Depois de ter a denúncia de quebra de decoro parlamentar arquivada pela Corregedoria da Assembleia Legislativa no último dia 15, por falta de provas, no episódio em que foi multado em uma blitz da Lei Seca quando dirigia um carro oficial, o deputado Lucas Polese (PL) fez uma live no Instagram, no começo da noite desta quarta-feira (27), para se explicar sobre o fato ocorrido na madrugada do dia 6 de maio deste ano.
Na transmissão ao vivo, cujo vídeo chegou a ser publicado na página pessoal de Polese no Instagram, mas foi apagado horas depois, o deputado disse que se negou a realizar o teste do bafômetro, ao ser parado em blitz da Lei Seca, porque havia brindado com uma taça de vinho com o embaixador do Azerbaijão, Rashad Novruz, horas antes, durante um jantar em Vitória. "Por ter bebido essa taça, por não saber se ia ser pego ou não em um bafômetro, preferi não fazer", afirmou. A íntegra do vídeo, que já havia sido baixado por A Gazeta na quarta-feira (27), pode ser conferida logo abaixo.
O deputado disse que o episódio serviu de aprendizado. "Como tinha brindado uma taça de vinho com o embaixador antes, às 22h30, num jantar, eu não quis fazer (o bafômetro). Peço desculpas a vocês por isso. Deveria ter feito diferente? Aprendi com esse erro que não posso dar mole? Aprendi. Deveria ter feito diferente, mas estava trabalhando", ressaltou.
Durante a live, a todo momento, Lucas Polese fez questão de destacar que estava em uma agenda de trabalho. E citou ter participado de várias reuniões ao lado do embaixador, entre os dias 3 e 5 de maio, na Grande Vitória e também no interior, com o objetivo de atrair investimentos e fechar parcerias para o Estado. De acordo com o parlamentar, no último dia, após assistir a um concerto da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo, na Ufes, Rashad Novruz quis participar de um jantar com toda a equipe dele, em um restaurante na Praia do Canto, na Capital.
"Em determinado momento desse jantar, o embaixador quis porque quis, com a galera toda lá, brindar uma taça de vinho com o pessoal. E, nisso aí, eu brindei com ele. Eu cometi o erro de brindar essa taça de vinho com ele, trabalhando. Infelizmente, pessoal. Eu estava querendo agradar o cara, trazendo recursos aqui para o Espírito Santo, trazer investimentos, fazer parcerias, ser agradável, ser um bom anfitrião e brindei essa taça de vinho", afirmou o deputado na live.
Polese disse que, como precisava levar os presentes recebidos pelo embaixador, seguiu em um carro oficial para o hotel onde Novruz estava hospedado, também na Praia do Canto. E, durante a live, exibiu um vídeo de sua chegada até a recepção do local. "Tinha que deixar os presentes no hotel dele, para ele viajar no outro dia de manhã. Então, foi nisso aí que eu saí do restaurante e estava indo para o Hotel Sheraton deixar esses presentes".
Em nota enviada na época dos fatos, Polese não havia negado nem confirmado ter bebido naquele dia, mas disse que se negou a fazer o teste do bafômetro após ser orientado por equipe jurídica. No auto de infração lavrado no dia da blitz, ao qual A Gazeta teve acesso, o policial militar descreveu que o parlamentar tinha "odor etílico".
A denúncia contra Lucas Polese na Corregedoria da Assembleia foi feita pela ONG Transparência Capixaba. Segundo relatório do deputado Mazinho dos Anjos (PSDB), relator do caso, não há provas de que Polese tenha cometido alguma irregularidade naquela ocasião, já que nem o deputado nem o setor de Transportes da Assembleia alegaram ter recebido qualquer autuação ou notificação referente àquela blitz. Ele diz ainda que não há nos autos qualquer comprovação da realização de "teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal, mas somente a afirmação de que o agente policial teria descrito 'odor etílico' no momento da abordagem".
O parecer da Corregedoria afirma ainda que Polese estava em agenda oficial recepcionando o embaixador do Azerbaijão, Rashad Novruz. O parlamentar teria apresentado vídeos e outros documentos demonstrando que cumpria agenda de trabalho promovendo "a aproximação entre o Estado do Espírito Santo e o governo do Azerbaijão".
Demandada por A Gazeta, a Assembleia Legislativa informou, na última terça-feira (26), que, até aquela data, a Supervisão de Transportes, responsável pelo contrato de locação de veículos oficiais, ainda não havia sido notificada pela locadora acerca do auto de infração.
A multa chegou para a empresa Localiza, com quem a Casa tem contrato de prestação de serviço de fornecimento de automóveis oficiais. A empresa foi demandada por A Gazeta, mas não se manifestou até a publicação deste texto.
O Detran-ES, por sua vez, informou, por meio de nota, que a notificação do auto de infração de trânsito foi expedida pelo órgão no dia 6 de junho e entregue pelos Correios no dia seguinte, 7 de junho, ao proprietário do veículo – no caso, a Localiza. E acrescenta que a notificação de penalidade foi expedida por meio do Sistema de Notificação Eletrônica (SNE) no dia 24 de agosto, também direcionada à empresa, com a multa tendo sido paga no dia 30 de agosto.
Durante a live desta quarta (27), Polese destacou ainda que o processo arquivado na Corregedoria da Assembleia era por improbidade administrativa. "Seria por eu estar usando o veículo para atividade pessoal e não por ter negado o bafômetro. Isso aí é seara de Código de Trânsito. Eu tenho o direito legal de recusar e eu pago a multa. Tenho a carteira suspensa, faço os trâmites normais. O processo da Ales é por ter usado o veículo ou não para atividade do mandato", enfatizou.
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