Encerrado o segundo turno das eleições 2022, realizado no último dia 30, uma outra disputa já começa a movimentar os bastidores da política no Estado: a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), prevista para o dia 1º de fevereiro de 2023. Alguns nomes começam a surgir como cotados para o comando do Legislativo estadual, enquanto as articulações visando à construção da base de apoio do novo mandato do governador Renato Casagrande (PSB) também avançam.
A nova Assembleia terá uma composição heterogênea, formada por 14 partidos que vão da esquerda à direita, do Psol ao PL, passando por diversos partidos de centro, centro-direita e centro-esquerda, como PP, Podemos, Republicanos, PDT, PSB e PT. Entre os cotados para concorrer ao comando da Ales estão nomes das mais diversas siglas, sendo que todos os parlamentares e futuros deputados ouvidos são unânimes em afirmar que o objetivo será formar uma chapa de consenso.
Nomes como os dos deputados reeleitos Marcelos Santos (Podemos), Raquel Lessa (PP) e Capitão Assumção (PL) são citados como interessados na disputa.
O nome da deputada, por sua vez, surgiu a partir de uma movimentação do PP, que está na base de apoio de Casagrande, compôs a aliança que o reelegeu e gostaria de ser compensado por tudo que abriu mão ao longo das eleições deste ano.
O partido tentou a vaga de vice, mas quem ficou com ela foi Ricardo Ferraço (PSDB). Também tentou lançar o deputado Da Vitória (PP) para a disputa ao Senado com apoio do governador, mas também desistiu para apoiar a senadora Rose de Freitas (MDB), que não obteve êxito.
O PP era cotado nos meios políticos para eleger entre três e quatro deputados estaduais, mas ficou com apenas duas vagas, mesmo número de cadeiras que obteve na Câmara dos Deputados.
A defesa do nome de Raquel, que vai iniciar o seu terceiro mandato em fevereiro e já comandou a Prefeitura de São Gabriel da Palha por duas vezes, seria uma forma de a legenda se fortalecer e também traz como componente de articulação a defesa de uma candidatura feminina para o comando da Ales, algo inédito no período recente do Legislativo estadual.
Prestes a iniciar o sexto mandato consecutivo, Marcelo Santos participou ativamente da campanha de Casagrande e integra um dos partidos que saíram fortalecidos das urnas no Estado. Além dele, o Podemos elegeu dois deputados novatos na Casa (Lucas Scaramussa e Allan Ferreira) e dois deputados federais (Gilson Daniel e Dr. Victor Linhalis).
A partir de 2023, o Podemos só vai perder em número de cadeiras na Assembleia para o PL e o Republicanos, com cinco e quatro parlamentares, respectivamente, e vai ter o mesmo número do PSB.
O desejo de Marcelo Santos de comandar a Assembleia não é novidade para quem acompanha as movimentações do deputado veterano. Por isso mesmo, ele não tem se manifestado sobre o assunto. Tenta, nos bastidores, se cacifar para ser o nome de consenso mais adiante, já que a expectativa é de que as conversas se consolidem a partir de meados de janeiro do próximo ano.
Também na lista de interessados, Capitão Assumção, por ser de oposição ao governador, viu suas chances de encabeçar uma chapa de consenso se desmancharem com a derrota do candidato a governador pelo seu partido e adversário de Casagrande no segundo turno, Carlos Manato.
Também mencionado como um possível nome para a disputa, o ex-prefeito de Vitória e ex-deputado João Coser (PT) afirmou, em nota, que seu objetivo é "contribuir para a construção de um movimento amplo para discutir os desafios do desenvolvimento do Estado e debater políticas públicas que possam avançar para além do que já foi feito no governo Casagrande com envolvimento de todo o Poder Legislativo Estadual".
O petista garante que o debate da composição da Mesa Diretora da Assembleia se dará nesse contexto e "em tempo oportuno".
O discurso é bem similar ao de outros dois aliados do governador, o atual líder do governo, Dary Pagung (PSB), que vai iniciar seu quinto mandato no ano que vem, e o novato em mandatos Tyago Hoffmann (PSB), que já participou das articulações da eleição para presidente da Assembleia anteriormente, mas no cargo de chefe da Casa Civil.
Para o líder do governo "é importante para a Assembleia e para a sociedade uma chapa de consenso" e assegura que a sua atuação vai ser nesse sentido.
Já Hoffmann, que também foi citado como uma possibilidade para o comando do Legislativo estadual, ressalta que seu papel no momento é articular a formação da base de apoio do novo governo Casagrande.
"Meu diálogo com os deputados será nessa linha, para que o governador possa contar com uma Assembleia harmônica com o Poder Executivo", assegura.
Questionado se o fato de ser filiado ao PSB, mesmo partido do governador, poderia atrapalhar qualquer pretensão na disputa, Hoffmann afirma que "quem é candidato agora está fora do tempo". Ele também destaca que o debate sobre a eleição da Mesa Diretora não tem relação direta com partidos, pois mesmo quem disputou a eleição em legenda que não estava na aliança do governador poderá ter chances.
"Acho que a questão de partido não influencia, mas acho que não é momento de definição de nomes. No momento, não sou candidato a nada. Estou dialogando com os deputados para construir uma base ampla de apoio ao governo", reitera o deputado estadual eleito.
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