Repleto de propostas, mas também de críticas sobre a atual administração, foi realizado entre a noite desta quinta-feira (3) e a madrugada desta sexta-feira (4) o debate da TV Gazeta com os candidatos à Prefeitura de Vitória. Estiveram presentes os seis candidatos que buscam assumir o comando da Capital: Assumção (PL); Camila Valadão (Psol); Du (Avante); João Coser (PT); o candidato à reeleição, Lorenzo Pazolini (Republicanos); e Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB).
O debate foi mediado pelo jornalista Mário Bonella, apresentador do Bom Dia ES. O primeiro e o terceiro blocos foram de temas livres. No segundo e no quarto, foram feitas perguntas com temas determinados por sorteio, sendo que, no último, os candidatos ainda puderam fazer suas considerações finais.
Du abriu o primeiro bloco questionando Assumção sobre a área da saúde, citando seu projeto para transformar o Cais das Artes (gerido pelo governo do Estado) em um hospital de referência e questionando a falta de unidades do tipo na capital. O candidato do PL atribuiu a carência à má gestão. Ele citou os moradores de Vitória que buscam atendimento na Serra e apresentou seu plano de transformar o Pronto Atendimento da Praia do Suá e o de São Pedro em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) com mini laboratórios, além de criar mais dois PAs: um infantil e um para idosos.
Em seguida, Camila Valadão perguntou para Lorenzo Pazolini, falando em autoritarismo na gestão e citando o episódio em que, durante uma agenda pública em 2022, o prefeito retirou o microfone da mão da vice-prefeita Capitã Estéfane. Pazolini afirmou que mais de 70% do orçamento municipal são geridos por mulheres, que ocupam secretarias na gestão municipal, citou a redução de índices de feminicídio e a ampliação do Botão do Pânico, equipamento distribuído a vítimas de violência doméstica.
Na terceira pergunta, de João Coser para Du, o ex-prefeito questionou o empresário sobre o que ele faria com os R$ 220 milhões dedicados pela atual gestão ao programa “Asfalto Vix”. Du citou soluções de mobilidade, como a implantação de oito quilômetros de teleférico, equivalente à distância entre o Shopping Vitória e o Parque de Camburi, criação de faixas exclusivas para motos e medidas para a revitalização do Centro. Coser propôs a criação de uma via de ligação entre a Praia de Camburi e a Serra, a abertura de 11 escolas, 15 unidades de saúde ou 18 equipamentos sociais.
Pazolini escolheu perguntar a Luiz Paulo suas propostas para a Educação. O também ex-prefeito afirmou que o desempenho das escolas nas áreas de periferia piorou na atual administração e criticou os salários dos professores abaixo da média nacional e o fim da eleição para diretor nas unidades municipais.
Luiz Paulo, por sua vez, questionou Coser sobre medidas para o Centro Histórico da cidade. O candidato respondeu com os planos de criar uma secretaria dedicada ao tema, implementar um projeto habitacional envolvendo prédios desocupados, levar iluminação e agentes de segurança para a região, criar uma agenda cultural permanente e fomentar o potencial turístico, citando a relevância de bares e restaurantes.
Encerrando o bloco, Assumção questionou Camila Valadão sobre a falta de políticas públicas para a juventude. A candidata criticou a atual gestão, que reformou apenas um Centro de Referência da Juventude durante o mandato, e citou o plano de ampliar os CRJs e incentivar a participação política dos jovens. Assumção apresentou o plano do benefício “Emprega Vitória”, uma bolsa de R$ 300 ao longo de dois anos para jovens que participarem de qualificação profissional e busca de emprego através da Prefeitura.
O segundo bloco, em que as perguntas deveriam ser feitas de acordo com os temas sorteados, começou com o questionamento do atual prefeito para o candidato do Avante, Du. Sobre o tema “capacidade de investimento da prefeitura”, Pazolini disse que iniciou sua gestão com um baixo orçamento e, por isso, cortou gastos e mordomias. Questionou, então, quais os planos do empresário para ampliar investimentos municipais e políticas públicas para melhorar a vida dos capixabas.
