O clima esquentou entre os deputados estaduais Capitão Assumção (Patriota) e Bruno Lamas (PSB) na sessão da Assembleia Legislativa desta quarta-feira (17). Oposição ferrenha ao governador Renato Casagrande (PSB), o militar se sentiu ofendido por parlamentares terem repudiado, em uma nota proposta por Lamas, a manifestação realizada por grupos bolsonaristas em frente à casa da mãe do governador, Anna Venturim Casagrande, de 88 anos, no último domingo (14).
Visivelmente nervoso, Assumção usou a tribuna para questionar a declaração do governador de que os manifestantes proferiram ofensas em frente à casa da mãe do socialista, em Vitória. "O deputado (Bruno Lamas) pediu a nota de repúdio baseado numa representação teatral do governador, insinuando que manifestantes legítimos tinham se dirigido até sua casa e falado impropérios e não uma manifestação democrática caçando o governador que fechou tudo", discursou.
Bruno Lamas rebateu e, aos gritos e com o dedo em riste, Assumção se aproximou do casagrandista. Um segurança acompanhou a movimentação de perto. "Quero sugerir ao senhor um tratamento psiquiátrico", provocou Lamas, sem levantar a voz. Tudo foi transmitido ao vivo, pela TV Assembleia.
Assumção afirmou, em discurso, que não havia ninguém na casa da mãe do governador no momento da manifestação dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no último domingo.
"Tinha uma viatura que, se realmente o cara que está para ganhar o Oscar de melhor ator, que é o governador Renato Casagrande, que só faltou chorar no vídeo, se realmente tivesse acontecendo o que ele falou, aquela viatura de policiais militares honrados teria feito uma ocorrência", disse. O deputado chamou os colegas que repudiaram a ação de "hipócritas".
Foi então que Bruno Lamas pediu um aparte na fala do próximo deputado inscrito para falar, o líder do governo na Casa, Dary Pagung (PSB), para defender a nota de repúdio ao ato.
A mãe de Casagrande tem 88 anos e problemas de saúde. Os manifestantes estiveram em frente à casa em que o governador mora com a família e também em frente à casa da mãe dele. A Secretaria de Segurança Pública vai investigar se houve vazamento de informações por parte do setor de inteligência do próprio governo, como afirmou um dos manifestantes em vídeo publicado por Assumção.
"Baixa o dedo que eu não tenho medo de você, não. Seu nome não foi citado, na nota não tem seu nome, está vestindo carapuça à toa", afirmou Lamas, para Assumção. "Quem tem que investigar isso é a Polícia Militar", complementou.
Neste momento, Assumção chega perto de Lamas com gestos e gritos. Um segurança se aproxima dos dois.
O deputado socialista continua: "O senhor faz oposição destrutiva, que aponta o dedo, que agride a deputada Iriny (Lopes, do PT) a todo momento. Quero sugerir ao senhor um tratamento psiquiátrico, que o senhor tenha calma, e um bom cardiologista. Ninguém aqui tem medo de grito, não, capitão. A sua farda não nos assusta. O que nós queremos é respeito ao contraditório, o que nós queremos é paz, sem grito, sem ameaças, sem vestir carapuça. Ninguém citou seu nome", afirmou.
O militar, então, se afastou do colega, mas continuou gritando pelo plenário até que o vice-presidente da Casa, Marcelo Santos (Podemos), que presidia a sessão, se manifestou.
"Solicito a nossa assessoria de segurança para que possa conter os ânimos. Essa é uma casa plural, cada um tem sua opinião, e o parlamento é isso. Mas não se pode perder o respeito, nem de uma parte e nem de outra. Estou aqui como presidente e não permitirei que a gente passe do limite e o limite é o respeito", finalizou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta