O deputado estadual Capitão Assumção (Patriota) participou no último domingo (31) de uma manifestação em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em Brasília. Em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), Assumção fez críticas à Corte e falou em uma suposta ditadura da toga. Em algumas imagens, ele, um diretor da Assembleia Legislativa e dois assessores do parlamentar aparecem juntos e sem máscaras, contrariando um decreto do Distrito Federal, que obriga todas as pessoas a usarem a proteção.
Em Brasília, quem não usar máscara pode responder por crime de infração de medida sanitária preventiva, de acordo com regra em vigor desde o dia 30 de abril. Quem for flagrado sem adotar a medida pode ser autuado e multado a partir de R$ 2 mil.
Em vídeo publicado em suas redes sociais, Assumção disse que os apoiadores de Bolsonaro não vão sair das ruas e pede harmonia entre os Poderes para que o presidente faça as mudanças que tem que fazer. Na manifestação, grupos bolsonaristas faziam críticas ao Supremo e citavam, principalmente, os mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal na semana passada, em um inquérito conduzido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que apura fake news e ameaças contra integrantes da Corte. A operação teve como alvo blogueiros apoiadores do presidente.
"Estamos finalizando nossa manifestação contra a ditadura da toga, nós jamais sairemos das ruas e jamais permitiremos qualquer tipo de ditadura. O STF tem que se submeter às suas obrigações constitucionais, nenhum Poder é superior a outro Poder. Temos que estar vigilantes para que os três Poderes sejam harmônicos, para que o nosso presidente Bolsonaro faça as mudanças que tem que fazer e que o Brasil seja uma nação exemplo: Deus, pátria, família, disse Assumção, em um vídeo em sua página.
Durante a manifestação, que se concentrou em vários pontos da Praça dos Três Poderes, o presidente Jair Bolsonaro sobrevoou o local. Ele foi ao Palácio do Planalto e, de lá, acenou para manifestantes. Em seguida, ele montou em um cavalo da Polícia Militar e cavalgou próximo ao Planalto, saudando apoiadores.
Além do parlamentar, os assessores parlamentares Walter Matias e Alcemir Rodrigues, lotados no gabinete de Assumção, também estiveram com o deputado na manifestação e não usavam máscaras, em imagens publicadas nas redes sociais. Ex-candidato a senador pelo PSL e aliado de Assumção na coleta de assinaturas do Aliança pelo Brasil, partido que Jair Bolsonaro tenta criar, o diretor de segurança legislativa Sérgio de Assis Lopes, o Subtenente Assis, também participou do protesto. Na manhã desta segunda-feira (1º), Assumção participou de uma reunião virtual da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa.
A reportagem tentou contato com o deputado, por telefone, mas ele não atendeu às ligações ou respondeu às mensagens. Na sessão virtual da Assembleia Legislativa desta segunda-feira (1º), Assumção comentou o episódio e disse que foi à manifestação como "cidadão", protestar contra o STF, e minimizou o uso de máscaras.
"Estava fazendo valer nosso direito de livre manifestação do pensamento, na frente do STF. Essa máscara não serve para porcaria nenhuma. Estava lá contra a ditadura da toga. Muitos cidadãos, na semana passada, foram molestados porque um ministro achou que podia ser delegado, promotor e juiz. Daqui a pouco não vamos poder se manifestar", discursou.
Contudo, o Ministério da Saúde e especialistas reforçam a eficácia da máscara no combate à Covid-19. Estudos apontam que as máscaras atuam como barreira mecânica para impedir que gotículas de saliva contaminem ambientes, além de diminuir a possibilidade de quem usa ser infectado pelo vírus.
"As pesquisas apontam que os tecidos mais comuns disponíveis no mercado oferecem uma boa filtragem, mas quem utiliza a máscara tem proteção máxima apenas se estiver bem ajustada à face", afirma o engenheiro molecular e professor da Universidade de Chicago, Supratik Guha, que é um dos autores de um estudo que mostra a eficácia da máscara.
Assis disse que manifestar apoio ao presidente é um dever seu, "como parte desse governo e como cidadão". Ele afirmou que todos usaram as máscaras, mas retiraram para fazer as fotos.
"É importante nos identificarmos. Temos orgulho de ter marcado presença. Quanto a intervenção militar, eu sou pré-candidato a prefeito de Cariacica. Acho que isso já responde sua pergunta. O poder emana do povo, somos uma democracia", respondeu, por mensagem.
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