esse vagabundo aí. Não vale dar onde ele tá localizado não, tem que entregar o cara morto, aí eu pago", disse o deputado estadual Capitão Assumção (PSL) ao comentar a morte de uma jovem em Cariacica, durante discurso na Assembleia Legislativa em setembro de 2019. O caso está sob análise da Corregedoria da Assembleia Legislativa.
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