“Quero levar prosperidade para todos os cantos da cidade”, respondeu Du, que disse ter a pretensão de revisar contratos, adotar uma administração coerente com o orçamento disponível e não aumentar impostos. Tudo isso, afirma ele, seria feito a partir de parcerias público-privadas e diálogos com governos municipais, estadual e federal. O empresário também sugeriu que há desvios de recursos e corrupção na atual gestão, que seriam combatidos em seu governo.
Com o tema sorteado sobre reforma tributária, Camila perguntou a Coser como ele lidaria com a perda de arrecadação do município caso fosse eleito. O ex-prefeito da Capital começou atacando a administração de Pazolini, afirmando que a cidade não tem projeto econômico. Segundo ele, “os prefeitos vão precisar trabalhar muito para incentivar o consumo”. Por isso, ele disse que pretende trabalhar uma articulação com o setor privado para tornar a cidade de Vitória em um atrativo turístico. Para Coser, são fundamentais a construção de um centro de convenções para acolher grandes eventos e a implementação de um projeto de formação e qualificação de mão de obra, combinado com o setor empresarial. Além disso, ele propõe o financiamento de microempresas, por que “a cidade tem a vocação para o serviço”.
Em seguida, o candidato Du perguntou a Assumção quais as propostas do candidato para lidar com as pessoas em situação de rua. O concorrente do PL afirmou que é preciso se basear em outros municípios e experiências bem sucedidas. Para ele, é importante articular, com firmeza, a Polícia Militar, a Guarda Municipal e o Corpo de Bombeiros para implementar políticas que permitam que o cidadão “que paga impostos” seja respeitado e possa andar em paz nas ruas, respeitando os direitos humanos.
No tema sobre vagas em creches, Coser perguntou ao ex-prefeito do PSDB como ampliar o ensino infantil em tempo integral, principalmente nas periferias. Luiz Paulo relembrou que a cidade já teve a melhor rede pública de ensino infantil (de 6 meses a 6 anos) do país – sendo considerada, em 2003 (durante mandato do tucano), capital líder nacional em Educação Infantil – e afirmou: “Se eu tivesse um único projeto para fazer, seria a implementação de ensino infantil para todas as crianças, em tempo integral para famílias que necessitam”. Luiz Paulo também atacou a prefeitura de Pazolini ao dizer que a qualidade do ensino na Capital caiu por causa do modelo de gestão adotado pelo prefeito, “que não faz parceria com a sociedade e outros níveis de governo”.
O próximo tema sorteado foi iluminação pública. Sobre isso, Luiz Paulo Vellozo Lucas perguntou a Pazolini “por que, mesmo com os investimentos recentes da Prefeitura, a cidade continua escura?”. Mais uma vez, o candidato à reeleição citou o orçamento do início da gestão e disse que, mesmo com a limitação, conseguiu expandir a iluminação pública da cidade e realizar investimentos que contribuem para “uma cidade mais humana, acolhedora e igual”. Na réplica, o tucano acusou Pazolini de populismo fiscal e afirmou que o gasto público precisa ter qualidade e deve ser feito ao longo do mandato e não apenas no último ano.
Finalizando o bloco, Assumção, dentro do tema “arborização”, direcionou a questão à candidata Camila, afirmando que a atual gestão abandonou o plano de arborização da cidade que seria capaz de identificar, via geolocalização, as árvores plantadas pelo município. A deputada estadual afirmou que, dentro de seu plano de governo, um dos eixos – “Vitória das oportunidades” – busca justamente garantir direitos às gerações futuras. As propostas, segundo ela, envolvem a plantação de árvores frutíferas para que seja construída uma cidade baseada na natureza.
