Dos 9.760 candidatos que buscam assumir cargos eletivos no Espírito Santo nas Eleições 2024, 904 declaram à Justiça Eleitoral possuir dinheiro em espécie - ou seja, em cédulas ou moedas. Juntos, os concorrentes somam R$ 26.918.277,49 em dinheiro vivo e 65 deles declaram pelo menos R$ 100 mil em papel-moeda.
Quem lidera a lista com a maior quantia declarada no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é o candidato a prefeito de Vitória do Avante, Du. Ele tem R$ 1,9 milhão em moeda nacional. O valor corresponde a aproximadamente 9,1% do patrimônio total do postulante, que declarou possuir quase R$ 20,8 milhões em bens.
O empresário disse à reportagem de A Gazeta que se sente mais seguro diversificando as reservas em locais e formatos diferentes. “Tenho recursos em espécie declarados há mais de 30 anos. Empreender é correr riscos e eu diversifiquei meus riscos”, declarou.
Com R$ 1,4 milhão em espécie registrado, Renzo Vasconcelos (PSD), candidato a prefeito de Colatina, é o segundo colocado na lista. O valor corresponde a quase 80% do total declarado por ele - R$ 1.825.979,84.
Em terceiro lugar aparece o candidato a vereador de Afonso Cláudio pelo União Brasil Vitorasse da Federal, que registra R$ 915 mil em espécie. A quantia corresponde a quase 47,8% do total declarado por ele, que afirma ter R$ 1,9 milhão em bens. O postulante possui R$ 475 mil em espécie a mais que o quarto da lista, o candidato do PL a prefeito de Linhares Maurinho Rossoni - ele declarou R$ 440 mil em papel-moeda.
Já o candidato a vereador de Itaguaçu Japa (PL) é responsável pelo menor valor em dinheiro vivo declarado: o candidato possui R$ 74,73. Na declaração de bens - obrigatória para todos que querem concorrer a um cargo nas eleições municipais - o postulante à vaga na Câmara Municipal descreve que a quantia está guardada em um cofrinho.
Além de Japa, outros 808 candidatos a vereador declaram possuir dinheiro em espécie. Já os que disputam o cargo de vice-prefeito com dinheiro vivo somam 41 e os que buscam assumir prefeituras capixabas, 54.
Entre os concorrentes que têm mais de R$ 100 mil em dinheiro vivo, 41 buscam se eleger vereadores, 7 vice-prefeitos e 17 querem ocupar o cargo máximo do Executivo municipal.
O partido que mais possui filiados nesta lista de 65 candidatos é o PSB: são 11. Em segundo lugar está o PP, com 9. Em seguida aparecem MDB, Podemos, União Brasil e PSD com 6 filiados cada. O PL ocupa 5 lugares na lista e o Republicanos, 4. PDT, DC e PSDB têm 2 filiados com mais de R$ 100 mil em espécie e PRD, PV, PRTB, Mobiliza, Avante e Agir têm 1, cada.
Do total que declarou quantia em espécie, seis candidatos cometeram erros ao registrar os valores: o dinheiro vivo em moeda nacional estava declarado no campo “moeda estrangeira”. Em Dores do Rio Preto, os casos são dos postulantes a vice-prefeito e vereador, respectivamente, Carloman (União Brasil) e Eclair Lopes (PSB).
Os demais candidatos que cometeram o mesmo erro buscam ser vereadores em Rio Bananal - Edina Conti (MDB) e Moacir Pinheiro (MDB); em Bom Jesus do Norte - Tiquinho (Podemos) - e em Barra de São Francisco - Israelle Cândido (PSB).
O economista e professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV/EAESP) Renan Pieri explica que muitas pessoas optam pelo dinheiro vivo por causa da liquidez (facilidade de acesso sem perda de valor) que ele oferece.
“Liquidez é um ativo importante para quem precisa ter caixa para operações diárias. Hoje em dia é mais fácil mexer em contas, fazer transferências, mas a depender do setor em que a pessoa opera, principalmente no comércio e no serviço, ela pode acabar recebendo um pagamento e também acaba utilizando esse dinheiro para pagar fornecedores, funcionários. Então, ainda é muito usual, principalmente fora dos grandes centros, o uso do dinheiro em espécie para meio de troca e também como reserva de valor”, argumenta o professor.
No entanto, a escolha também tem desvantagens, visto que, além do perigo de perder a quantia, seja por causa de furtos, roubos ou até mesmo acidentes, o valor deixa de render.
“O lado negativo de manter dinheiro em espécie é não receber juros. Com a inflação, o dinheiro vai perdendo valor ao longo do tempo. Se a quantia não for aplicada em algum investimento, a pessoa vai empobrecer. Então, quem mantém um volume de recursos em espécie deve fazê-lo apenas para um percentual pequeno do seu patrimônio”, esclarece Pieri.
A versão anterior desta reportagem não trazia a informação de que o candidato a prefeito de Colatina Renzo Vasconcelos declarou R$ 1.456.000 de dinheiro em espécie. Isso ocorreu porque, no banco de dados abertos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de onde as informações de todos os candidatos do Espírito Santo foram extraídas, o valor aparece sob a rubrica “Outros bens e direitos” e não como “dinheiro em espécie”, o que afetou o cruzamento de dados. O texto e a tabela foram corrigidos.
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