Criticando o prefeito, Camila Valadão disse que Pazolini não pensa em formas de ampliar medidas ambientais e não implementou políticas para lidar com as mudanças climáticas – o chamado “plano municipal de adaptações climáticas”, que tem como objetivo aumentar a resiliência das cidades e fortalecer a capacidade de adaptação a riscos relacionados ao clima e catástrofes ambientais.
No terceiro bloco, Lorenzo Pazolini perguntou a Du sobre suas propostas para a saúde. Além de voltar a citar a intenção de criar o Hospital do Cais, o empresário falou em ampliação dos PAs e diálogo com empresas para a construção de um hospital voltado às doenças respiratórias. O prefeito, por sua vez, citou o plano de construir a primeira UPA da cidade.
Em seguida, Pazolini foi questionado por João Coser sobre a contratação de empresas para coleta de lixo sem licitação. O prefeito afirmou que as contratações foram licitadas, feitas com acompanhamento dos órgãos de controle e ressaltou que Vitória foi considerada a Capital mais transparente do país pela organização Transparência Internacional. Sem citar nominalmente os dois ex-prefeitos presentes no debate, disse que tirou da administração a corrupção de gestões passadas. “Tenho 44 anos de vida pública sem condenação”, respondeu Coser.
Camila Valadão também escolheu questionar o prefeito, falando em R$ 76 milhões disponíveis do governo federal para a área da saúde que não teriam sido usados pela gestão. Pazolini disse que esse era o saldo em janeiro, mas que atualmente a conta da cidade no InvestSUS tem pouco mais de R$ 45 milhões, que serão investidos na construção da UPA e em uma nova unidade de saúde no bairro República.
Na sequência, Du perguntou a Assumção sobre suas propostas para a segurança. O militar citou casos de violência associados ao tráfico de drogas, como ônibus incendiados e ordens de fechamento de comércio por facções criminosas. Ele também destacou a proposta de criar um sistema de inteligência municipal, semelhante ao Mossad, o Instituto de Inteligência e Operações Especiais israelense. Du, por sua vez, disse que quer ampliar o efetivo da Guarda Municipal e investir em treinamento e tecnologia.
Luiz Paulo questionou João Coser sobre propostas para a mobilidade. O petista voltou a citar a proposta de uma via ligando a Praia de Camburi ao Bairro de Fátima, como forma de desafogar o trânsito em Jardim Camburi, e também destacou a intenção de criar uma via saindo das regiões de São Pedro, São Cristóvão e Joana D’Arc até a altura do Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar, em Maruípe. Já o tucano disse querer criar linhas circulares com ônibus elétricos dentro dos bairros, integradas ao Sistema Transcol.
Fechando o bloco, perguntando a Du, Assumção voltou a falar em um pedido de investigação — encaminhado por ele ao Ministério Público e à Polícia Federal — relacionado a um secretário de Vitória, contra o qual supostamente recaem suspeitas de desvio de conduta no serviço público. Du disse que, por ser “direito e de direita”, não permitiria esse tipo de situação em uma eventual administração.
No quarto e último bloco – mais uma vez de perguntas temáticas –, Camila perguntou a Coser quais são as propostas do ex-prefeito para manter o equilíbrio fiscal em Vitória, caso seja eleito. A candidata do Psol disse que a atual administração “gosta de falar de equilíbrio fiscal, dizer que arrumou a casa e colocou as contas em dia”, mas que o fez retirando recursos de aposentados.
A deputada se referia à Lei que determinou a cobrança de 14% de contribuição de aposentados e pensionistas na cidade, imposta em 2021 em meio à pandemia de coronavírus, como ressaltou Camila em sua resposta.
João Coser disse que assume o compromisso de devolver o dinheiro para os idosos afetados e atacou: “Não basta guardar dinheiro, tem que saber investir”. Para o petista, a gestão atual é como um pai que tem R$ 100 mil no banco, mas deixa o filho passar fome. Ele ainda disse que ser gestor público “é um ato de amor, tem que cuidar das pessoas. Asfalto é bom, mas não melhora a vida da população”.
Em seguida, foi a vez de Du responder o petista sobre mobilidade urbana e acidentes de motos que, segundo Coser, “comprometem e encarecem o sistema de saúde”. De acordo com o candidato do Avante, “é preciso educar os motociclistas e motoristas de automóveis, ônibus e caminhões. Já existem as faixas azuis que são faixas exclusivas para motos. Eu, sendo eleito, implementarei imediatamente as faixas exclusivas para motos e ônibus. Acredito que fazendo isso, diminuiremos muito os acidentes de trânsito”. Além disso, o empresário disse que quer investir em mais aquaviários na cidade e implementar o “uber barco”.
Sobre as escolas em tempo integral, Assumção, que foi questionado por Du, criticou o governo de Pazolini e disse que o prefeito tem uma visão fantasiosa de Vitória. Na réplica, o empresário citou falta de alvarás das escolas da Capital e revelou que pretende firmar parcerias com escolas privadas para atingir a meta de oferecer ensino em tempo integral para todos.
A seguir, foi a vez de Pazolini, que citou programas de arborização e de despoluição de fontes implementados em sua administração e perguntou para Du quais são as propostas do concorrente para mitigar os efeitos do aquecimento global e garantir um sistema equilibrado. O candidato do Avante respondeu que prevê a revitalização de áreas verdes, o uso de tecnologias sustentáveis e a promoção de hortas urbanas, além de incentivar o uso de transporte aquático, coletivo e ciclovias. Du também prometeu dialogar com as empresas poluidoras – emissoras do “pó preto” – de Vitória e construir domos para proteger o município.
Já em relação aos acidentes no trânsito, Luiz Paulo questionou quais foram as entregas de Pazolini para lidar com o problema. O prefeito citou ações de educação do trânsito nas escolas, a implementação de câmeras que monitoram a cidade, a substituição da central semafórica municipal e prometeu expandir ações de fiscalização com bafômetros e drones, por exemplo.
Finalizando o bloco, Camila Valadão expôs a Assumção suas propostas para a Guarda Municipal de Vitória. A deputada afirmou que a Guarda está sendo utilizada como instrumento de marketing político e foi desvirtuada da sua missão que, segundo ela, é a preservação da vida e promoção da cidadania. Camila também criticou a insegurança em locais públicos e disse que “segurança pública se faz com planejamento, com diagnóstico, participação popular e articulação institucional. O que a gestão fez foi isolar Vitória das demais forças da área da segurança pública”.
Nas considerações finais, em ordem definida por um sorteio feito previamente, Lorenzo Pazolini destacou feitos de sua gestão e falou na intenção de implementar ações que levem “paz e prosperidade” à cidade, além do compromisso de “fazer de Vitória a melhor cidade do Brasil para se viver”.
João Coser reafirmou que nunca teve problemas com a Justiça ou condenações, destacou a boa relação com o governador Renato Casagrande (PSB) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse que “a cidade ganha mais quando não é dividida”.
Camila Valadão teceu uma série de críticas à administração, falando em “bom mocismo”, atacando o projeto de asfaltamento da cidade e pediu votos para eleger a primeira prefeita mulher da Capital: “Vitória merece mais que uma gestão medíocre e autoritária”.
Luiz Paulo Vellozo Lucas disse que dedicou sua vida à política e que é “obcecado” pela ideia de ter Vitória como destino nacional e internacional por seu povo, ativos ambientais, históricos e culturais.
Du destacou sua trajetória de vida, de vendedor de frutas a empresário, e disse que uma pessoa como ele pode fazer muito na Prefeitura para levar prosperidade à população. Ele também lembrou que os demais candidatos têm trajetória na política, diferentemente dele: “Eu só tenho você, eleitor”.
Citando um versículo bíblico, Assumção focou em críticas à atual prefeitura e, em uma provocação, prometeu a sua candidata a vice-prefeita que jamais seria “indelicado” com ela.
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